terça-feira, 26 de maio de 2009

115 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "



FAUSTO GUEDES TEIXEIRA
Nasceu em 1871, Lamego, Portugal.
Poeta...
Faleceu em 1930...
*
CANTOePALAVRAS
....................................
Eu quero ouvir o coração falar
e não os homens a falar por ele!
enquanto a gente fala, há de parar 
no peito a vida estranha que o impele.
-
-
Independente à forma de o expressar,
o sentimento existe, e ai daquele
coração triste que se julgue dar
na cerração em que a palavra o vele.
-
Astro no peito, é sobre a língua chaga.
Dizer uma alegria ou um tormento
é um mar em que sempre se naufraga.
-
Era a essência de Deus vista e atingida!
Se é a força da vida o sentimento,
Fez-se a palavra pra mentir a vida.
*
"Eu quero ouvir o coração falar"
Fausto Guedes Teixeira

ANTÓNIO ALEIXO
Nasceu a 18 de fevereiro de 1899, signo de aquário,
em Vila Real de Santo António, Portugal.
Pastor, cauteleiro*, poeta . . .
semi analfabeto.
Homenagens: cidade de Loulé, monumento no parque
da cidade, "Café Calcinha" local, onde ele costumava ficar.
Portimão "Escola Secundária Poeta António Aleixo". . .
Faleceu a 16 de novembro de 1949.
*cauteleiro-vendedor de cautelas da loteria(bilhete da loteria).
*
CANTOePALAVRAS
Este Livro que vos deixo . . .; O Auto do Curandeiro;
A Auto da Vida e da Morte;
O Auto do "ti Jaquim"; Inéditos. . .
*
I
Embora os meus olhos sejam,
os mais pequenos do mundo,
o que importa é que eles vejam,
o que os homens são no fundo.
-
Que importa perder a vida,
na luta contra a traição,
se a razão mesmo vencida,
não deixa de ser razão.
-
Vós que lá do vosso império,
prometeis um mundo novo,
calai-vos que pode o povo,
querer um mundo novo a sério.
-
Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas,
lições de filosofia.
**
"Embora os meus olhos sejam"
canção
música e canto de Francisco Fanhais
ANTÓNIO ALEIXO
*
II
Vejo a arte definida
na forma de descrever
o bem ou o mal que a vida
nos faz gozar ou sofrer
-
Um poeta de verdade,
se se souber compreender,
não deve de ter vaidade
de o ser, porque o é sem qu'rer.
-
Ser artista é ser alguém!
Que bonito é ser artista . . .
ver as coisas mais além
do que alcança a nossa vista!
-
A arte é força imanente,
não se ensina, não se aprende,
não se compra, não se vende,
nasce e morre com a gente.
-
A arte é dom de quem cria;
portanto não é artista
aquele que só copia
as coisas que tem à vista.
-
A arte em nós se revela
sempre de forma diferente;
cai no papel ou na tela
conforme o artista sente.
*
"A Arte"
Este Livro que vos Deixo . . .
ANTÓNIO ALEIXO
*
III
Sou humilde, sou modesto;
mas, entre gente ilustrada,
talvez me digam que eu presto,
porque não presto para nada.
-
Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.
-
Não quis que me engradecessem
os meus tão humildes versos;
fi-los p'ra que convertessem
alguns corações perversos.
-
Vinho que vai p'ra vinagre
não retrocede o caminho;
só por obra de milagre,
pode de novo ser vinho.
-
Vivo sempre satisfeito,
pois, mesmo quando a sofrer,
tenho um rouxinol no peito,
que canta p'ra me entreter.
*
"Quadras"
(fragmento)
ANTÓNIO ALEIXO

JOSÉ DURO
Nasceu em 1875, Lisboa, Portugal
Poeta...
Faleceu em 1899, Lisboa, Portugal.
*
CANTOePALAVRAS
.........................................
*
Onde quer que ponho os olhos contristados
- costumei-me a ver o mal em toda a parte - 
não encontro nada que não vá magoar-te,
Ó minh'alma cega, irmã dos entrevados.
-
sexta-feira santa cheia de cuidados,
livro d'Ezequiel. Vontade de chorar-te...
E não ter um pranto, um só, para lavar-te
das manchas do fel, filhas de mil pecados!...
-
Ai do que não chora porque se esqueceu 
como há de chamar as lágrimas aos olhos
na hora amargurada em que precisa delas!
-
Mas é bem mais triste aquele que olha o céu
em busca de Deus, que o livre dos abrolhos,
e só acha a luz das pálidas estrelas...
*
"Dor Suprema"
José Duro
FERNANDO ECHEVERRIA
Fernando Ferreira Echeverria
Nasceu 26 de fevereiro de 1929, signo de peixes
Cabezón de la Sal, Espanha, de origem portuguesa(pai).
Mora sua parte do tempo em Portugal, e escreve a maioria
dos livros em português. Casado com Flor Campino*, poeta. . .
Colaborou com várias revistas.
Homenagens: Grande Prémio de Poesia "Pen Club", 1981 e 1998;
Grande Prémio de Poesia "Inasset", 1987; Grande Prémio de
Poesia "Associação Portuguesa de Escritores", 1991;
Prémio "Eça de Queiroz", 1995; Prémio de Poesia "António
Ramos Rosa", 1998; Prémio "Luis Miguel Nava", 1999;
Prémio "Padre Manuel Antunes", 2005; Prémio D. Dinis, 2007;
Prémio "Sophia de Mello B. Andresen", 2007;
Ordem do "Infante D. Henrique" . . .
*
CANTOePALAVRAS
Entre Dois Anjos, 1956; Tréguas de Amor, 1958;
Sobre as Horas, 1963; Ritmo Real, 1971;
A Base e o Timbre, 1974; Media Vita, 1979;
Fenomelogia, 1984; Poesias, 1956 a 1979;
Sobre os Mortos, 1991; Uso de Penumbra, 1995;
Epifanias, 2006 . . .
*
A velhice é um vento que nos toma
no seu halo feliz de ensombramento.
E em nós depõe do que se deu à obra
sómente o modo de não sentir o tempo,
senão no ritmo interior de a sombra
passar à transparência do momento.
Mas um momento de que braniram horas
o hábito e o jeito de estar vendo
para muito mais longe. Para de onde a obra
surde. E a velhice nos ilumina o vento.
*
"Velhice é um Vento"
Figuras
FERNANDO ECHEVERRIA

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