sexta-feira, 3 de julho de 2009

064 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

"Tartaruga da Amazónia",
Zoológico de São Paulo, Brasil
 Foto LuisD.
*
PAULO MENDES CAMPOS
Nasceu a 28 de fevereiro de 1922, signo de peixes,
em Belo Horizonte , capital do Estado de Minas Gerais,
Brasil. Foi jornalista . . .
*
CANTOePALAVRAS
A Palavra Escrita, 1951; O Domingo Azul do Mar, 1958;
O Cego de Ipanema,(crônica), 1961; Homenzinho na
Ventania(crônica), 1962; O Colunista do Morro
(crônica), 1965; Testamento do Brasil, 1966;
Hora do Recreio(crônica), 1967 . . .
*
Que fazer de um instrumento,
Violoncelo, fonte, flauta,
A buscar um sofrimento
Que se encontra além da pauta?
Quando perdemos a voz,
Fala de nós e por nós
O personagem sem medo
Cujas palavras de olvido
Compõem o outro sentido
Do segredo de um degrêdo.
*
Tudo que rói e escalavra,
Dente de marfim do mar,
Faca do vento a passar,
Lembra a busca da palavra.
Só conhecer a ciência,
Mallarmaica paciência,
Capaz de achar a vogal
Que surde empós das toantes,
Escandidas consoantes
De uma pausa musical.
*
Estas horas perdoadas,
Perdidas de quem nos ama,
São aflições combinadas
Às pantominas do drama.
Um filamento de riso
Liga o inferno ao paraíso.
Se a noite esconde as estrelas,
Pode um palhaço brilhante
Dar um salto tão distante
Que seja digno de vê-las.
*
Esse arlequim de pintura
Vai surgir aqui, apenas
Compare a sua figura
As minhas roupas terrenas.
Vão surgir do saltimbanco
Perfil, fronte, face e flanco.
Vou sofrer por artifício
O silêncio desta mesa
Que me exila na clareza
De meu puro sacrifício.
*
Recife em mar de presságio,
Um poema não tem porto,
Vaga que devolve o morto
Às areias do naufrágio.
*
PAULO MENDES CAMPOS
"O Poeta no Bar"
O Domingo Azul do Mar

  "Cão Nó" Foto LuisD.





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