segunda-feira, 29 de junho de 2009

066 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "




ELOISA PEREIRA
Eloisa Menezes Pereira
Nasceu a 09 de abril de 1952, signo de áries.
Brasil . . . .
Professora de Lingua Portuguesa . . .
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . .

 "Meu Jardim" Foto LuisD.

*
Corpos delirantes
Arrepiam-se de desejos
Sonhando com o encontro
Festejam confiantes.
-
Carícias navegam ao prazer
Ancorando no deleite
Respiram cumplicidade
Fantasiando ao fazer.
-
Faixa da exclusão
-
Colmeias exóticas da civilização
Dominam os preconceitos
Investimentos na opressão
Aleijão os afeitos.
-
Representação documentada
Arraigada à escravidão.
Favorece abandonada
A elevação da transformação.
-
Inspiração na História
Escondem a aceitação
fortalecendo a memória
Limitam o cidadão.
*
ELOISA PEREIRA
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LINA TÂMEGA DEL PELOSO
Lina Tâmega Peixoto del Peloso
Nasceu a 05 de junho de 1931, signo de gêmeos.
em Cataguases, Estado de Minas Gerais, Brasil.
Doutorou-se em "Letras Clássicas", na Pontifícia
Universidade Católica, 1955, Rio de Janeiro.
Poeta, professora, participou em diversas revistas. . .
*
CANTOePALAVRAS
Algum Dia, 1952; Entretempo, 1983 . . .
*
I
Se me visses agora,
sentada e amorosa,
com um pouco de flor
no jeito e no aroma,
-
se visses como sou frágil
e infinita na postura de sonho,
orvalhando a saudade
que não tem fim na madrugada,
-
se visses o tímido amor
encerrado em meu peito em fogo,
e a luta densa e constante
entre mandar-te bom-dia e um beijo,
-
se visses, por certo nada mais verias
que este ardido gesto me despindo.
te espero e te afasto na tremura
de flor enlaçada pelo vento.
*
LINA TÂMEGA DEL PELOSO
"Se me Visses Agora"
Entretempo
*
II
Quando te vejo,
ainda sou menina.
Murmuro teu nome
e treme tanto a boca
nas malhas do sussurro!
-
Quando vou te lembrando,
o vazio em torno de mim
vai-se aconchegando,
e, se estende os braços,
não te alcanço.
-
Gastei tudo quanto tinha
de amoroso gesto
e quando devia falar-te
disse apenas: boa-noite.
-
Não digas nada.
Vem a mim
como haste ao encontro da fruta.
*
LINA TÂMEGA DEL PELOSO
"Quando Te Vejo"
Entretempo
*
III
Será a palavra
um breve tremor do corpo
que salta com alvura tímida
sobre o mundo
e oscila as coisas
com a suavidade de trapos?
-
Será a palavra
iluminária de um pretérito
signo mais que perfeito
de um espaço
cúmplice e indecifrado?
Escamas do tempo
que ferem a palma da mão
com tatuagens?
-
Será a palavra,
com que amor
vai-se amando,
escassez de amar
se tantas vezes se reparte
em estilhaços
no que vai sendo amante?
-
Será a palavra
arrepios de espasmo
ou será a sombra desta palavra
que transita sob o poema?
*
LINA TÂMEGA DEL PELOSO
"Da Palavra"
Entretempo
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NINA TUBINO
Nina Maria Harres Tubino Rangel de Freitas
Nasceu em 18 de dezembro de 1933, signo de sagitário.
Taquari, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Poetisa, professora, jornalista . . .
Participou em jornais . . .
Academia de Letras. Distrito Federal;
Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul . . .
*
CANTOePALAVRAS
A Saga de Um Imigrante Alemão;
O Infante e a Saga Portuguesa . . .
*
Portugal, porta florida
Da Europa ancestral.
Portugal, esquina bravia
onde o Continente se dobra
aos caprichos do mar.
Onde o vento assobia
cantigas do mar.
-
Tens a esquina famosa
e nela plantaste o destino do mundo.
Nela, um homem ousou sonhar
e levantar velas brancas
rumo ao mar.
-
Daquele promontório,
de olhos fitos no horizonte,
e gênio das navegações
vislumbrou um mundo novo.
E sonhou, e lutou,
lutou contra gentios.
Lutou contra os ventos,
lutou contra as águas
e venceu!
-
Deus foi chamado
e se fez presente
e de presente lhe deu
toda a coragem,
toda a verdade, toda a glória.
-
O homem que ousou sonhar
e realizou o feito lusitano
vestia um burel de frade,
tinha a cruz no coração
e no olhar a firme determinação:
Vencer o mar, ver crescer Portugal.
*
NINA TUBINO
"Sagres"
O Infante e a Saga Portuguesa
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ALICE DAMAZIO NANTES
Alice Maria Nantes(pseudônimo)
Nasceu a 17 de dezembro de 1923, signo de sagitário
Matão, Estado de São Paulo, Brasil.
Participou de revistas e jornais . . .
*
CANTOePALAVRA
O Melhor d'O Boêmio, 1996. . .
*
Casarão grande, esquecido pelo tempo,
As paredes querendo cair sem amparo,
Lá estavam as árvores frondosas
Dando esperança de
Que um dia se recuperassem,
Dandouma aparência de bela
E o jardim florescendo de novo.
-
Mas a chuva danada não veio.
As flores nos canteiros querendo abrir,
Mas o frio malvado não deixou
Que nada brotasse.
As gramas do Casarão pareciam mortas,
Tristes, porque o tempo destruía tudo,
Esperando que lá de cima
Alguém visse tanta tristeza.
-
Mas nem mesmo a chuva chegou,
Nem as flores se abriram.
As árvores pareciam dizer adeus
A tudo,
O Casarão caindo, uma parede aqui,
Outra lá, até que tudo desmoronou
E o Casarão ficou esquecido
Para sempre.
*
ALICE DAMAZIO NANTES
"Casarão"
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ELZA CAPANEMA LEITÃO
Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil
Poetisa, escritora, tradutora . . .
*
CANTOePALAVRAS
Canção do Amor Absoluto, 1976; Sutilezas . . .
*
Aqui estou, Senhor,
na última escalada!
De pedra em pedra
subi, quase toda a montanha.
Tenho rotas as vestes,
e as mãos ensanguentadas,
invadindo-me o calor,
das longas caminhadas!
A brisa passa por mim,
não me refresca,
e a corda que me sustenta
nem sempre dá segurança
É bom parar e olhar
obstáculos vencidos!
Ali, falta uma pedra
que a minha teimosia tirou.
Mais adiante, a marca
que a ingratidão deixou!
Olhei o abismo
e ele me chamou!
Ah! . . . Como me feriu a ignorância!
Tive dias de angústia
e isolamento
Descri de tudo
e as forças me faltaram!
Mas a fé me socorreu
e descansei em seus braços! . . .
Tracei novos caminhos
e prossegui chorando! . . .
Penso no início.
Quando eu retinha a esperança
e a mocidade cantava! . . .
Ah! verdes campos,
sussurro de rios,
que amei e amo,
pois de amor sou feita!
O vento geme em meus ouvidos,
me torturando!
Mas irei prosseguindo . . .
Diviso agora a chegada!
Meu coração marca o compasso
do meu canto triunfal! . . .
Lá chegarei! . . .
E, então tudo será presente!
Minha infância feliz,
meus lindos sonhos.
Meus amores e a luz!
E tu Senhor,
não estarás ausente!
Porque és a força
em mim, sempre presente!
Quando sorrirei
ou chorarei ainda?
Pouco importa agora!
▬ Avante! Minha Alma!
Comanda este corpo,
que o passado e o presente
estarão juntos,
nesta última
escalada! . . .
*
ELZA CAPANEMA LEITÃO
" Última Escalada"
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ÂNGELA MELIM
Nasceu em 1952, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil . . .

CANTOePALAVRAS

As Mulheres gostam muito, 1970; O vidro o nome, 1974; Das tripas coração, 1978;
Vale o escrito, 1981; Poemas, 1987; Mais dia menos dia, 1996;
*
vi tanta coisa no mundo, tanta.
E sei que há muito mais para ver.
Perto do que há,
o tanto que vi é pouco, tão pouco, ínfimo.
Não chega aos pés do que falta.
Mas agora não quero ver nada, mais nada.
Neste momento.
Estou cansada.
-
Vi  tanta coisa no mundo, tanta.
Mas continuo criança. Boba.
Os olhos espantados, abertos.
Sem criar casca.
Oferecendo este lago do peito-
este lago à flor da pele, embora vaso
comunicante com o fosso fundo - 
a qualquer faca.
Pop isso estou cansada.
tudo está inscrito em pedras-logogrifos,
em acetat, chips, imagens de video,
sequências sensuais de sons e ritmos latinos
e latidos secos, saxônicos,
na voz de pessoas queridas -
vozes quentes,
nas suas opiniões ao vivo e também 
nas que elas imprimem nos jornais,
na dor que reavivam  as opiniões malignas
até mesmo quando não são poderosas,
em milhares de milhões de páginas lidas.
tudo isso remói, revolve, convulsiona
mar bravio de potentes motores  recônditos
correntes ascendentes, descendentes, centrípetas, centrífugas simultaneamente
e seus raros engates casuais que acionam o silêncio.
tão raros. tão desejados.
(Porque é penoso aprender e nem sempre se aprende a fluir
com as correntes, como todos sabemos).
-
O silêncio vem em paz com a missão cumprida.
Com o amor bom.
Vem com as palavras bonitas que aprendi, que reuni, que combinei
com as palavras que quero mostrar
que tenho que  mostrar
- sua respiração,
sua música -
que aprendi porque vi
tanta coisa no mundo.
*
ANGELA MELIM
¨Faca na água¨

▬▬▬
GLÓRIA REGINA F. MELLO
Nasceu a 30 de maio de 1954, signo de Gemeos.
Rio de Janeiro, Brasil.
Pela Faculdade de Direito da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro, Brasil se formou em Direito. . . .
*
CANTOePALAVRAS
Bordados de Penélope, 1992 . . .
*
e substantiva
há a lágrima
lambível gota
no mar de sal intenso
mulher
na face da vida
menina
na dos reflexos
e um não mais dizer
das fantasias noturnas
estrelas diuturnas
segmentadas
desprateadas
ao invocar do Sol
beber calor
e no unir das pontas dilaceradas
por amor
tomar a cor das terras semeadas.
*
GLÓRIA REGINA F. MELLO
"Semeadura"

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