sexta-feira, 26 de junho de 2009

073 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


FERNANDO FERREIRA DE LOANDA
Nasceu a 19 de setembro de 1924, signo de leão,
em Luanda, Angola, África.
Poeta, veio para São Paulo, Brasil.
Participou da revista "Orpheu". . .
Faleceu em 2002, Rio de Janeiro, Brasil.
*
CANTOePALAVRAS
Panorama da Nova Poesia Brasileira, 1951; Equinócio, 1953;
Do Amor e do Mar, 1964; Antologia da Nova Poesia
Brasileira, 1965 e 1967 . . .
*
I
A laranja amadurecida, em silencio,
pende dourada e tomba qual poema
definitivo.
-
Poemas há que jamais nascem:
não foram flor.
A águia desce, célere,
para permanecer e sobreviver;
a sombra assusta e esconde o Sol
à vitima. Morta,
os diminutos a diluirão,
inconscientes de tempo.
Somados os dias,
Homero se fragmentará.
-
Amadurecido amor, o verão
é a plenitude obsequiosa
à solicitação;
o caminho é o outono,
depois a morte.
-
Grávidos, os frutos ensolarados
deixam antever, em seus
subterrâneos, lagartas
miúdas e medonhas.
*
FERNANDO FERREIRA DE LOANDA
"Verão"
Do Amor e do Mar
*
II
Assobiam-nos, vindos de um sul
frígido, ventos
que nos queimam a boca e as rosas;
o beija-flor enrijece,
a água congela e tolhe o peixe.
Mas o homem permanece - e é necessário
que seja lembrado numa estátua -
desvia rios, abre canais, constrói cidades,
voa e nada.
-
E procria sem necessitar da primavera.
*
FERNANDO FERREIRA DE LOANDA
"Inverno"
Do Amor e do Nada
*
III
Sou anônima areia, pedra, cacto, palavra,
mas amigos, três ou quatro, subam as escadas,
não façam cerimônia, abram as portas, escancarem as janelas,
sirvam-se de madeira e desculpem-me a sobriedade
dos móveis e dos gestos:
morro amanhã.
-
Há quem, com a morte, carregue segredos e as
mãos sujas de sangue, de dinheiro; eu, não.
Há quem, com a morte, invente dialetos que justifiquem
frustações; eu, não.
Há quem, com a morte, interrompa o fabulário; eu, não
-
Oh, morrer de amor, de ameba, ambarino, embaixador e de mágoa,
entre um auto desfeito, de enfarte, de abismo, esdrúxulo,
apunhalado pelo marido da amante!
-
Amor, amar, viver, amar o amor, amar a vida,
e assobiar, no destêrro das madrugadas,
fragmentos de melodias que me ficaram de uma outra existência.
-
Do terraço olharemos a Lua debruçada sobre o mar.
E por quanto tempo? Areia de que praia, pedra de que fraga,
cacto de que solidão, palavra de que vivência?
*
FERNANDO FERREIRA DE LOANDA
"Poema"
Do Amor e do Mar
*
IV
Enxada no ombro,
no centro do mundo
João olha planície
e, sonhando, sonha-se.
-
Tem fome, vermes,
e um desejo - revolta - 
que o íntimo não sabe
traduzir. Saberá.
-
O Sol tomba e arrefece;
as sombras no milharal
correm céleres como galgos
encharcados.
Anoitece.
*
FERNANDO FERREIRA DE LOANDA
"O Espantalho"
De Amor e do Mar
*
V
As grandes cidades industrializam a solidão.
Frustada é a busca de amores fragmentados para justificar, justificar-se,
um desajustamento ou insuficiência.
-
As grandes fábricas de cigarros continuam faturando sobre a solidão,
não pedem concordata as de bebidas.
Os homens e os ônibus rosnam e desgastam-se;
as árvores, despaisadas, se desfiguram, e suas raízes, como liames,
sob o asfalto, agonizam sem um lamento.
-
Liquefaz-se a  burguesia e se dilui
na límpida linfa: turva-a,
e o rascante estimula meu grito.
Bate rijo o vento nos frutos verdes;
maduros tombam.
-
Há quem procure a vida nas praças, na orla marítima, nos hospitais
- alguns, já condenados, apodrecem, outros vegetam.
A morte - quem a disse inverossímil como um premio lotérico? -
chega pontual
por telefone ou telex.
-
Morrem todos os passageiros de um avião que tomba,
em edifício desaba, vira tocha humana a mulher do corneteiro.
Mil crianças, cifra redonda, morrem diariamente  de fome:
jogamos futebol, queremos dormir com a aeromoça, vamos ao cinema, 
coçamos os pés na praia.
- Deixo o bigode ou não?
-
A nossa tragédia só a nós nos diz:
aos demais, é manchete de jornal.
*
FERNANDO FERREIRA DE LOANDA
"Poema do Nó Górdio"*
* Nó górdio. Lenda que envolve o Rei da Frigia (Asia Menor)
e Alexandre "O Grande"...
*
VI
Não me expliquem:
prisma, de mil faces,
sou insondável, abissal.
-
A poesia não é um espelho;
é um estado momentâneo.
Se me retrato, logo me desdigo,
transfiguro-me, horizontalizando
minhas emoções e incertezas.
-
Amo o imprevisto,
dói-me o que adivinho;
não me ofereçam banquetes mastigados.
-
A clareza não a tenho à superfície;
é necessário uma faca para fazê-la flutuar;
vão ao cerne; sou quarto crescente na lua cheia.
-
Não me expliquem pelas palavras,
pelo bigode nem pelo cachimbo.
*
FERNANDO FERREIRA DE LOANDA
"Poema para os Estudiosos e Biógrafos"
Do Amor e do Mar
AFONSO VAZ VASSOA
Nasceu em 19 de março de 1966, signo de peixes.
Cidade de Nampula, Moçambique, África Oriental.
Poeta, professor de desenho, funcionário público . . .
Universidade Eduardo Mondlane (U.E.M.) Maputo, Moçambique
cursou Desenho, 1985. Morou no Brasil, na Faculdade de
Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
graduou-se em Comunicação Social - Habilitação em Relações
Públicas . . .
*
CANTOePALAVRAS
África:
O Berço da Humanidade e A Fonte da Eternidade, 1999.
*
I
Meu nome é ÁFRICA
Se você é pessoa pacífica
e me conhece só através de imagens estereotipadas,
passadas pela mídia internacional ou do teu país,
venha, descubra e viva o meu lado não (re)conhecido.
-
Se você é daquelas que me associa
sómente com guerras, fome, miséria e devastação,
venha e conheça a minha face ainda não divulgada.
-
Em vários cantos meus,
você encontra culturas ricas e encantos
que enriquecem seus conhecimentos e espantam vícios,
através de campos, cidades, pessoas, edifícios.
No interior, no litoral,
nas ilhas, na terra, na água, na vegetação, nos parques.
Nos museus, nas igrejas, nas mesquitas, nos sorrisos.
No moderno, no tradicional.
-
Paisagens saudáveis
que causam bem-estar e sensações infindáveis.
gente humilde que me habita e me protege com arte.
Gente que trabalha, respeita, sonha e se diverte.
Gente que acredita na cooperação
e na construção de um mundo melhor, em ascensão.
Gente que conhece a força e o valor da natureza.
Sou ÁFRICA
Sou pacífica.
Convido você, pessoa pacífica, a visitar a minha proeza.
*
AFONSO VAZ VASSOA
"Convite"
África: O Berço da Humanidade e A Fonte da Eternidade.
*
II
Ontem,
a Natureza viveu em harmonia com ela mesma
graças à interatividade sadia de todos os elementos.
Amanhã,
a Natureza só viverá em harmonia com ela mesma,
se hoje
houver interação e cooperação de todos os componentes.
-
O Homem só continuará sendo Homem neste universo,
se profecia pela interação e cooperação reinar neste berço,
em todos os ângulos da sua existência, acima de seus tetos.
Para isso, Ele precisa eliminar preconceitos,
procurar conhecimentos multiangulares com proeza
e cultivar amor pelo próximo e pela Natureza.
-
O humano deve, acima de tudo, na atual Idade,
ter respeito pela diferença e pela relatividade.
Hoje, o mundo é grande, individualista e maléfico.
Amanhã, o mundo poderá ser pequeno, unitário e benéfico.
-
A natureza ensina,
e o humano assina:
o mundo só poderá ser pequeno, unitário e pacífico,
se o Homem entrar no século XXI sem maldades,
respeitando o alheio, as diferenças e as relatividades;
pregando a cooperação material e imaterial como princípio.
-
Na natureza de que a palavra de Deus prega a união,
através de famílias e escolas da paz, humanos se entenderão.
Pela humanização na Terra, o mindo trabalhará para isso,
e pessoas jamais precisarão morrer para conhecer o paraíso.
*
AFONSO VAZ VASSOA
"Lições da Natureza"
África: O Berço da Humanidade e a Fonte da Eternidade
*
III
Preciso continuar voando cada vez mais alto
e fortificar radares do meu alto-falante a Tempo.
Só assim ajudarei a encontrar peças-volante
que concretizarão o sonho de ver África nas alturas,
exibindo, para o mundo inteiro, vibrações sonoras
de uma bandeira única de Paz, Amor, Liberdade,
Educação, Cultura e Progresso.
-
Há anos que não sinto meus pés sobre o chão,
e isso me encanta na dança de pomba e rosa.
Mas o Mestre da vida me alerta na roça:
sou um executivo nato, com peito aberto e imortal,
com asas calejadas, mas carentes de revolução floral.
O Mestre da vida ainda me alerta no Ar:
preciso de asas certas com fórmulas certas no par
que possam me manter voando cada vez mais alto
e evitar que panes e colisões me atrapalhem no salto.
-
Preciso continuar voando cada vez mais alto
e fortificar radares do meu alto-falante a Tempo.
Mas o Mestre da vida me alerta nolibido:
devo voar sempre com o coração aberto e limpo,
sem usar guarda-chuva de pernas para o ar,
porque chuva ascensional vitamina o imortal.
-
Trata-se de uma posição natural
para quem é circular
e conduzido, simultânea e permanentemente,
por sentimentos e pensamentos supermitológicos à frente.
-
Nos meus vôos,
estou sempre acompanhando por olhos
cheios de razões, emoções, mitos e ritos,
que se amarram numa supermitologia de gritos.
-
Através de supermitologia de gritos,
olho para a mágica das setas no espelho
e vejo imagens de duas nuvens no meu íntimo vermelho.
Imagens de almas que respiram no meu peito silencioso
e fazem movimentos, sabores e aromas inversos no laço.
Enquanto uma sai lentamente com aroma da decepção,
a outra entra profundamente com sabor do coração.
-
São imagens com movimentos lentos, opostos e irrersíveis,
que ensinam a respeitar setas invisíveis
e acompanhar nuvens que respiram, sentem e pensam.
Movimentos de imagens que cheiram, choram e olham.
Movimentos que gritam e jorram águas do passado
e abrem alas para sentimentos de um futuro infinito.
Movimentos de angústia e fantasias rumo ao abismo
que espantam pesadelos seculares do meu comodismo.
Movimentos de esperança que se transformam em certezas
e me ajudam a ter asas certas com fórmulas certas.
-
Cedo ou tarde, cada imagem estará no seu devido lugar.
(E aqui reside um dos pontos fracos do humano:
não respeita o valor de colocar as coisas nos devidos lugares.
Por isso, muitas vezes, escorrega e provoca conflitos fatais).
Mas, neste coração, cabeça e supermitologia.
-
Sei que existem forças que me atormentam.
Existe cheiros de gritos que me alertam
sobre possíveis ocorrências de curtos-circuitos
e explosões passageiras com rumos definidos e distintos.
-
São forças que não conhecem segredos
de almas dos meus silêncios esverdeados.
Silêncios de peito de quem sabe o que quer na Água;
Silêncio de jeito de quem quer o que sabe no Fogo.
Mas é só uma questão de Tempo.
Tempo, coração, cabeça e supermitologia no topo.
-
Cedo ou tarde, uma Luz virá do fundo do túnel,
e as trevas cederão ao Fogo da civilização,
Assim a vida irá rolando como lição,
e as dúvidas, emolduradas por nuvens de papel,
irão nadando em peitos barulhentos como furacão:
o que virá à frente?
O que virá de repente
varrendo tudo à pente fino e quente?
Como sair de um sanduíche artificial e indecente?
-
Indecente?
Existe sanduíche indecente no Tempo?
Ou trata-se de uma geometria mal feita no Ar?
Ou esboça-se uma figura volátil
como Águas de cacimba africana?
Existe polígono regular só com dois ângulos na Terra?
Por que não?
Para que serve a inteligência no Fogo?
Não é para fazer o possível no impossível na Luz?
-
Por que o humano só faz bombas
para destruir a si próprio?
Isso é inteligência ou aicnêgiletni?
(Sim, aicnêgiletni - este é um dos antônimos da inteligência,
cujo peso é 100 vezes mais
que o de todos os termos convencionais).
-
Por que o humano não faz bombas
que alimentem rosas e pombas?
Por que o humano pensa que marcial pacífico é ingênuo?
Só porque aparenta ser e ter outro Ar, Terra, fogo,
Água, Luz e Tempo?
Por que pensa que pombas e rosas são indecentes?
Indecentes? Existem Pazes e Amores indecentes?
-
Estou falando de Amor, sim!
Estou falando daquela coisa
cujo número de definições e explicações
é igual ao número de habitantes na Terra e no Céu.
Daquela coisa que tosos podem usufruir
sem gastar nenhum tostão
e Nela encontrar Terra, Luz, Ar,
Fogo, Água e Tempo universais.
Estou falando daquela coisa que,
em todo o globo terrestre,
é a fonte de uma vida sadia e civilizada.
-
Estou falando de Amor, sim!
Porque Ele é o único capaz de explicar a força da natureza,
cujos ramais têm conceitos e tratamentos distorcidos.
Porque Ele é o único capaz de dar à Luz conhecimentos
que podem iluminar os obscurecidos
por ganâncias e ignôrancias fatais.
-
Estou falando de Amor, sim!
Porque Ele é o único capaz de me dar asas que preciso
para poder continuar voando cada vez mais alto
e fortificar radares do meu alto-falante a Tempo.
-
Alto-falante
que me audará a encontrar peças-volante
e concretizar o sonho de ver África nas alturas,
exibindo, para o mundo inteiro, vibrações sonoras
de uma bandeira única de Paz, Liberdade, Educação,
Cultura e Progresso.
No amor, estão raízes de vidas pacíficas, felizes e reais;
Ar Terra, Água, Luz, Fogo e Tempo universais.
*
AFONSO VAZ VASSOA
"ArTerrÁguaLuzFogoTempo"
África: O Berço da Humanidade e a Fonte da Eternidade

Nenhum comentário: