quarta-feira, 29 de abril de 2009

153 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "



FERNANDO GUEDES
Manuel Fernando Ayres Guedes da Silva
Nasceu em 01 de julho de 1928, signo de câncer.
Na cidade do Porto, Portugal. Poeta, participou de varias
revistas como "Graal" e "Portucale". . .

CANTOePALAVRAS
Espera, 1948; O poeta, 1950;
Vinte canções voltadas a norte, 1956;
A viagem de Ícaro, 1960; Caule, flor e fruto, 1960. . .

Intercepção globular
No ponto infinitamente repetido
a existência cessa
em cada instante.

Aqui, No caule ou na folha,
no golpe da enxada,
em mim ou em ti,
no lento mover da roda, no fruto,
construí a cidade.

Ceifaras no campotodo odia
e de noite vieste ao meu encontro.
Entre o que foi e o que será
Alterou-se o número
e a posição do movimento.
Nas ruas desertas
furtivos espreitam os velhos
pelos óculos das portas.
Viram-te chegar,
sabem a cor dos teus olhos
e vão dizer que és pura,
quando fôr meio-dia,
junto à porta grande da cidade.

Não importa que sejas estrangeira
- sou eu tua nação.
Procurei-te entre as casas,
na roda movente,
entre os grãos de milho torturado;
passei o bosque, orio,
adormecida te encontrei
no espaço absoluto,
no vazio sempre pronto a mais vazio,
e, crescidos, teus cabelos eram um rebanho de cabras
deixando a planície.

Sete rosas marcaram tua vida,
dispostas em losangos, dois losangos:
seis flores úmidas, uma de bondade,
brancas, flores brancas.

Quem te encontrar saberá
que existe um corpo existindo na distância,
fora de nós,
para lá de Andrômeda,
contemporâneo do passado,
permanente na sucessão ilimitada e necessária,
uniformente transeunte.

FERNANDO GUEDES
"

A Flor"
Caule, Flor e Fruto
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LIBERTO CRUZ
Liberto da Fonseca Liberto Cruz
(Álvaro Neto, pseudónimo)
Nasceu 1935, Sintra, Portugal.
Poeta, professor . . .
Licenciou-se em Filologia Românica, Faculdade de Letras,
Universidade de Lisboa, 1959.
Homenagens: "Prix National Blaise Cendars", Vanes, Bretanha, França.
*
CANTOePALAVRAS
Cadernos de Encargos; Biografia de Júlio Diniz;
Sequências, 2000 . . .
*
. . . . . . . . . . . . . . . . .
Na paz súbita do canto
me surpreendo
em manso aviso
e, insone embarco
na jangada incerta,
-
Não isentas, as veias sabem
e em silêncio depõem,
de coragem, rios.
E a calma é tão fecunda
que adolescente, parto
-
Na secreta angústia,
serena, a memória me confina
e válido, num grito me anuncio.
*
LIBERTO CRUZ
"Nevoea Sintaxe"(trecho).
▬▬
DANIEL FARIA
Daniel Augusto da Cunha Faria
Nasceu a 10 de abril de 1971, signo de áries,
Baltar, Paredes, Portugal.
Poeta, formou-se em "Estudos Portugueses", Faculdade de
Letras, Universidade do Porto, Portugal, e Teologia
Universidade Católica Portuguesa.
Viveu no "Mosteiro de São Bento da Vitória, Portugal.
Homenagens: Prémio "Nuno Meireles", 1990;
Premio "Sebastião Salgado", 1991; Premio "D. António
Ferreira Gomes", 1992; Premio "Fundação Manuel Leão",
1998; Premio "Teixeira de Pascoaes", 2004 . . .
Foi instituído o Premio "Daniel Faria", Câmara Municipal
de Penafiel, Portugal.
Faleceu 09 de junho de 1999.
*
CANTOePALAVRAS
Uma Cidade com Muralha, 1991; Oxálida, 1992;
A Casa dos Ceifeiros, 1993; Explicação da Árvore
e de Outros Animais, 1998; A Vida e Conversão de
Frei Agostinho, 1999 . . .
*
Amei a vida
Como se fora um castigo
-
Cantei-a
como se fora um feitiço
-
Agora chora
Esse canto calado
Sacie-te a voz
Agasalhe-te o pranto
-
Que fizeste no Verão?
Vendeste o teu canto?
-
Não vendi
Dei-o às aves
A qualquer viandante
-
Oh leva-me flores
quando já o meu corpo
caído não cante.
*
DANIEL FARIA
"Cigarra"

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