sábado, 27 de junho de 2009

071 - "OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


LÊDO IVO
Nasceu a 18 de fevereiro de 1924, Maceió, Estado de
Alagoas, Brasil.
Poeta, morou no Rio de Janeiro, onde formou-se em
Direito, pela Faculdade de Direito, da "Universidade
do Brasil", 1949. . .
Homenagens: Premio "Jabuti", 1973 e 2001
Premio "Juca Pato", 1990 . . .
Faleceu em 23 de Dezembro de 2012, Sevilha, Espanha.
*
CANTOePALAVRAS
*
As Imaginações, 1944; Ode e Elegia, 1945;
As Alianças(romance), 1947; O Caminho sem Aventura
(romance), 1948; Acontecimento do Soneto, 1948;
Ode ao Crepúsculo, 1948; Cântico, 1949;
Ode Equatorial, 1951; Linguagem, 1951;
Acontecimento do Soneto e Ode à Noite, 1951;
Um Brasileiro em Paris e o Rei da Europa, 1955;
O Preto no Branco (ensaio), 1955;
A Cidade e os Dias (cronicas e histórias), 1957;
Magias, 1960; Ladrão de Flor (ensaios), 1963;
Estação Central,1964; Poesia Observada, 1967 . . .
*
I
Nem de praia nem de brisa
nem de cossantes abstratas
és, se dormes: fraga e pampa
voam, são paisagens novas.
-
E por isso aqui me tens
muito mais triste que as feras,
mais faminto que as serpentes
de metamorfoses puras.
-
E por isso aqui me vês
incompleto como as vidas
que os dias não modelaram:
sonhando sempre, e esquecendo.
-
Pois que o sonho, minha filha,
é igual ao mar das salinas.
Sugado ao Sol,evapora-se,
e seu refugo é que brilha.
*
LÊDO IVO
"Mirante"
*
II
Vou sempre além de mim mesmo
em teu dorso, ó verso.
O que não sou nasce em mim
e, mascara mais verdadeira
do que o rosto, toma conta
de meus símbolos terrestres.
Imaginação! teu véu
envolve humildes objetos
que na sombra resplandecem.
Vestíbulo do informulável,
poesia, és como a carne,
atrás de ti é que existes.
E as palavras são moedas.
Com elas, tudo compramos,
a árvore que nasce no espaço
e o mar que não escutamos,
formas tangíveis de um corpo
e a terra em que não pisamos.
-
Se inventar é o meu destino,
invento e invento-me. Canto.
*
LÊDO IVO
"O Ofício de Viver"
Cântico
*
III
Brancas formas que o tempo
cobre de pátina
e a noite higieniza
ninfómanas impregnadas de patético se dar
Nuas, se abandonam à noite que as requesta
falando talvez em linguagem de nuvem
e se insultando com palavras azuis.
nunca estremecem ou gritam
esses pássaros
feitos da substância antiga do soneto.
Mudas, mas sempre em vôo, esperam sempre.
*
LÊDO IVO
"As Estátuas"
Cântico
Linguagem
*
IV
As minhas esquivanças vão ao vento
alto do céu, para um lugar sombrio
onde me punge o descontentamento
que no mar não deságua, nem no rio.
-
Às mudanças me fio, sempre atento
ao que muda e perece, e ardente e frio,
e novamente ardente é no momento
em que a luz o desejo, poldro em cio.
-
Meu corpo nada quer, mas a minh'alma
em fogos de amplidão deseja tudo
o que ultrapassa o humano entendimento.
-
E embora nada atinja, não se acalma
e, sendo alma, transpões meu corpo mudo,
e aos céus pede o inefável e não o vento.
*
LÊDO IVO
"Soneto das Alturas"
Acontecimento do Soneto

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