domingo, 7 de junho de 2009

096 - José Afonso " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

"Cravo"
Foto "Meu Jardim" LuisD
*
JOSÉ AFONSO
"Zeca Afonso"
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos
Nasceu em, 02 de agosto de 1929, signo de leão.
Aveiro, Portugal
cantor, compositor, poeta, morou em Coimbra, 1940, e viveu
em Angola e Moçambique. Esteve preso por diferenças
políticas, se envolveu na "Revolta dos Cravos", 1974. . .
Homenagens: Foi criado o Prémio "José Afonso"
Prémio "Internacional de Folclore da Academia
Fonográfica Alemã". . .
Faleceu, 23 de fevereiro de 1987.
*
CANTOePALAVRAS
Praça da Canção, 1965; Cantares, 1967;
Cantar de Novo, 1970; Textos e Canções, 1983 . . .
*
I
Plantei a semente da palavra
Antes da cheira matar o meu gado
Ensinei ao meu filho a lavra e a colheita
num terreno ao lado
a palavra rompeu
Cresceu como a baleia
no silêncio da noite à lua cheia
Vi mudar estações
Soprar a ventania
Brilhar de novo o Sol
sobre a baía
Fui um bom engenheiro
Um bom castor
Amei a minha amada
Com amor
De nada me arrependo
Só a vida
me ensinou a cantar
esta cantiga
Ilustração livro "Pupilas do Senhor Reitor"
Roque Gameiro pintor português.
- 
Feiticeira
Mãe de todos nós
Flor da espiga
Maldita para tiranos
Amorosa te louvamos
Tens mais de um milhão de anos
Rapariga
-
Quando o lume nos aquece
no grande frio de Inverno
Vem até nós uma prece
Que assim de longe parece
Uma cantiga
-
Magistrada
nossa natural
Vitoriosa
Curandeira dos aflitos
Amante de mil maridos
Há mais de um milhão de idos
Tormentosa
-
quando a fera encarcerada
Que dentro de nós suplanta
quebra a gaiola sozinha
Voa voa endiabrada
Uma andorinha.
*
JOSÉ AFONSO
"Alegria da Criação"
Textos e Canções
Idem da última "Ilustração"


*
II
cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo mas irmão
Capital da alegria
-
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu
desafio.
-
Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?
*
JOSÉ AFONSO
"Utopia"
Textos e Canções"
*
III
Fui à beira do mar
Ver o que lá havia
Ouvi uma voz cantar
Que ao longe me dizia
-
Ó cantador alegre
Que é da tua alegria
Tens tanto para andar
E a noite está tão fria
-
Desde então a lavrar
No meu peito a Alegria
Ouço alguém a bradar
Aproveita que é dia
-
Sentei-me a descansar
Enquanto amanhecia
Entre o céu e o mar
Uma proa rompia
-
Desde então a bater
No meu peito em segredo
Sinto uma voz dizer
Teima, teima sem medo.
*
JOSÉ AFONSO
"Fui à Beira do Mar"
Textos e Canções
(Mais Poemas . . . "O CANTO . . . do Encanto das
. . . PALAVRAS", pág. 188; NEGRAS CAPAS . . .
POETAS DE COIMBRA", pág. 196).





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