quarta-feira, 29 de julho de 2009

038 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

MANUEL DA VEIGA TAGARRA


Nasceu no século XVI, possívelmente em Évora, Portugal.
Origem Italiana, de uma das mais antigas e nobres famílias.
Doutourou-se em Direito e Cânones, na Universidade
de Évora, cónego Augustianiano, ou de São João
Evangelista. . .






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CANTOePALAVRAS
Laura de Anfriso, 1628
"Meu Jardim" Fotos LuisD.
*
Sereno e claro Rio
que ides acrescentado
Com as lágrimas em fio,
Que em vingança de amor choro e derramo
Em quanto a surda morte busco e chamo.
-
Assi nunca vos faltem
Rosas, e flores belas,
Que vossa praia esmaltem:
Assi as Ninfas teçam em vós grinaldas
De finos diamantes e esmeraldas:
-
Assi as açucenas
E os roxos cravos ornem
Vossas veigas amenas;
E em vós faça Pomona seu tesouro
Brotando em vossa margem pomos de ouro:
-
Assi o Sol ardente
Não seque com seus raios
Vossa branda corrente:
Assi do tempo não sintais rigores:
Que as mágoas me escutais de minhas dores:
-
Levai ao Oceano
Estas lágrimas tristes,
Testemunhas do engano,
Que o lisongeiro amor me andou fazendo,
De cujas falsas glórias me arrependo.
-
Levai em vossas águas
Pera eterna mem. . .
Escritas minhas mágoas;
Que é meu penoso mal de tanta dura,
Que inda na água conserva a escritura.
-
Levai, levai escritos
Os gemidos sem conto,
Os prantos infinitos,
Os suspiros imortais de cento em cento,
Emblemas funerais de meu tormento.
*
MANUEL DA VEIGA TAGARRO
Outra Ode (ode VIII do livro V)
Laura de Anfriso
"Jardim Botânico de São Paulo, Brasil" Foto LuisD.

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