terça-feira, 23 de junho de 2009

079 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


FRANCISCO MANUEL DE MELO
Nasceu em 23 de novembro de 1608, signo de sagitário,
Lisboa(capital), Portugal.
Escritor, político . . .
Seu pai D. Luis de Melo, e sua mãe era espanhola,
possívelmente de origem judaica.
Foi agraciado com a comenda da "Ordem de Cristo", 1631. . .
Faleceu a 24 de agosto de 1666, Lisboa, Portugal.
*
CANTOePALAVRAS
Obras Métricas, 1665(A "Tuba de Calíope", quarta das Obras . . .);
Doze Sonetos pela Morte
De Inês de Castro; Carta de Guia de Casados;
Auto do Fidalgo Aprendiz(teatro) . . .
Estilo Barroco.
*
I
Serei eu alguma hora tão ditoso,
Que os cabelos, que amor laços fazia,
Por prémio de o esperar, veja algum dia
Soltos ao brando vento buliçoso?
-
verei os olhos, donde o Sol formoso
As portas da manhã mais cedo abria,
Mas, em chegando a vê-los, se partia
Ou cego, ou lisonjeiro, ou temeroso?
-
Verei a limpa testa, a quem a Aurora
Graça sempre pediu? E os brancos dentes,
Por quem trocara as pérolas que chora?
-
Mas que espero de ver dias contentes,
Se para se pagar de gosto uma hora,
Não bastam mil diferentes?
*
D. FRANCISCO MANUEL DE MELO
"Saudades"
*
II
Eu vi esta fonte; e deste rio
A verdura regada ser enveja
Da que mais verde entre esmeraldas seja;
Hórrido o bosque; o prado vi sombrio.
-
Vejo chorara a fonte, e que de frio
O rio pára, o prado se despeja;
Seca a verdura; a neve é só sobeja;
O triste inverno assombra ao claro estio.
-
Ora se servirá de ser vingado
Ver quão mal da mudança se assegura
A fonte, o rio, o bosque, o estio o prado.
-
Ai de mim, que me chega a sorte dura
A querer que alivie o meu cuidado
Por exemplos de alheia desventura!
*
FRANCISCO MANUEL DE MELO
"Soneto XXIX"
Obras Métricas
(A Tuba de Calíope)
*
III
Brando filho do Zéfiro siave,
Que com suaves leis de doce canto
Tão grande império tens nas almas quanto
Desces ou sobes, seja agudo ou grave:
-
Levanta, esforça, alenta, ó feliz ave,
Tanto essa voz até que possa tanto,
Que o que não pode um século de pranto
~Ua só hora de harmonia acave.
-
E pois que da república sonroa
Entre as aves pretendes sinalar-te
No músico louvor da branca Aurora.
-
Canta, que virás mais a levantar-te,
Comedindo o rigor de Fili agora:
Que em quantos triunfos pode dar-te a Arte!
*
FRANCISCO MANUEL DE MELO
"Soneto XC"
(A um rouxinol)
Obras Métricas
(A Tuba de Calíope)

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