quinta-feira, 9 de julho de 2009

057 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


"Represa de Guarapiranga", cidade de São Paulo, Brasil, Foto LuisD.
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VICENTE DE CARVALHO
Vicente Augusto de Carvalho
Nasceu a 05 de abril de 1866, signo de áries,
Cidade de Santos, Estado de São Paulo, Brasil.
Formou-se em Direito , em São Paulo, 1886.
Se envolveu com política, fez parte da "Academia
Brasileira de Letras", 1909.
Estilo Parnasianismo.
Faleceu a 22 de abril de 1924, Santos, Brasil.
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CANTOePALAVRAS
Ardentias, 1885; Relicário, 1888;
Rosa, Rosa de Amor, 1902; Poemas e Canções, 1908;
Verso e Prosa, 1909; Páginas Soltas (prosa), 1911;
Luisinha (contos). . .
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I
" Deixa-me, fonte! " Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
-
" Deixa-me, deixa-me, fonte! "
Dizia a flor a chorar:
" Eu fui nascida no monte . . .
Não me leves para o mar ".
-
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
-
" Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu;
Ai, claras gotas de orvalho
Caídas do azul do céu! . . . "
-
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava, levando a flor.
-
" Adeus, sombra das ramadas,
Cantigas do rouxinol;
Ai, festas das madrugadas,
Doçuras do pôr do Sol; "
-
" Carícias das brisas leves
Que abrem rasgões de luar . . .
Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar! " . . .
-
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
-
As correntes da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e a da flor . . .
*
VICENTE DE CARVALHO
" A Flor e a Fonte "
Rosa, Rosa de Amor
*
II
A fieira zumbe, o piso estala, chia
O liço, range o estambre na cadeira;
A máquina dos Temos, dia a dia,
Na música monótona vozeia.
-
Sem pressa, sem pesar, sem alegria,
Sem alma, o Tecelão, que cabeceia,
Carda, retorce, estira, asseda,fia,
Doba e entrelaça, na infindável teia.
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Treva e luz, ódio e amor, beijo e queixume,
Consolação e raiva, gelo e chama
Combinam-se e consomem-se no urdume.
-
Sem princípio e sem fim, eternamente
Passa e repassa a aborrecida trama
Nas mãos do tecelão indiferente . . .
*
VICENTE DE CARVALHO
" O Tear "
Poemas e Canções

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"Pássaro pescando", Zoológico de São Paulo, Brasil, foto LuisD.

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