domingo, 9 de agosto de 2009

031 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

JAIME CORTESÃO
Jaime Zuzarte Cortesão
Nasceu em 29 de abril de 1884, signo de touro.
Ançã, Cantanhede, Portugal.
Escritor, professor, médico, político, historiador,
estudou direito em Coimbra, medicina em Lisboa e Porto,
Portugal . . . Fundou a revista "Nova Silva", 1907, junto
com Leonardo Coimbra; na "Águia" em 1910; "Renascença
Portuguesa", 1912; um dos fundadores da revista "Seara Nova";
diretor da "Biblioteca Nacional de Portugal" . . .
Morou no Brasil(Rio de Janeiro) . Por várias vezes preso
político, Na Penitênciaria de Coimbra, 1910, no presidio
de Peniche . . . .
Homenagens: Escola Secundária de "Jaime Cortesão", Coimbra,
Portugal . . .
Faleceu em 14 de agosto de 1960.
*
CANTOePALAVRAS
Morte da Águia, 1909; A Arte e a Medicina: Antero de Quental e
Sousa Martins, 1910; Esta História é para os Anjos, 1912
Daquem e Dalem Morte(prosa), 1913;
Glória Humilde, 1914; Cancioneiro Popular,
1914; O Infante de Sagres(drama),1916; Egas Moniz(drama), 1918;
Memórias da Grande Guerra(prosa), 1919; Adão e Eva(prosa), 1921;
A Expedição de Pedro Alvares Cabral e o Descobrimento do
Brasil(prosa), 1922; Divina Voluptuosidade, 1922 . . .
*
I
Não choro por me deixares,
Que o jardim mais flores tem;
Choro que não hás-de achar
Quem te queira tanto bem.
-
A minha amada morreu,
Eu já não a torno a ver;
A flor no campo renasce,
Ela não torna a nascer!
-
Oh quem me dera ter mãe,
Mesmo que fôsse uma silva,
Inda que ela me arranhasse,
Sempre eu era sua filha.
-
Ó minha mãe, minha mãe,
Minha mãezinha do Céu!
Que me trouxe nove meses

Debaixo do seu mantéu!
*
JAIME CORTESÃO
Fragmento
O que o Povo Canta em Portugal
*
II
Se os meus olhos te dão pena,
Tira-os e deita-os ao chão,
Não quero ter no meu corpo
Coisas que te dê paixão!
-
Os meus olhos mais os vossos,
De longe se estão mirando;
Os vossos dizem-me: sim;
Os meus perguntam-lhes: quando?
-
O meu coração é rio,
Cheio d'água mete medo;
Seca-se o meu coração,
Rega-se o teu arvoredo.
-
Dai-me uma gotinha d'água,
Da língua fazei a bica;
Quanto mais água me dais
Tanto mais sêde me fica.
-
Tendes o cravo na boca
Com raiz na garganta;
Quem vo-lo arrancara a beijos,
A hora em que galo canta.
-
Cravo roxo em teu peito,
Que sepultura tão rica!
Quem morre nesses teus braços,
Não morre, que ressuscita!
-
Se o teu retrato falasse,
Se o teu retrato sentisse,
Ele mesmo te diria
O que fiz e o que lhe disse . . .
-
Uma saudade me mata,
Uma ausência me detem,
Uma esperança me anima:
Sôbre tempo, tempo vem.
-
Tudo quanto o mar encerra,
Tudo quanto a terra cria.
Tudo é nada neste mundo
Sem a tua companhia.
*
JAIME CORTESÃO
fragmentos
O que o Povo Canta em Portugal
*
III
Alta vai a lua, alta
Como o Sol ao meio-dia.
Mais alta vai Nossa Senhora
Quando pr'a Belem partia;
S. José ia atrás dela
Alcançá-la não podia.
Alcançara-a em Belem
Onde ela estava parida
A pobreza era tanta
Que nem um panal havia;
Deitou as mãos à cabeça
A um véu que ela trazia;
Partir'o em três pequenos,
E Jesus num envolvia;
Outro atava-lho à cinta
E outro à cabecinha.
Baixava um anjo pro Céu
Cantando a Ave-Maria.
O Padre Eterno perguntou-lhe
Como quedava a parida.
A parida queda boa,
Numa cova metida.
*
JAIME CORTESÃO
"Romance do Natal Rústico"
O que o Povo Canta em Portugal

Foto LuisD.



EMÍLIO DE MENEZES
Nasceu a 04 de julho de 1866, signo de câncer, 
cidade de Curitiba, Estado de Paraná, Brasil. 
Foi jornalista e da "Academia Brasileira de Letras". . .
Faleceu em 06 de Junho de 1918 (antes de tomar posse na Academia). Rio de Janeiro, Brasil.
*
CANTOePALAVRAS
Marcha Funebre, 1892; Poemas da Morte, 1901; Dies Irae, 1906; Poesia, 1909; Últimas Rimas, 1917; Mortalhas. . .
*
Florir no descampado ou no úmido recanto
De alguma ruína, ou mesmo em áspero alcantil,
É um orgulho que tem o redoirado helianto
Dês que da terra emerge a plúmula erectil.
-
Quando ele desabrocha entre os glastos e o acanto,
Entre os mil tinhorões e as passifloras mil,
Tem-se à conta de um Sol, nascido por encanto
Ao tôpo senhorial do tomentoso hastil.
-
É de vê-lo medir a força e o valimento,
Do orgulho vegetal, do seu orgulho em prol,
Ante o rival senhor de terra e firmamento!
-
É de vê-lo, tenaz, de arrebol a arrebol,
Do grande astro seguindo o régio movimento,
O áureo disco volver para encarar o Sol!
*
EMÍLIO DE MENEZES
" Girassol "
Poesias

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