domingo, 9 de agosto de 2009

034 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

CARLOS PENA FILHO
Nasceu a 27 de maio de 1929, signo de Touro
na cidade de Recife, Brasil.
Filho de pais portugueses.
Cursou a Faculdade de Direito, na Universidade do Recife . . .
Homenagens:
Prémio "Vânia Souto Carvalho";
Prémio "Nacional de Poesia", Instituto Nacional do livro
Faleceu 01 de julho de 1960
*
CANTOePALAVRAS
Tempo da Busca, 1952; Avertigem Lúcida, 1958;
Livro Geral, 1959 . . .
*
I
O quanto perco em luz conquisto em sombra.
E é de recusa ao Sol que me sustento.
Às estrelas, prefiro o que se esconde
Nos crepúsculos graves dos conventos.
-
Humildemente envolvo-me na sombra
que veste, à noite, os cegos monumentos
isolados nas praças esquecidas
e vazios de luz e movimento.
-
Não sei se entendes: em teus olhos nasce
a noite côncava e profunda, enquanto
clara manhã revive em tua face.
-
Daí amar teus olhos mais que o corpo
com esse escuro e amargo desespero
com que haverei de amar depois de morto.
*
CARLOS PENA FILHO
" Soneto "
Livro Geral
*
II
▬ Sino, claro sino,
tocas para quem?
▬ Para o Deus menino
que de longe vem.
-
▬ Pois se o encontrares
traze-o ao meu amor.
▬ E que lhe ofereces
velho pecador?
-
▬ Minha fé cansada,
meu vinho, meu pão,
meu silêncio limpo,
minha solidão.
*
CARLOS PENA FILHO
"Poema de Natal"
Os Melhores Poemas
*
III
Por seres bela e azul é que te oferto
a serena lembrança desta tarde:
tudo em torno de mim vestiu um ar de
quem não te tem mas te desja perto.
-
O verão que fugiu para o deserto
onde, indolente e sem motivos, arde,
deixou-nos este leve e vago e incerto
silêncio que se espalha pela tarde.
-
Por seres bela e azul e improcedente
é que sabes que a flor, o céu e os dias
são estados de espírito, somente,
-
como o leste e o oeste, o norte eo sul.
Como a razão por que não renuncias
ao privilégio de ser bela e azul.
*
CARLOS PENA FILHO
"Soneto"
Os Melhores Poemas
*
IV
Navegador de bruma e de incerteza,
humilde, me convoco e visto audácia
e te procuro em mares de silêncio
onde, precisa e límpida, resides.
Frágil, sempre me perco, pois retenho
em minhas mãos, desconcertados rumos
e vagos instrumentos de procura
que, de longínquos, pouco me auxiliam.
-
Por ver que és claridade e superfície,
desprendo-me do ouro do meu sangue
e da ferrugem simples dos meus ossos,
e te aguardo com loucos estandartes
coloridos por festas e batalhas.
Aí, reúno a argúcia dos meus olhos
e fabrico estas rosas de alumínio
que por serem metal, negam-se flores
mas por não serem rosas, são mais belas
por conta do artíficio que as inventa.
*
CARLOS PENA FILHO
"A Palavra"
Os Melhores Poemas

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