quarta-feira, 29 de abril de 2009

154 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA /



                                                                NARCISA AMÁLIA
Narcisa Amália de Campos
Nasceu a 03 de abril de 1852, signo de áries.
São João da Barra, Rio de Janeiro, Brasil.
Poetisa, Professora, no Rio de Janeiro, jornalista . . .
Faleceu 24 de junho de 1924.
*
CANTOePALAVRAS
Nebulosas, 1872; Nelúmbia(contos), 1874 . . .
*
I
Calmo, fundo, translúcido, amplo o lago
longe, trêmulo, trêmulo morria,
No seu límpido espelho a ramaria,
curva, de um bosque punha sombra e afago


Terra e céu, ondulando, eram na fria
tela fundidos! O queixume vago
que a água modula, de ambos parecia
solto, ululante, intérmino, pressago!

"Trecho vulgar de sítio abstruso e agreste"
talvez; mas todo o encanto que o reveste
sentisse; contemplasses-lhe a beleza;
comigo ouvisse-lhe a mudez, que fala,
e sorverias no frescor que o embala
todo o alento vital da Natureza!


*
NARCISA AMÁLIA
"O Lago"
▬ 
MARTA DE MESQUITA DA CÂMARA
Nasceu em 1894, Lisboa, Portugal.
Poetiza.
*
CANTOePALAVRAS
............................................
*
Oh! meu amor, escuta, estou aqui.
Pois o teu coração bem me conhece:
eu sou aquela voz que, em tanta prece,
endoideceu, chorou, gemeu por ti!
-
Sou eu, sou eu que ainda não morri
- nem a morte me quer, ao que parece -
e vinha renovar, se inda pudesse,
as horas dolorosas que vivi.
-
Oh! que insensato e louco é quem se ilude!
quis fugir, esquecer-te, mas não pude...
Vê lá do que teus olhos são capazes!
-
Deitando a vista pelo mundo além,
desisto de encontrar na vida um bem
que valha todo o mal que tu me fazes!
*
Marta de Mesquita da Câmara
"Contra-Senso"

▬ 
FERNANDA DE CASTRO
Maria Fernanda Teles de Castro e Quadros
Poetisa....
Nasceu em 1900, em Lisboa, Portugal

*
CANTOePALAVRAS
Antemanhã, 1919; Danças de roda, 1921;
Cidade em Flor, 1924; jardim, 1928;
De aquém e além alma, 1953;
Trinta e nove poemas, 1941; Asa no espaço, 1955;
África raiz, 1967. . .
*
Os anos são degraus: a vida, a escada.
Longa ou curta, só Deus pode medi-la.
E a porta, a grande Porta desejada,
só Deus pode fechá-la,
pode abri-la.
-
São vários os degraus: alguns sombrios,
outros ao Sol, na plena luz dos astros,
com asas de anjos, harpas celestiais;
alguns, quilhas e mastros
nas mãos dos vendavais.
-
Mas tudo são degraus; tudo é fugir
à humana condição.
Degrau após degrau,
tudo é lenta ascensão.
-
senhor, como é possível a descrença,
imaginaram sequer, que ao fim da estrada
se encontre após esta ansiedade imensa
uma porta fechada
- e nada mais?
*
FERNANDA DE CASTRO
"Os Anos são Degraus"
Asas no Espaço
▬ 
ADELAIDE PETTERS LESSA
Nasceu em 1926, São Paulo, Brasil.
Poetisa, pedagoga...
*
CANTOePALAVRAS
.......................................
*
Num dia de luz
mais forte que os outros,
inventou o poeta
a palavra mais clara.
E pôs-se a cantar,
afluente de tudo,
que tudo faz parte
de um único Verso!
*
Adelaide Petters Lessa
"Universo"
▬ 
MARLY DE OLIVEIRA
Nasceu a 11 de junho de 1938, signo de gemeos,
Cachoeira de Itapemirim, Estado de Espirito Santo,
Brasil. . .
Poetiza
Faleceu 01 de junho de 2007.
Homenagens: Premio "Jabuti", 1998; Premio "Alphonsus
de Guimarães",I.N.L.; Premio "Olavo Bilac", Associação
Brasileira de Letras, A.B.L.
Faleceu em 2007.



CANTOePALAVRAS
Explicação de Narciso, 1960; A Suave Pantera", 1962;
Vida Natural, 1967; O Sangue na Veia, 1967;
Contato e Invocação de Orpheu,1975; O Banquete, 1988;
O Mar de Permeio, 1998; Uma Vez Sempre, 2000 . . .
*
I
Sou aquela que cantou
com flauta rústica a vida
natural (já lá vão anos)
e agora vê demolida.
A sua antiga morada,
os jardins suspensos sobre
uma vida malograda,
o pomar (de frutas podres)
um barco no cais parado
da nossa falta de abítrio
são varandas estendidas
lençois ao ar livre.
a nossa falta de tudo
sobre a fingida alegria,
como quadros pendurados,
na casa toda vazia.



MARLY DE OLIVEIRA
"III-1"
O Banquete



II
A incauta primavera
tem um sempre que ineste:
um de espinhos agudo,
um de rosas agreste




-Se fermenta de música
a garganta dos ares,
quê as palavras,
os sonhos singulares?




-E o que é tremulo instante
de luzes desbocadas,
se cavalgam as horas
amplidões limitadas.



MARLY DE OLIVEIRA
"Retorno"
Cerco da Primavera
(Mais Poemas . . . "Os Eternos Momentos de Poetas e
Pensadores da Língua Portuguesa" págs. 010 e 015).
▬ 
ANA SALOMÉ
Ana Catarina Rocha
Nasceu 29 de setembro de 1982, signo de virgem
Lisboa, Portugal
Poetisa, Formou-se em "Estudos Portugueses" Universidade
do Minho, 2006 . . .
*
CANTOePALAVRAS
Anáfora, 2006; Odes, 2008 . . .
*
Só mais uma menina entre outras
E o quadro negro onde escreveu o teu nome a giz
Como erro ortográfico do coração.


Castigo.
Entre nós o alto muro do recreio
E a obrigação de permanecer só.


*
ANA SALOMÉ
"Ode ao Castigo"
Odes
▬ 
HELENA DOMINGUES
Maria Helena Pontes Pedro Mendes Domingues
Nasceu 23 de dezembro de 1942, signo de capricórnio,
Lisboa, Portugal.
Poetisa, Doutorou-se em "Línguas e Literaturas Modernas na Variante
de Português/Francês", na Universidade Nova de Lisboa, Portugal,
Membro do Movimento Internacional "Poetas Del Mundo".
Professora e escreve para vários jornais e revistas.
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
*
Sonhei ser poeta por um dia
Atingir alturas de condor.
Viver entre os eleitos
E sentir
Seus sentires, sua dor
De dar vida ao poema.
Foi breve o sonho
E curto o vôo
Poeta não sou
Apenas se me soltam dos dedos
Palavras incompletas
Sem aroma nem cor
Palavras mutiladas
(mal) Ditas
Palavras de dor
Que atiro ao vento . . .
E o vento as levou
Poeta não sou.
*
HELENA DOMINGUES
"Eclipse de um sonho"
▬ 
ADÉLIA PRADO
Adélia Luzia Prado Freitas
Nasceu a 13 de Dezembro de 1935, signo de sagitário
Divinópolis, Estado de Minas Gerais, Brasil.
Poetisa, Doutorou-se em Filosofia, na Faculdade "Filosofia, Ciências
e Letras" de Divinópolis, 1973.
Professora, jornalista . . .
Homenagens: Prémio "Jabuti", 1978.
*
CANTOePALAVRAS
Bagagem, 1976; Coração Disparado, 1978;
Soltem os Cachorros(prosa), 1979;
Cacos para um Vitral(prosa), 1980;
A Faca no Peito, 1988; Pelicano, 1987; Poesia
Reunida, 1991; O Homem da Mão Seca(prosa), 1994;
Oráculos da Maio, 1999; Filandras, 2001;
A Duração do Dia, 2010. . .


*
I
Hoje estou velha como quero ficar
sem nenhuma estridência.
Dei os desejos todos memória
e rasa xícara de chá
*
ADÉLIA PRADO
" Trégua "
Bagagem
▬ 
IDA LAURA
Nasceu em São Paulo, Brasil.
Psicologa, pela Universidade de São Paulo, U.S.P.,
foi presidente da "Associação Paulista de Críticos de
Arte", A.P.C.A..
Como crítica de cinema, fez muito sucesso.
Faleceu 22 de agosto de 2008.
*
CANTOePALAVRAS
A Mãe e o Irrevogável, 1957; Curupira de Branco,
Leda e a Garça, 1959; Lobisomen(cinema), 1960;
Poema Ciclico, 1962; Antecipação, 1963;
Caos e Renascimento, 1980 . . .
*
I
Por que
a ilha cósmica
-
assim
em trevas
-
a nova idade
transformada
-
em caos
-
a visão terrestre
-
cindiciona o ser
-
prisioneiro
-
entre pássaros de aço
imobilizados
-
etá
Homem
-
e vindo da própria sombra
-
seu duplo
-
é o fantasma que o contempla.
*
Pensamento: O Homem, imobilizado,
surge na sua segunda
forma, que é uma sombra
*
IDA LAURA
"Por quê?"
Caos e Renascimento
*
II
As gerações
de hoje
sustentarão
-
as gerações
futuras
as que virão antes
as que virão depois de antes
-
as gerações
sucedem
as gerações
-
e as gestações
-
serão
-
um dia
-
o que hoje não são
-
e mais do foram
-
antes.
*
Pensamento: O mundo
de amanhã talvez
possa ser mais
equilibrado que o
de hoje.
*
IDA LAURA
"Geração"
Caos e Renascimento
▬ 
DINAH NASCIMENTO
Nasceu no Brasil . . .


CANTOePALAVRAS
Garimpos de Sonhos, 1967; Pedaços da Vida, 1965;
Minha Pequena Hora Grande, 1976; Entre as
Estrelas e o Vento, 1974; Esqueceste de Lembrar, 1971;
Sorrisos Perdidos, 1966; Aves de Cristal, 1968 . . .
*
I
Estrêla é maior que a noite.
Andorinha absorveu o dia.
Flôres estão sorrindo
sorrisos que nunca tive.
-
Poeta feito de sonho
meio gente, meio ave.
Você sente, você escuta
cantigas que ninguém sabe.
-
Entende os grilos serrando
os seus frascos de cristal.
entende a noite chorando
no meio do lodaçal.
-
Os pirilampos voando
são estrêlas junto ao chão.
Fôlha sôlta é asa quebrando
vida que vai de roldão.
-
Vozes sem falas humanas
dando amor aos capinzais.
Outros ouvidos não ouvem
concêrtos tão desiguais . . .
*
DINAH NASCIMENTO
Fragmento
Garimpos de Sonhos
*
II
Poeta, cala, não fales.
O que adianta lhes contar?
Que adianta dizer ao mundo?
Ninguém vai acreditar.
-
Dizer que estrêlas são olhos
perdidos na escuridão.
Dizer que flôres são almas
fugindo da escravidão.
-
Dizer que existe perfume
nos cabelos da manhã.
Dizer que a garoa é sonho
e que a lua é nossa irmã.
-
Que adianta falar aos homens
sôbre os caminhos que se encontra
vagando de déo em déo.
-
É coisa que não se compre.
É tudo que não se dá.
Isso o homem não entende.
Poeta, deixa pra lá!
*
DINAH NASCIMENTO
Fragmento
Garimpo de Sonhos
*
III
O Sol parece feliz
clareando flôres rosa
que cobrem o caramanchão
e formando chão de flôres
tão separado do chão!
Milhares de borboletas
de todo tamanho e côr
bailam felizes no ar
em sinfonias de amor.
O tico-tico travêsso
fêz seu ninho no chão.
Os filhotes pequeninos
sem mesmo saber voar
vão pulando sôbre a grama
num incerto saltitar.
O dia passa depressa.
Chega a tarde pensativa
Vem falando de nós dois.
O mundo desaparece
fica sómente você!
*
DINAH NASCIMENTO
Fragmento
Garimpos de Sonhos
*
IV
Perdoa-me por ser humana
por não ser rosa nem vento.
Ser somente criatura
alma, corpo, pensamento.
-
Ao nascerem as estrêlas
nessas horas de ninguém,
escrava e dona do eterno
eu quero você também.
-
Mas em sonho ou acordada
nunca encontro você.
Se escrevo, falo ou pergunto
você não ouve nem vê.
Se choro, canto ou lamento
você não sabe porquê.
*
DINAH NASCIMENTO
Fragmento
Garimpos de Sonhos
▬ 
BEATRIZ AZEVEDO
Nasceu em São Paulo, Brasil,
Cursou "Artes Cênicas na U.N.I.C.A.M.P.,Brasil.
Poeta, Compositora . . .
*
CANTOePALAVRAS
Peripatético; Tudo Quanto Arde; Idade da Pedra, 2002. . .
*
I
Minha aura é violeta
Minha alma é vidente
Minha casa é violenta
Minha cama é violeta
Minha calma é violenta
Minha arte é vidente
-
Minha asa é violeta
*
BEATRIZ AZEVEDO
(fragmento)
Idade da Pedra
*
II
No meu canteiro
. . . . . de maria sem-vergonha
-
O vagalume
. . . . . .sonha.
*
BEATRIZ AZEVEDO
(fragmento)
Idade da Pedra





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