domingo, 23 de agosto de 2009

017 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


BERNARDIM RIBEIRO
Nasceu em 1482, Torrão, Alentejo, Portugal.
Poeta, bacharel em direito pela Universidade de Coimbra.
Amigo de Sá Miranda e Gil Vicente e secretário de El-rei D. João III.
Rei de Portugal..
Participou no "Cancioneiro Geral" de Garcia Resende...
Homenagem do escultor António Alberto Nunes(1838/1912),
com estatua no Museu de Évora, Portugal.
Viveu na Época do Renascentismo.
Faleceu em 1552...
*
CANTOePALAVRAS
Menina Moça.
-
I Ontem pôs-se o Sol, e a noite
cobriu-se de sombra esta terra.
Agora é já outro dia,
tudo torna, torna o Sol;
só foi a minha vontade
para não tornar c'o tempo!
-
Tôdas as coisas, pelo tempo,
passam, como dia e noite;
uma só, minha vontade,
não, que a dor comigo a aterra;
nela cuido em quanto há Sol,
nela em quanto não há dia.
-
Mal quero per um só dia
a todo outro dia e tempo,
que a mim pôs-se-me o Sol
onde eu só temia a noite;
tenho a mim sôbre a terra,
debaixo minha vontade;
-
Dentro da minha vontade
não há momento do dia
que não seja tudo terra;
ora ponho a culpa ao tempo,
ora a torno a pôr à noute:
no milhor pon-se-me o Sol!
-
Primeiro não haverá Sol
que eu descanse na vontade.
Pon-se-me uma escura noute
sôbre a lembrança de um dia. . .
Inda mal porque houve tempo
e porque tudo foi terra.
-
Haver de ser tudo terra
quando há debaixo do Sol
me descansa, porque o tempo,
me vingará da vontade;
se não que antes dêste dia
há de passar tanta noite!
-
BERNARDIM RIBEIRO
"Sextina"
*
II
entre tamanhas mudanças
que cousa terei segura;
duvidosas esperanças,
tão certa desaventura.
-
Venham estes desenganos
do meu longo engano, e vão,
que já o tempo e os anos
outros cuidados me dão.
Já não sou para mudanças,
mais quero uma dor segura,
vá crê-las vãs esperanças
quem não sabe o que é ventura.
-
BERNARDIM RIBEIRO
"Cantiga"


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"Flores" Foto LuisD.

JOÃO XAVIER DE MATOS
Pseudônimo Albano Eritreu.
Nasceu em 1730,Lisboa, Portugal.
Poeta, estudou na Universidade de Coimbra "Direito"; momento da Arcádia Portuense (Port0)...
Faleceu em 03 de Novembro de 1789, Vila dos Frades, província do Alentejo, Portugal.
-
CANTOePALAVRAS
.........................................
*
Que triste, que profunda soledade
se observa aqui de cima deste outeiro!
Não anda lá no mar nenhum barqueiro,
não se ouve algum rumor cá na cidade.
-
Como da lua a frouxa claridade
prateia aquele monte derradeiro!
Não sabe a vista ainda vá primeiro
fartar o pensamento de saudade.
-
O céu sereno como está sisudo!
Quieta a planta, o mar adormecido,
a terra sossegada, o vento mudo;
-
mas que estrondo fizera, e que alarido,
céu, planta, mar, e terra, vento, tudo,
se rompesse o silêncio meu gemido!
*
"Soneto"
João Xavier de Matos

FRANCISCO XAVIER DE SANTA RITA BASTOS BARAÚNA
Nasceu 1785, Salvador, Estado da Bahia, Brasil.
Poeta, Frei...
Faleceu em 1846, Salvador, Brasil.
-
CANTOePALAVRAS
..................................
-
Socorrei-me, Senhor! Quebrai piedoso
minhas algemas, cheias de dureza!
Se meu crime provém da natureza,
quem de ser deixará réu, criminosos?
-
Davi, que foi tão rico e venturoso,
por Betsabé caiu na vil fraqueza;
Sansão, perdendo o brio e a fortaleza,
ao orbe deu exemplo lastimoso.
-
Vede Jacó, retido em cativeiro
pela gentil Raquel; vede Susana;
vede afinal, Senhor, o mundo inteiro!
-
Desculpa tenha na paixão insana:
que ou mandasse-me o céu o ser primeiro,
ou fizesse de ferro a carne humana.
*
"Socorrei-me, Senhor!"
Francisco Xavier de Santa Rita Bastos

SILVA RAMOS
Nasceu em 1853, Recife, Brasil.
Poeta...
Faleceu em 1930, Rio de Janeiro, Brasil.
*
CANTOePALAVRAS
...........................................
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Eu e tu: a existência repartida
por duas almas; duas almas numa
só existência. Tu e eu: a vida
de duas vidas que uma só resuma.
-
Vida de dois, em cada um vivida,
vida de um só vivida em dois; em suma:
a essência unida à essência, sem que alguma
perca o ser una, sendo à outra unida.
-
Duplo egoísmo altruísta, a cujo enleio
no próprio coração cada qual sente
a chama que em si nutre o incêndio alheio.
-
Ó mistério do amor onipotente,
que eternamente eu vivia no teu seio,
e vivas no meu seio eternamente.
*
Silva Ramos
"Nós"

CLEÓMENES CAMPOS
Cleómenes Campos de Oliveira
Nasceu a 10 de agosto de 1895, signo de leão,
em Maroim, Estado de Sergipe, Brasil.
Jornalista e membro da "Academia Paulista de Letras". . .
*
CANTOePALAVRAS
Coração Encantado, 1923; De Mãos Postas, 1926;
Zabelê, 1940; Sonata do Desencanto, 1954 . . .
*
No começo do mundo,
quando tudo falava, um Monte, certo dia,
interrogou a um Vale, a quem mal conhecia:
- " Quem é mais alto de nós dois? ".
-
O Vale respondeu-lhe admirado, depois:
- " Eu só te sei dizer quem é o mais profundo . . ."
*
CLEÓMENES CAMPOS
" Fábula "
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"Flores" Foto LuisD.



* datas aproximadas

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