BOCAGE
Manuel Maria Barbosa du Bocage
"Elmano Sadino"( Elmano, é o anagrama de Manuel,
Sadino, Rio Sado, rio que atavessa cidade de Setubal).
Nasceu a 15 de setembro de 1765, signo de virgem,
em Setubal, Portugal.
Seu pai Dr. José Luis Soares Babosa e sua mãe
D. Maria Xavier Lestof du Bocage, filha de
marinheiro francês, na armada Portuguesa, foi
almirante. Bocage esteve na Índia, 1786, Macau . . .
Seu corpo, faleceu a 21 de dezembro de 1805.
*
CANTOePALAVRAS
Canto marítimos. Rímas; Parnaso Bocagiano . . .
*
I
Adamastor cruel! . . .Deu teus furores
Quantas vezes me lembro horrorizado!
Ó monstro! Quantas vezes tens tragado
Do soberbo Oriente dos domadores!
-
Parece-me que entregues a vis traidores
Estou vendo Sepúlveda afamado,
co a espada, e co's filhinhos abraçado
Qual Mavorte com Venús e os amores.
-
Parece-me que vejo a triste esposo,
Perdida a tenra prole e a bela dama,
Ás garras dos leões correr furioso.
-
Bem te vingaste em nós do afouto GAMA!
Pelos nossos desastres és famoso:
Maldito Adamastor! Maldita Fama!
*
BOCAGE
" Naufrágio de Sepúlveda "
Soneto LXVII
*
II
Olhos suaves, que em suaves dias
Vi nos meus tantas vezes empregados;
Vista, que sobre esta alma despedidas,
Deleitosos farpões, no céu forjados:
-
Santuário de amor, luzes sombrias,
Olhos, olhos da cor de meus cuidados,
que podeis inflamar as pedras frias,
Animar os cadáveres mirrados:
-
Troquei-vos pelos ventos, pelos mares,
Cuja verde arrogância as nuvens toca,
Cuja horríssona voz pertuba os ares:
-
Troquei-vos pelo mal, que me sufoca;
Troquei-vos pelos ais, pelos pesares:
Oh câmbio triste! Oh deplorável troca!
*
BOCAGE
"Soneto"
*
III
Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n'alma fervendo,
Como fervem no pego as crespas vagas.
-
Razão feroz, o coração me indagas,
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vás nele (Ai de mim!) palpando e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas.
-
Cego a meus males, surdo a teu reclamo
Mil objectos de horror co' a ideia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo.
-
Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar: eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue: eu peno, eu morro.
*
BOCAGE
" Soneto "
*
IV
Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu infame influxo em nós não caia
Porque(triste de mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia* e a tua aurora?
-
Da Santa Redenção é vinda hora
A esta parte é vinda hora
A esta parte do mundo, que desmaia.
Oh! Venha . . .Oh! Venha, e trêmulo descaia
Despotimo feroz, que nos devora!
-
Eia! Acode ao mortal, que frio e mudo
Oculta o pátrio amor, torce a verdade,
E em fingir, por temor, empenha estudo:
-
Movam nossos grilhões tua piedade
Nosso númem tu és, e glória, e tudo
Mãe do Gênio, e prazer, Ó LIBERDADE!
*
BOCAGE
" Soneto "
LI
*Lísia- é Portugal de Luso ou Lisa.
(Mais Poemas . . ."OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS
E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA" pág. 15).
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