quinta-feira, 7 de maio de 2009

141 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

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NUNES CLARO
Nasceu em 1878, Lisboa, Portugal.
Poeta...
Faleceu em 1949, Lisboa, Portugal.
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CANTOePALAVRAS
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Vieste tarde, meu amor. Começa
em mim caindo a neve devagar...
Morre o Sol; o outono vem depressa,
e o inverno, finalmente, há de chegar.
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E se hoje andamos juntos, na promessa
de caminharmos toda a vida a par,
daqui a pouco o teu amor tem pressa
e o meu, daqui a pouco, há de cansar.
-
Dentro em breve, por trás das velhas portas,
dando um ao outro só palavras mortas
que rolam mudas sobre nossas vidas,
-
ouviremos, nas noites desoladas,
tu, a canção das vozes desejadas,
eu, o chorar das vozes esquecidas.
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Nunes Clato
"Soneto"
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SAUL DIAS
Júlio Maria dos Reis Pereira
Nasceu em 01 de Novembro de 1902, signo de escorpião,
Vila do Conde, Portugal.
Doutourou-se na Faculdade de Engenharia do Porto,
Portugal, pintor, e irmão do poeta José Régio. . .
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CANTOePALAVRAS
. . .Mais e Mais. . ., 1932; Tanto, 1934;
Obra Poética, 1962. . .
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Quem me chama?
Quem me chama?
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Quem me acena da altura?
-
A minha alma
é uma flor escura
que desabrochou em lama.
-
Esplêndida cama!
Tantos lírios pra minha sepultura!. . .
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SAUL DIAS
"Velho Poema"
Sangue
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OLEGÁRIO MARIANO
Olegário Mariano Carneiro da Cunha
Nasceu em 24 de março de 1889, signo de áries,
Recife, Estado de Pernambuco, Brasil.
Poeta, jornalista...
Embaixador na Bolívia, 1918 e de Portugal, 1953. . .
Homenagens: Pintura de seu Retrato, por Cândido
Portinari, 1928.
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CANTOePALAVRAS
Visões de Moço, 1906; Angelus, 1911;
XXII Sonetos, 1912;
Evangelho da Sombra e do Silêncio, 1912;
Água Corrente, 1918;
Últimas Cigarras; 1915; Castelo na Areia, 1922;
Cidade Maravilhosa, 1922; Bataclan, 1924;
Canto da Minha Terra, 1930;
Destino, 1931; Teatro, 1932;
Poesias Escolhidas, 1932;
O Enamorado da Vida, 1937; Quando vem Baixando
O Crepúsculo, 1945; A Vida que já Vivi, 1945;
Correio Sentimental, 1953 . . .
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É amor? Não sei. Esta intranqüilidade,
Este gôzo na dor, esta alegria
Triste que vem de manso e que me invade
A alma, enchendo-a e tornando-a mais vazia;
-
Este cansaço extremo, esta saudade
De uma cousa que falta à Vida. . . O dia
Sem Sol, as noites êrmas, a ansiedade
Que exalta e a solidão que anestesia,
-
É amor. Egoísmo de sofrer sózinho,
De as penas esconder do humano açoite,
De transformar as pedras do caminho.
-
Em carícias sutis para colhê-las
E andar como um sonâmbulo, na noite,
Escancarando os olhos às estrelas . . .
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OLEGÁRIO MARIANO
" Deslumbramento "
Canto da Minha Terra
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PORTINARI
Cândido Torquato Portinari
Nasceu 29 de dezembro de 1903, signo de capricórnio,
Brodósqui, Interior do Estado de São Paulo, Brasil.
Pintor, dos melhores na cultura lusófona, às vezes poeta. . .
Faleceu a 06 de fevereiro de 1962.
Detalhe da Pintura "Família de Retirantes", Museu de"Arte de São Paulo" Brasil. Foto LuisD.
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CANTOePALAVRAS
Poemas, 1964 . . .
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I
Quem são aqueles três rasgados
E sem coroa? Pareciam vir a cavalo
Mais próximos não davam a impressão de gente
Mas três volumes se movendo como três bandeiras
Esfarrapadas. Rentes a mim estenderam
Algo como uns braços com vestígios
De dedos e uma caneca de fôlha -
Eram os restos de três criaturas
Espaventosas carregando a lepra
Vinham das bandas do Riângulo. Os sons
Que emitiam eram como sombras de
Palavras. Meu pai chamou-os
Para o almôço. Sentaram-se em nossa mesa
As crianças intimidadas e fugidias
No final confraternizaram. Quando
Se foram, perguntamos: que santos
São aqueles três?
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PORTINARI
"Poema sem título"
(CELEBRIDADES, Pág.XXI).
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II
Com os pés e os lábios rachados
Pela lâmina do Inverno, saíamos
Ao encontro dos companheiros,
Mesmo quando a chuva monótona
Invernava.
Íamos ver os ninhos de
Passarinhos, cada um zelava
De uns quantos. Nenhum os maltratava.
Levávamos alimentos para eles
Distribuíamos arapucas pelo pasto.
Assim brincando, crescíamos.
O vento passava sem destruir nada.
Voltávamos correndo,
Íamos
Nos aquecer perto do fogo,
Que nessa estação
Permanecia aceso.
Fazíamos pipoca, Às vezes,
Confortados adormecíamos.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A noite, viajando pela estrada solitária montando
O Negrinho, sentia uma sensação de paz.
As estrêlas cintilavam clareando a campina
O céu, com seus milhões de lumes,
Tirava da penumbra vultos de formas variadas.
Assim, acompanhado, o medo não viria.
Oh estrada do paraíso! Teria cortejo de anjos?
Que tranqüilidade! Sentia a erva
Crescer, os pássaros imóveis em seus ninhos.
Acompanhava-os o silêncio. Não sabia onde ia
Meu cavalo, mestre em andanças, enxergava
Mais à noite. Respirando a brisa amena, ia
Pensando: Por que não morrer
Ali no caminho do céu?
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Sentia-me feliz quando chegava um circo.
Vinha de terras estranhas.
Todo o meu pensamento se ocupava dele.
O palhaço, montando um burro velho, fazia
Reclame com a meninada acompanhando.
Eu assistia ao espetáculo e apaixonava-me pelas
Acrobatas de dez a quinze anos, Fazia
Planos para fugir com elas. Nunca lhes falei.
Por elas tudo em mim palpitava.
Minha fantasia,
Voltando à vida real, entristecia-me. Não era eu
Um príncipe? Nada disso. Roupas baratas,
Pobreza . . . Até as flores lá de casa pareciam
Murchas e sem perfume. Só nos achávamos
Bem rondando o circo. Quando partia para outra
Localidade, eu sentia tanta tristeza, chegava ao desepero,
Chorava silenciosamente; desolado ia ver o trem
Passar na direção onde estavam as acrobatas.
Talvez pensassem em mim
O trem seria meu emissário,
Nos encontraríamos mais
Tarde . . . O tempo deixava pequena lembrança
Até a chegada de outro circo . . .
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PORTINARI
"O Menino e o Povoado" (fragmento)
Poemas
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MARLY BÁRBARA
Nasceu em 04 de dezembro de 1935, signo de sagitário.
Rio de Janeiro, Brasil.
Poeta, pintora, professora . . .
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CANTOePALAVRS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Noite de luar, clara e amena,
que faz uma alma serena
acalentar sonhos de amor.
Lua! desde minha infância,
tu me segues e balbucia
palavras para me enganar.
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Tenhas dó deste teu infeliz,
dando hoje o que sempre quis,
Os meus desejos do passado.
Não me negues, eu te peço,
pois sofri demais, em excesso,
ao me ver tudo sempre negado.
-
Tão jovem ainda sou. Não vês?
Não suporto tal placidez,
tal vida de anseios tantos,
tantos, que não suporto mais.
O que foram feitos dos madrigais
da minha infância sem prantos?
-
A alegria da minha vida
murchou como folha caída.
Conforme os anos passaram,
todas as nossas suaves ilusões
de nossos pobres corações,
Uma por uma, tombaram.
-
Hoje, ao pedir felicidade,
não queres matar a saudade
da vida dos tempos idos.
Não! Não me dixes sofrer!
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MARLY BÁRBARA
"Noite de Luar"

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