SILVEIRA NETO
Manuel Azevedo da Silveira Neto
Nasceu, 04 de janeiro de 1872, signo de capricórnio,
Morretes, Estado do Paraná, Brasil.
Foi também pintor. . .
*
CANTOePALAVRAS
Luar de Hinverno, 1901...
Nuvens dolentes, macerados flocos
Pela amplidão;
Mármore da Altura, em vaporosos blocos.
Desolação. . .
-
Cobrem da lua, como um véu de noiva,
A palidez;
E ela, magoando a imensa goiva,
Chora talvez.
-
Lívida acorda, como os tons mais pulcros
Da sua luz,
A Saudade - a violeta dos sepulcros -
Que é a minha cruz.
-
Dolente e calma a etereal tristeza,
que a lua tem,
Faz-me ficar, na minha eterna reza,
Triste também.
-
Por que em meu seio beijos e agonias
Geme o luar?
Decerto é a sombra de passados dias
Que está a chorar
-
Porque a saudade que uma vez circunda
O nosso amor,
É eterna e cresce quanto mais profunda
É a nossa dor.
*
SILVEIRA NETO
"Noturnos"
Luar de Hinverno
Cadela "Sombra" Foto LuisD.
▬▬
FLORÍSIA MOREIRA
Nasceu em 22 de setembro de 1921, signo de virgem.
Feira de Santana, Estado da Bahia, Brasil.
Participou em jornais, revistas e antologias . . .
*
CANTOePALAVRAS
Retratos da Vida, 2000 . . .
*
Tinha nos olhos negros e rasgados
a cadencia e o fulgor
do Sol ao meio-dia
e nos lábios róscos e carnudos
o sabor agreste da goiaba madura.
Emolduravam a tela oblonga e morena
de seu rosto. duas longas
e espessas madeixas negras,
como as trevas densas da noite.
-
Tinha no corpo moreno
como o fruto do sapotizeiro,
seríceo como a plumagem da garça,
coleante como a serpente,
o perfume suave dos bogaris
e a destreza sutil das andorinhas!
Habitava uma choupana
de folhas de ouricuri
na falda da serra,
à margem de um ribeiro
Era feliz. Só conhecia os pais,
-
A casa, a serra, o riachinho,
O Sol de ouro, a amplidão cerúlea,
a mata virgem, os passarinhos
e os maciços longínquos
concatenados de montanhas!
-
Uma tarde, quando o Sol morria
no horizonte, um viajante
extenuado de longa caminhada,
viera bater à porta
da humílima serrana.
-
A noite desce, depois,
o silêncio misterioso e profundo.
Todos repousam na cabana.
Só dois olhos fulgem
no negro das trevas
e um coração palpita no silêncio . . .
-
Veio a madrugada
e com ela, o alegre cantar dos passarinhos
e depois o Sol, a dourar
as águas límpidas do regato.
-
A serrana deixa o leito,
apanha ânfora e vai cantarolando
buscar água no ribeiro
e lá encontra o viajante
banhando-se como um cisne
nas águas mansas
de um lafo muito azul.
-
Ao vê-lo, a tímida serrana
quer fugir, debalde!
O cisne estende as asas
e já desfolha ávida e perdidamente
a rosa mádida e vermelha
de sua perfumada e pequenina boca . . .
-
Um gemido . . . um soluço . . .
e a infeliz serrana
desprende-se lânguida e febril
daqueles braços mornos e cariciosos!
-
- Adeus serrana!
Sonharei contigo,
nas minhas noites tristes e silenciosa
- Leva-me contigo
ó viageiro de desconhecidas
e longínquas plagas!
Já não sou a tímida serrana,
quando se cobrir de bruma
o cimo azulíneo das montanhas!
-
Veio o inverno
a empor de névoa
a face árida das serras.
Transbordaram-se
as águas cristalinas
do plácido regato
-
Na casinha
de palhas úmidas e falhas
a serrana espera, ainda, o forasteiro
alongando os tristes e negros olhos
pelo caminho assoalhado
de cristais de chuva!
*
FLORÍSIA MOREIRA
"A Serrana"
▬▬
MARIA FEIJÓ
Maria Feijó de Sousa Neves
Nasceu em Alagoinha, Estado da Bahia, Brasil.
Poeta, professora, jornalista, bibliotecária . . .
*
CANTOePALAVRAS
Bahia de todos os meus Sonhos, 1966;
Ramalhete de Trovas, 1969; Perfil da Bahia e
outros Poemas, 1970; Duas Lendas, 1971;
Cantando ao Luar, 1973 . . .
*
Por que, então,
não se conjugar
um verbo
altissonante e belo
que responderá
pelo bem-estar, de todos;
que repercutirá
pelas camadas mais longínquas
da existência,
pelas gênesis mais distantes
das gerações?
o verbo DAR, DAR, DAR?
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A vida seria mais amena,
o mundo seria mais suave.
A dor seria menos dor
e a humanidade
seria . . .
mais HUMANA.
*
MARIA FEIJÓ
"Tão Bom Que Fosse"
▬▬
ARMINDO TREVISAN
Nasceu em 1933.
Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Poeta, jornalista, professor.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Homenagens: A.G.ES (Associação Gaucha de Escritores) . . .
*
CANTOePALAVRAS
Surpresa do Ser, 1967; Dois Poetas Novos do Brasil, 1972;
Corpo a Corpo, 1973;A Dança do Fogo, 1995;
O Sonho nas Mãos, 2005; Cartas à Minha Neta - para ler quando
for adulta, 2007; Orações para o novo milênio;
Os olhos da Noite . . .
*
Foi absurdo que ela viesse. Os morangos
guardavam da chuva a pressa.
As folhas lhe alargavam a pele.
Seus pés tinham perdido o rigor
dos caminhos.
-
Os lábios lhe batiam,
coração trespassado. Pediu água para beber.
-
Foi absurdo que ela quisesse me amar neste dia.
Não pronunciamos palavra.
O entendimento dos corpos não nos deixou chorar,
pensamos em coisas que agradariam ao mundo.
-
Partiu subitamente. Em paz.
Quando se voltou para me olhar outra vez,
senti que não a amara sozinha. Dera-lhe
minha esperança incrível na ressurreição.
*
ARMINDO TREVISAN
"Os Morangos"
Dois poetas Novos do Brasil
MARIA FEIJÓ
Maria Feijó de Sousa Neves
Nasceu em Alagoinha, Estado da Bahia, Brasil.
Poeta, professora, jornalista, bibliotecária . . .
*
CANTOePALAVRAS
Bahia de todos os meus Sonhos, 1966;
Ramalhete de Trovas, 1969; Perfil da Bahia e
outros Poemas, 1970; Duas Lendas, 1971;
Cantando ao Luar, 1973 . . .
*
Por que, então,
não se conjugar
um verbo
altissonante e belo
que responderá
pelo bem-estar, de todos;
que repercutirá
pelas camadas mais longínquas
da existência,
pelas gênesis mais distantes
das gerações?
o verbo DAR, DAR, DAR?
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A vida seria mais amena,
o mundo seria mais suave.
A dor seria menos dor
e a humanidade
seria . . .
mais HUMANA.
*
MARIA FEIJÓ
"Tão Bom Que Fosse"
▬▬
ARMINDO TREVISAN
Nasceu em 1933.
Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Poeta, jornalista, professor.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Homenagens: A.G.ES (Associação Gaucha de Escritores) . . .
*
CANTOePALAVRAS
Surpresa do Ser, 1967; Dois Poetas Novos do Brasil, 1972;
Corpo a Corpo, 1973;A Dança do Fogo, 1995;
O Sonho nas Mãos, 2005; Cartas à Minha Neta - para ler quando
for adulta, 2007; Orações para o novo milênio;
Os olhos da Noite . . .
*
Foi absurdo que ela viesse. Os morangos
guardavam da chuva a pressa.
As folhas lhe alargavam a pele.
Seus pés tinham perdido o rigor
dos caminhos.
-
Os lábios lhe batiam,
coração trespassado. Pediu água para beber.
-
Foi absurdo que ela quisesse me amar neste dia.
Não pronunciamos palavra.
O entendimento dos corpos não nos deixou chorar,
pensamos em coisas que agradariam ao mundo.
-
Partiu subitamente. Em paz.
Quando se voltou para me olhar outra vez,
senti que não a amara sozinha. Dera-lhe
minha esperança incrível na ressurreição.
*
ARMINDO TREVISAN
"Os Morangos"
Dois poetas Novos do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário