sábado, 22 de agosto de 2009

019 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

"Cruz Processional" sec. XV
«Mosteiro de Sta. Maria de
Alcobaça», Portugal.




AGOSTINHO DA CRUZ (Frei)
Agostinho Pimenta
Nasceu em 1540, Ponte da Barca, Portugal.
Irmão de Diogo Bernardes(poeta) . . .
Seu corpo, faleceu em 1619.
*
*
CANTOePALAVRAS
Obras(pós-morte) século XVIII.
.*
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I
Passa por este vale a Primavera,
As aves cantam, plantas enverdecem,
As flores pelo campo aparecem,
O mais alto do louro abraça a hera;
-
Abranda o mar; menor tributo espera
Dos rios, que mais brandamente descem;
Os dias mais fermosos amanhecem,
Não para mim, que sou quem dantes era.
-
Espanta-me o porvir, temo o passado;
A mágoa choro de um, de outro a lembrança,
Sem ter já que esperar, nem que perder.
-Mal se pode mudar tam triste estado;
Pois para bem não pode haver mudança,
E para maior mal não pode ser.
*
AGOSTINHO DA CRUZ(frei)
" Ao Triste Estado"
*
II
Divinas mãos e pés, peito rasgado,
Chagas em brandas carnes imprimidas,
Meu Deus, que, por salvar almas perdidas,
Por elas quereis ser crucificado.
-
Outra fé, outro amor, outro cuidado,
Outras dores às Vossas são devidas,
outros corações limpos, outras vidas,
Outro querer no Vosso Transformado.
-
Em vós se encerrou toda a piedade,
ficou no mundo só toda a crueza,
Por isso cada um deu o que tinha:
-
Claros sinais de amor, ah! saudade!
Minha consolação, minha firmeza,
Chagas do meu Senhor, redenção minha.
*
AGOSTINHO DA CRUZ (Frei)
"As Chagas"

FRANCISCO MANOEL DO NASCIMENTO
Filinto Elísio (pseudônimo)
Nasceu a 23 de dezembro de 1734, signo de capricórnio,
em Lisboa, Portugal . . .
Morou em Paris. Fundou um grupo chamado "Ribeira das Naus".
Estilo arcádico.
Faleceu em 25 de fevereiro de 1819,Paris, França.
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
* "Meu Jardim" Foto LuisD.

I
Uma Toupeira, um dia
Saiu do seu buraco, a correr mundo;
Mas logo pressentiu quão pouco via
Para estudo tão largo e tão profundo.
-
Acaso nesse prado
Donde ela ia encetar a longa rota,
Tinha os mimosos óculos deixado
Ao despedir do dia, uma Devota.
-
A Toupeira que vira
Como deles fizera útil emprego
A santa Velha, traça o como adquira,
Móvel tão apto a Bicho peti-cego.
-
C'os óculos, ansiosa,
Vai ter co'a Mãe à toca, e deste achado
Gabar a serventia preciosa,
Mui de gosto - que a Mãe - tornou aguado,
-
Dizendo: "Oh párvoa filha
Tanto esse móvel foi para ti feito,
Quanto para um bezerro uma sevilha,
E para um asno um livro vem a jeito e gt;"
*
FRANCISCO MANOEL DO NASCIMENTO
"Os Óculos e a Toupeira"
Fábula
*
II
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Abriste-lhe a Caverna da Sibila,
E as proféticas folhas do futuro,
Pejadas de sucessos,
Que as entranhas dos Fados
Sem ordem, sem conselho descompunham,
Ao capricho dos ventos revoando.
-
Tu a Píndaro, a Alceu, ao Venusino
Subiste em tuas asas inflamadas
Ao conselho das Musas,
Onde ávidos gostaram
O almo licor da reservada veia,
Que em Divino transmuda o canto humano.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O mesmo Fado desastroso empunha
Irado raio em dano dos que venham
Por estas broncas fragas,
E absortos na harmonia
Dos sonoros teus ousados versos,
Te imitarão na lira, e na desgraça.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
*
FRANCISCO MANOEL DO NASCIMENTO
"Ode ao Estro"(fragmento)
(Mais Poemas . . ."Os Eternos Momentos de Poetas e
Pensadores da Língua Portuguesa", pág. 15).

JOÃO PENHA
Nasceu em 29 de Abril de 1839, Braga, Minho, Portugal
Poeta, jurista, estudou na Universidade de Coimbra "Teologia" e "Direito"
Faleceu em 03 de Fevereiro de 1919, Braga, Portugal.
*
CANTOePALAVRAS
Viagem por terra ao paiz dos sonhos; Novas Rimas; O canto do Cysne;
Por Montes e Valles...
*
O corpo num lençol, e assim metido
em minha mãe, donde nasci, a terra.
Nada do som do bronze, um som que aterra,
que descontenta um delicado ouvido. 
-
Ninguém ouse soltar um gemido
junto da cova que o meu corpo encerra:
longe, a minh'alma em outros mundos erra,
deem-lhe a paz de um sempiterno olvido.
-
Nada de luto, de sanefas pretas;
onde eu fique, um recôndito jardim,
onde ela, a mais divina das Julietas,
-
se por acaso se lembrar de mim,
possa colher um ramo de violetas
com que inflore o seu peito de cetim.
*
João Penha
"Última Vontade"


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