sábado, 18 de julho de 2009

047 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


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BELCHIOR MANUEL CURVO
Bechior Manuel Curvo Semedo
Belmiro Transtagano(peudônimo)
Nasceu em 1766, Montemor-o- Novo, Província de
Alentejo, Portugal.
Cavaleiro da "Ordem de Cristo ".
Estilo Arcádia.
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CANTOePALAVRAS
Composições Poéticas, 1835 . . .
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Soltai mais doce voz, aves saudosas:
Brotai novo matiz, prados florescentes:
Dobrai as sombras, árvores frondosas,
Mais fragrâncias exalai, flores virentes,
Que depois de uma ausência dilatada
Torna a ver-nos Marília, os meus amores:
Porém se virdes a cruel mudada,
Em paga lhe negai desta incontância
- Melodia, prazer, sombra, fragância -
Aves, campinas, arvoredos, flores.
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BELCHIOR MANUEL CURVO
" Madrigal "
Composições Poéticas
"A Sombra" Antonio Carneiro
Para o poema "A Morte e o Doido"
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TEIXEIRA PASCOAES
Nasceu em Portugal . . .
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CANTOePALAVRAS
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I
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Os passaros nocturnos, celebrando
A Noite nos seus cantos agoireiros
Esvoaçavam de encontro aquelas orbitas
Vasias, descarnadas: dois buracos
Apagados de luz, sêcos de lagrimas,
Sobre um gélido riso de caveira.
-
E a Morte cavalgava a largo trote,
Através d'um caminho esbranquiçado,
No arrepio da Noite e do Misterio . . .
O vento fino e frio maguava
As arvores, fazendo fluctuar
A tunica da Morte que envolvia
Seu corpo de esqueleto e as largas ancas
Do seu Cavalo, cuja sombra inquieta
E nervosa manchava a estrada clara . . .
-
E atravessava agora um indeciso
Planalto que emergia, com saudades,
Da cerração nocturna dos pinhaes . . .
-
As arvores fugiam . . . Simplesmente
Um rasteirunho tôjo agreste e bravo
Vestia de humildade aquela terra.
Nas suas hastes hirtas e espinhosasa,
Aqui, além, por toda a parte, emfim,
Gôtas de orvalho, vivas, acordavam . . .
E em seus liquidos seios de esplendor
Presentia-se a lua encarcerada
Mostrando a face animica e divina . . .
-
N'esta altitude o Vento, embrandecendo,
Era uma sombra alada . . .E a lua, a prumo,
Fulgia sobre a Morte que alongava
Os olhos pelo túrbido horisonte
Mais delido no céu e mais longiquo,
D'uma materia feita de chimera . . .
-
De vez em quando, ouvia-se um confuso,
Surdo rolar de rochas que desciam
Dos outeiros ás margens dos regatos;
Iam matar a sêde secular
Que lhes ficou dos tempos em que fôram
Raios de estrela florescendo a Lua.
-
E vinham na asa múrmura da aragem
Bater de palmas, risos de cristal,
Rasgando agudas fendas no Silêncio.
Eram Bruxas malditas, pobres Ninfas,
Amantes do Demonio em vez de Pan;
Amam a noite triste e os sitios êrmos . . .
Trocaram seu antigo amor divino
Pela ironia escura e demoniaca:
E as florestas sagradas e o Sol claro
Pelosbócos profundos, pela noite,
Pelos silvaes espêssos e aguas êrmas
Que a sombra torna lividas e mortas,
E onde as cousas noturnas se refletem
Imaterialisadas, reduzidas
Ao seu simples e animico esqueleto . . .
-
E outras Bruxas, em remoto de Phantasmas,
Sombra ancestral de Deus e da Piedade,
Condensava o luar em frias lagrimas,
Marmorisava os fluidos Longes vagos . . .
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TEIXEIRA PASCOAES
"A Morte e o Doido"(fragmento")
*
II
Vejo uma sombra escura
Que sempre que estou só, junto de mim, murmura . . .
-
E fujo, e tenho medo;
E se olho para traz, seu vulto de segredo
Ergue-se no ar saudoso que entristece . . .
-
Onde quer que eu esteja, a Sombra me aparece;
Vem dum longíquo e misterioso mar,
Meu sêr enevoar . . .
E beija o meu espirito e o deslumbra,
Ungindo-o de penumbra.
-
É uma sombra de Deus nas almas projectada,
E torna cada cousa espiritual, sagrada . . .
-
Sombra divina! Fonte do meu sêr;
Outrora, Beijo a arder!
Ó Sombra! Essencia do meu dia!
Silencio, - eterna fonte de harmonia . . .
Mãe da canção, branca mudez lunar!
Ó Sombra!, mãe da luz!
Sombra de pé num cêrro, escura cruz!
Mãe da Dôr e do Amôr;
Sombra de Deus nimbando a terra de esplendor!
Sombra que me aparece . . .
E me deixa ás escuras e anoitece
Meu sêr que se desfaz em solidão
E se torna invisivel coração . . .
-
Oh tu que fôste a nevoa do meu berço,
Em poeira já disperso,
Desenharás tambem, á luz da lua nova,
Em dois palmos de terra e sonho, a minha cova . . .
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TEIXEIRA PASCOAES
"Uma Sombra"
Sempre

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