sábado, 13 de junho de 2009

091 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

RIBEIRO COUTO
Rui Ribeiro Couto
Nasceu em 12 de março de 1898, signo de peixes,
na cidade de Santos, Estado de São Paulo, Brasil.
Estudou, na Faculdade de Direito de São Paulo, foi
para Rio de Janeiro, lá doutorou-se na Faculdade
de Ciências Jurídicas e Sociais.
Pertenceu à "Academia Brasileira de Letras"
Participou da "Semana de Arte Moderna", 1922.
Diplomata em Holanda, França, Bulgária
e Portugal. . .
Estilo Modernismo.
Faleceu a 30 de maio de 1963.


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CANTOePALAVRAS
O Jardim das Confidências, 1921; Poemetos de Ternura
e de Melancolia, 1924; Um Homem na Multidão,1926;
Canções de Amor, 1930; Noroeste e outros Poemas
do Brasil, 1933; Correspondência da Família, 1933;
Província, 1934; Cancioneiro de D. Afonso, 1939;
Cancioneiro do Ausente, 1943; Dia Longo, 1944;
Entre Mar e Rio, 1952; Longe, 1961;
Cabocla(romance), 1931; Clube das Esposas
Enganadas(conto), 1933; Baianinha e
Outras Mulheres, 1927. . .
*
I
Um dia, quando eu já não for,
Não terá rosas a roseira
Junto à morada derradeira
Em que eu só serei morador.
-
alguns amigos saberão
Onde é que me fiz de escondido,
virão chamar-me pondo o ouvido
Rente à roseira desse chão.
-
Que venhas tu, mas bem depois.
Onde quer que eu esteja morto
Não há de faltar-te conforto,
Bastante espaço para dois.
-
E a roseira florindo então
Perderá o jeito enfermiço;
terá rosas em pleno viço
E sempre algumas em botão.
*
RIBEIRO COUTO
"Rosas de Todo Ano"
Longe

II
Sua cidadezinha... As estreitas ruela
Que estão sempre a evocar, que estão sempre caladas...
E onde os passos de alguém atraem às janelas
Os curiosos, por trás das cortinas cerradas.
-
E a praça da Matriz... E as novelas singelas...
E o lento desfilar das velhinhas curvadas
Nas procissões do Senhor Morto, erguendo velas...
E os rapazes do andor a olhar as namoradas...
-
Sua cidadezinha... A farmácia... A tristeza
Da garoa a cair, fina como farinha,
quando o inverno vinha enfastiar a natureza...
-
E o seu amor... A noiva ingênua que ele tinha,
Que lia Jorge Ohnet, pequenina e burguesa,
Sonhando ser feliz noutra cidadezinha...
*
RIBEIRO COUTO
"Cidadezinha"
Poemetos de Ternura e de Melancolia

III
Qualquer coisa chora
Pelo mar aberto:
São vozes de outrora.
-
Pelo mar aberto,
Assim é que eu tinha
Meu reino encoberto.
-
A noite e a distância
É tudo que vinha
Ninar minha infância.
-
Cantiga ou soluço?
Sobre o mar deserto
Em vão me debruço.
-
Em vão me lamento:
Pelo mar disperso
Meu reino é de vento.
-
Pelo mar antigo
O reino submerso
Morrerá comigo.
*
RIBEIRO COUTO
"melopéia"
Cancioneiro do Ausente

IV
Músico fino em demasia
Para a gente da sua aldeia,
Viu que ali de nada servia
E foi tocar em terra alheia.
-
Mas é na aldeia que ele pensa
Ao choro simples da sanfona:
Passem anos na estrada imensa
Que a saudade não o abandona.
-
Bom filho, então muito falado,
Por fama do instrumento triste,
na velha aldeia é recordado
Como alguém que já não existe.
*
RIBEIRO COUTO
"O Sanfoneiro"
Longe

V
Um verso triste faz minha alegria,
Tenho a felicidade na mão cheia,
Nada mais vejo do que me rodeia,
Desperta em mim tudo que então dormia.
-
Um verso triste muda a cor do dia
E é logo noite que o luar clareia,
O sangue amortecendo em cada veia,
Não sei por onde vou e quem me guia.
-
Um verso triste leva-me distante,
A um país em que é tudo harmonioso,
A nenhum que conheço semelhante.
-
Um verso triste faz minha alegria,
Mas tantas coisas doem nesse gozo
Que é só tristeza que no verso havia.
*
RIBEIRO COUTO
"Um Verso triste"
Longe
*
(Mais Poema "Donde Borbota Minha Saudade, 2", pág. 194)

"Meu Jardim" Natureza, Foto LuisD.


PEDRO KILKERRY
Nasceu a 10 de março de 1885, signo de áries,
Santo António de Jesus, Estado da Bahia, Brasil.
Doutorou-se em Direito, Na Universidade da Bahia.
Faleceu em 25 de Março de 1917, Salvador, Estado da Bahia, Brasil
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
*
Por que, à luz de um Sol de Primavera,
Uma floresta morta? Um passarinho
Cruzou, fugindo-a, o seio que lhe dera
Abrigo e pouco e que lhe guarda o ninho.
-
Nem vale, agora, a mesma vida, que era
Como a doçura quente de um carinho,
E onde flores abriram, vai a fera
- Vidrado o olhar - lá vai pelo caminho.
-
Ah! quanto dói o vê-la, aqui, Setembro,
Inda banhada pela mesma vida!
Floresta morta a mesma cousa lembro;
-
Sob outro céu assim, que pouco importa,
Abrigo a fera, mas, da ave fugida,
Há no meu peito uma floresta morta.
*
PEDRO KILKERRY
"Floresta Morta"
 
EDISON MOREIRA
Edison Crisóstomo Moreira
Nasceu em 1919, São Francisco da Glória,
Estado de Minas Gerais, Brasil.
Poeta, jornalista. Diplomado em Letras . . .
Homenagens:
Premio "Othon Bezerra de Melo" Academia Pernambucana
de Letras, Brasil . . .
*
CANTOePALAVRAS
Duração do Dia; Teatro do Êxtase; Manual do Poeta;
Cartas Pônticas; Cais da Eternidade, 1951;
Tempo da Poesia, 1962 . . .
*
I
Leve e bela
rosa branca
como um verso
de Florbela
Espanca.
-
era joia ave mansa
luz dourada,
claraboia
de esperança.
-
hoje ao tê-la
por perdida,
ela é apenas
uma estrela
decaída.
*
EDISON MOREIRA
"Canção Perdida"
Tempo de Poesia
*
II
Ás vezes, em meu sonho bandoleiro,
fico a evocar, entre o vinho e o trigo,
do bojo da guitarra prisioneiro,
O Portugal cavalheiresco e antigo.
-
Em cantares d'amores e d'amigo,
brilha em minh'alma um lugar de cancioneiro
e a cada herói daqueles tempos sigo
no destino de poeta e cavaleiro.
-
Lá fora chove e esta cantiga d'água
dá-me a presença intemporal e fria
de poetas que reavivam minha mágoa.
-
E aqui me deixo estar, sozinho e pobre,
bebendo o vinho da melancolia
na taça em que bebeu António Nobre.
*
II
Traga-me, meu amigo, aquela taça
que de um velho passado me aproxima,
corra em seguida à minha adega e faça-a
cheia do vinho da melhor vindima.
-
Traga-me aquela dádiva de estima
que pertenceu à flor da minha raça.
Quero beber à inspiração, à rima,
à poesia, à mulher, ao sonho, à graça . . .
-
Vem de ti, Portugal sonoro e rude,
esse misto de frauta e da alaúde
em que estilizo estas canções antigas,
-
e essa ternura de fontes,
que descem a rolar de Trás-os-Montes
em soneto, baladas e cantigas . . .
*
EDISON MOREIRA
"Soneto a Portugal"
Tempo de Poesia

"Meu Jardim"orquideas, Foto  LuisD
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