quarta-feira, 29 de julho de 2009

039 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


DIOGO BERNARDES
" Poeta do Lima " (pseudonimo)
Nasceu em 1530, Ponte da Barca, Província do Minho, Portugal.
Irmão de Frei Agostinho da Cruz. Se envolveu com política,
e guerra no Reinado de S. Sebastião e depois de Felipe II,
na batalha de Alcácer-Quibir, África foi apresionado pelos mouros.
Existe, um Teatro muito famoso em Portugal, em sua homenagem,
"Teatro Diogo Bernardes" em Ponte de Lima, Província do Minho,
construído em 1893, e inaugurado em 1896, se realiza o
"Festival de Opera e Música Clássica de Ponte de Lima"
Internet site www.cm-pontedelima.pt/
Faleceu em 1605, Ponte da Barca, Minho, Portugal.
*
CANTOePALAVRAS
Várias Rimas ao Bom Jesus, 1594; Lima, 1596;
Rimas Várias-Flores do Lima, 1596 . . .
*
I
Brandas águas do Tejo, que passando
Por estes verdes campos que regais,
Plantas, ervas, e flores, e animais,
Pastores, Ninfas ides alegrando;
-
Não sei, ah doces águas, não sei quando
Vos tornarei a ver; que mágoas tais
Vendo, como vos deixo, me causais,
Que já vou de tornar desconfiando.
-
Ordenou o meu fado, desejoso
De converter meus gostos em pezares,
Partindo que me vai custando tanto:
-
Saudoso de vós, dele queixoso
Encherei de suspiros outros ares,
Turvarei outras águas com meu pranto.
*
DIOGO BERNARDES
" Soneto "
*
II
Alcido, toma esta rosa
que por minha mão colhi;
Antes eu tomara a ti,
Sílvia, muito mais fermosa
*
DIOGO BERNARDES
" Cantigas VII "
*
III
Escapei de cem mil mouros,
e nesta, terra somata
H~ua só moura me mata.
*
DIOGO BERNARDES
" Vilancete "
*
IV
Poem-me onde queima o Sol toda a verdura,
ou onde seu ardor a neve esfria:
Poem-me onde pello meio o carro guia,
ou onde cobre, ou mostra a luz mais pura;
-
Poem-me em baixa, ou propera venrura,
No sereno da lua, em longo, ou breve dia,
em sazão inda verde, ou já madura.
-
Em valle, em monte, em agoa, em fogo, em ar,
nas estrellas me poem, ou no profundo,
sprito livre, ou inda à carne atado,
-
Com nome escuro, ou claro em todo o mudo,
serei qual fui, não deixarei d'amar
a quem amei até gora desamado.
*
DIOGO BERNARDES
" Soneto XXIV "
Rimas Várias Flores de Lima
(Mais Poemas . . . " Donde
Borbota, minha Saudade",193).
*
V
Horas breves de meu contentamento,
nunca me pareceu, quando vos tinha,
que vos visse tornadas tão asinha
em tão compridos dias de tormento.
-
aquelas torres, que fundei ao vento,
o vento, as levou, já que as sustinha,
do mal, que me ficou, a culpa é minha,
que sobre coisas vãs fiz fundamento.
-
Amor com rosto ledo, e vista branca
promete quando dele se deseja,
tudo possível faz, tudo segura:
-
mas dês que dentro n'alma reina, e manda,
como na minha fez, quer que se veja
quão fugitivo é, quão pouco dura.
*
DIOGO BERNARDES
"Horas Breves de meu Comportamento"

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