▬▬
»1184«
ÁLVARO ALVES DE FARIA
Nasceu em 1942, São Paulo, Brasil
Jornalista, TV, rádio . . .
Homenagens: Prémio "Jabuti", 1976 e 1983;
Prémio Especial "A.P.C.A." , 1988 e 1989 . . .
*
CANTOePALAVRAS
Noturno-Maior, 1963; Tempo Final, 1964;
O Sermão do Viaduto, 1965; Quatro Cantos de
Pavor e Alguns Poemas Desesperados, 1973;
O Defunto(novela), 1976; Em Legítima Defesa, 1978;
A Faca No Ventre(romance), 1979;
Salve-se Quem Puder Que o Jardim Está Pegando
Fogo(teatro), 1979; Motivos Alheios, 1983; Autópsia
(romance), 1986; Amor à Brasileira(contos), 1987;
Mulheres do Shopping, 1988; Lindas Mulheres Mortais, 1990 . . .
*
I
Palavras caem da boca
como pedaços de ferro
escorrem pelo lábio
como escamas de peixes
caem das pálpebras
e das imagens dos olhos
as palavras caem
as palavras caem
as palavras caem
na própria inutilidade.
*
ÁLVARES ALVES DE FARIA
"A Nau da Inconseqüência"
O Azul Irremediável
*
II
Flautas tocam no fundo do poço
a música
que não se compreende.
As flautas
adormecidas nos jardins.
Em 1997 haverá uma orquestra
de pessoas tristes
nas escadarias do nada,
violinos invisíveis
em sonatas que não existem.
O mês de maio atravessa a janela
como se fosse uma faca.
As facas não são meses nem são dias,
as facas não são.
Bocas mortas sopram palavras
mas as frases não conseguem nascer.
*
ÁLVARO ALVES DE FARIA
"15 Elegias para o Futuro"
O Azul Irremediável
*
III
Inútil querer construir
o poema
com palavras invisíveis.
Os poetas não tiram mais fotografias
como antigamente.
Vejo uma foto de Drummond
Bandeira Vinícius Quintana
e ainda Paulo Mendes Campos
segurando o cigarro com os dedos da mão
esquerda.
Bandeira usa óculos de lentes grossas
Vinícius raiban
e Drummond de aros finos.
Quintana está de pulôver gravata
e meias de lã.
Não tiram mais fotos já que
estão mortos nos álbuns de retratos.
Inútil construir um poema
sem qualquer informação,
sem estrutura e sem desejo.
Os poetas ainda pensam nesta foto de 1963
e é como se falassem
vivos e lúcidos
sem nenhum constrangimento.
*
ÁLVARO ALVES DE FARIA
"Odes necessárias"
Azul Irremediável
*
IV
A guitarra portuguesa
toca um fado um poema
uma história de amor
com rimas tristes
e palavras feridas.
A guitarra portuguesa
esquece a cantora
com xale negro
que se contorce dramática
entre cordas e acordes
do guitarrista
que pensa apenas
em partir para o Brasil
no ano que vem.
*
ÁLVARO ALVES DE FARIA
"Delírios sem Qualquer afeto"
Azul Irremediável
( Mais Poemas . . ."Donde borbota, minha Saudade", pág. 194).
"Bromélia"
Foto LuisD.
▬▬
»1185«
DANIEL DE LUCCAS
Foto LuisD.
▬▬
»1185«
DANIEL DE LUCCAS
Nasceu a 07 de agosto de 1939, signo de leão,
São Paulo, Brasil.
Estudou Direito no Largo São Francisco, U.S.P., São Paulo, 1965.
Advogado,compositor, poeta, professor, radialista . . .
*
CANTOePALAVRAS
Brasília e o Vira-Lata(censurado); Fatia do Amanhã, 1985 . . .
*
I
Saudade, o que é?
um som uma sombra,
um vento?
Ardente desejo
de ter entre os braços
um vulto moreno?
-
Saudade o que é?
Um grito de dor
que a alma sufoca e detém
na masmorra da angústia?
-
Saudade comprime,
saudade oprime,
saudade aflige,
saudade amordaça
a fúria do amor.
-
Saudade repele
o termo de hoje,
a luz do amanhã
-
Saudade enfraquece
as cordas vitais
Saudade enclausura
o ardor do vivente
-
E o homem que sobe,
que desce, que anda,
que corre, que vive,
que age, que sonha,
delira no azul,
se aquece no verde e
persegue o amarelo,
se vê consumido,
pequeno, algemado,
ferido, indefeso
ante a avalanche
da eterna saudade.
-
Não sabe o que é
não sabe explicar,
não faz seu retrato,
mas sofre
e quanto!!!!
*
DANIEL DE LUCCAS
"Saudade"
Fatia do Amanhã
*
II
E, no transtorno de um amor profundo
que, de ilusões, talvez, se corrompesse
vai o poeta se alentar, no mundo:
o amor não houve alguém que merecesse.
-
E passo a passo, o sentimento imundo
mostra-se altivo, como se vivesse
em messe honrada, mas, é vagabundo,
e o vagabundo em honrada messe.
-
É repelido e refutado o amor,
que tenho na alma, por não ter valor,
no coração de quem o amor perdeu,
-
Tu não mereces meu amor, bem sei,
mas, neste mundo, só a ti encontrei.
Não o mereces, mas o amor é teu.
*
DANIEL DE LUCCAS
"Amor Porque Amo"
Fatia do Amanhã
▬▬
»1186«
EMÍLIO MOURA
Emílio Guimarães Moura
Nasceu a 14 de agosto de 1902, signo de leão,
Dores do Indaiá, Estado de Minas Gerais, Brasil.
Fez Direito, na Universidade Federal de Minas Gerais.
Homenagens: Prémio "Pen Club" do Brasil, 1969;
Prémio "Poesia do Instituto Nacional do Livro", 1969 . . .
Faleceu, em 28 de setembro de 1971.
*
CANTOePALAVRAS
Ingenuidade, 1931;anto da Hora Amarga, 1936;
Cancioneiro, 1945; O Espelho e a Musa, 1949; Poesia, 1953;
O Instante e o Eterno, 1961; O Itinerário Poético, 1970. . .
*
I
A vida que não tive
morre em mim até hoje.
Chega, límpida, pura,
sorri, pálida, foge.
-
A vida que não tive
salta, viva, de tudo.
Se me sorri nos olhos,
com que ilusão me iludo.
-
A vida que não tive
é o que há de mim em mim,
chama, orvalho, segredo
do nunca de onde vim.
*
EMÍLIO MOURA
"Lamento em Voz Baixa"
Antologia Poética
*
II
Por que tantas palavras,
tatear aflito,
ao mar infinito?
-
O mar silencia,
o vento não fala,
a bruma tão fria.
-
Por que ainda procuro,
se tudo me fixa
entre a noite e o muro?
*
EMÍLIO MOURA
"Entre a Noite e o Muro"
Antologia Poética
*
III
De repente volta
o que nem sei se foi
sonhado ou vivido
Que apêlo me chega
desta voz que emerge
de tão fundas águas?
Alguém já perdido
no fundo dos tempos?
Meu anjo vencido?
Meu duplo secreto?
Que vívido apêlo
me chama, me grita
ou me divida em tantos
que nenhum seja eu?
-
Nem eu, nem ninguém.
*
EMÍLIO MOURA
"Poema"
Antologia Poética
▬▬
»1187«
SOSÍGENES COSTA
Nasceu em 14 de novembro de 1901, signo de escorpião,
Belmonte, Estado da Bahia, Brasil.
Participou de um grupo literário chamado
"Academia dos Rebeldes", em Salvador, Bahia,
entre 1927 e 1931, participou deste grupo outros
como Jorge Amado e Dias da Costa . . .
Seu corpo, faleceu em 05 de novembro de 1968.
*
CANTOePALAVRAS
Obra Poética, 1959 . . .
*
I
Jardim de rosas para mim é a noite
e o céu é um campo de abrasadas sarças,
quando o dragão vibra na luz o açoite
e foge o Sol para o país das garças.
-
Lilás nas rosas, se aproxima a noite.
Que importa a trava se há o lilás nas sarças?
Antes que o grifo nos jardins se amoite,
há mil roseiras pelos céus esparsas.
-
Dragão de plumas se aproxima: É a treva.
E eis que se queima nas ardentes sarças.
E foi-se a treva. Ainda há o dragão co'o açoite.
-
E antes que o grifo a esta rosal se afoite
(mar de delícias é o jardim sem treva)
todo me envolvo no lilás da noite.
*
SOSÍGENES COSTA
"Jardim de Encantos é o Lilás da Noite"
Poesia Completa
*
II
A estrela d'alva
suspende a lua
na hora em que a lua
nasce no mar.
-
Suspensa nos raios
da estrela d'alva,
a lua sobe
molhada de orvalho,
derrando orvalho
nos olhos do mar.
-
A lua sobe
puxada a correntes
de dentro das ondas
para o infinito.
-
E eis que o Sol,
saindo do mar,
toma nos braços
o corpo da lua:
das mãos da estrela
arrebata a lua
e o raio do Sol
suspende a lua.
E a estrela d'alva
desaparece,
pérola diluída
em vinho do Egito.
A estrela d'alva
desaparece
no louro copo
do vinho do dia.
-
E o raio do Sol
suspende a lua
até a lua
chegar ao zênite,
de onde a lua
começa a descer
como um balão
de fogo apagado,
e vai caindo
tão devagar!
ai tão devagar!
até cair
no mar do ocidente.
*
SOSÍGENES COSTA
"O Raio do Sol Suspende a Lua"
Poesia Completa
▬▬
»1188«
ALBERTO DOS ANJOS COSTA
Nasceu em São Paulo, Brasil.
Doutorou-se em Direito. . .
*
CANTOePALAVRAS
Odisseias Poéticas . . .
*
Retratos fixando
o presente em passado
momentos imortalizando
o sentir confessado.
-
Pretérito em lembrança
assentando a saudade,
justapondo nuanças,
lançando a verdade.
-
Alegrias fotografadas,
em sorrisos instigantes,
tristezas disfarçadas,
atenuadas por instantes.
-
Átimos perpetuados,
em doce recordação,
viver rememorado,
induzindo emoção.
-
Imagens remetendo
detalhes esquecidos,
lágrimas vertendo,
relembrando estes queridos.
-
Tempo cristalizado,
ressurgido no apreciar
existir eternizado,
refletindo o extasiar
*
ALBERTO DOS ANJOS COSTA
"Imagens"
Odisseia Poética
▬▬
»1189«
JOAQUIM CARDOZO
Joaquim Maria Moreira Cardozo
Nasceu a 26 de agosto de 1897, signo de virgem,
Recife, Estado de Pernambuco, Brasil.
Doutorou-se em Engenharia, 1930.
Trabalhou com Oscar Niemeyer e outros famosos. . .
*
CANTOePALAVRAS
Poemas, 1947; Prelúdio e Elegia de uma Despedida, 1952;
Signo Estrelado, 1960; O Coronel de Macambira, 1963;
De uma Noite de Festa, 1971 . . .
*
I
Figuras do vento
Nos ares divinos
São finos cabelos
Na luz. Movimento
De puras miragens,
Imagens, modelos
De formas vazias;
São vôos imensos,
Perdidos no espaço
Por noutes e dias.
-
São ventos profanos
Rompendo, mugindo,
Lavrando no mar;
São ventos lavrando,
São bois de charrua,
São gênios que ceifam
Searas na lua
E animam sementes
Que irão germinar.
-
São ventos feridos,
São ventos antigos,
saudades de amigos,
Lembranças, rumores;
São ventos irados
De pele gelada
Batendo em meu rosto,
Marchando em rajada,
Rufando tambores.
-
São ventos, são vozes,
São queixas veladas
Nos vales de rosa,
Nos lagos de aurora
Nos golfos de mel;
Às vezes as vozes
São mágoas passadas
E às vezes soturnas
Nas furnas rugindo
Encerram mistérios
Ungidas, sagradas
De sombra e de fel.
-
No entanto que importa
Que o vento que passa
Segredos me faça
De histórias bem feias
De fadas somente
Contadas a mim!
Eu quero é dormir
No frio das águas
Nos braços das algas
No amor das sereias
Dos mares sem fim.
*
JOAQUIM CARDOZO
"Figuras do Vento"
Poemas
*
II
Pisando na areia fina
Passaste de lado a lado,
Agora te vejo rindo
No espaço recuperado.
-
Marchaste, enfim, resoluta
Sobre cascalho e restolhos,
Chegaste à fonte do vidro,
Nas águas banhaste os olhos.
-
Depois ficaste indecisa,
Quase inumana e confusa,
Moldando gestos dolentes
Na cera da luz difusa.
-
Cuidado! Há sempre um sorriso
De irrefletida maldade:
As coisas se estão reunindo
Por detrás da realidade.
-
Num brilho de claro céu
- Lampejo de meio-dia,
Unidos, iluminados,
Orgulho e melancolia,
-
Neves do tempo dos anjos;
Véus de noivas e de monjas,
Bem tramados, bem tecidos
De renúncias e lisonjas.
-
Comparo, combino, arrisco
Passagens procuro e êsmo
Sobre o profundo intervalo
Que vai de mim a mim mesmo.
-
Lua cheia, emoldurada,
Semblante da claridade
Luzindo as asas de um vôo
Recluso na intimidade.
-
De diamantes ou de praia?
Ou são cristais de adulárias?
- Este é o fiel da balança
Entre as paixões solitárias.
*
JOAQUIM CARDOZO
"O Espelho"
Poemas
*
III
Feliz Dezembro!
Prusão de verdes novos
As cajázeiras todas se enfolharam,
Sobre os telhados voando as andorinhas;
Feliz Dezembro!
Como vai florido este verão!
Sombra de nuvem corre pela estrada,
Sombras de árvores curvando-se recuam, rastejam:
Negros escravos do Sol;
Eu vejo os subúrbios tranqüilos,
A paz dominical entre os homens e as coisa,
As casas brancas de telhados de biqueira
E fico a pensar e a sentir
Dentro da minha tristeza espiritualizada.
-
Tenho a suspeita de um talvez feliz,
Vaga incerteza de um prazer antigo.
Ah! Desejo de lembrar coisa esquecida,
Raras, remotas, imprecisas volúpias de segredo e de saudade.
*
JOAQUIM CARDOZO
"Dezembro"
Poemas
*
IV
O meu canto é de Sol...
É de verão florindo
Os jardins tropicais:
De túnicas vermelhas
Flamboyants cardeais!
-
O meu canto é de Sol...
É de manhã nascente
Em profuso verão:
- Púrpuras de jambeiros
Atirados no chão!
-
É de Sol, é de sal
Desse mar nordestino
Suas cores abrindo
Como um pavão!
-
O meu canto é de Sol!
*
JOAQUIM CARDOZO
"O meu canto é de Sol"
Signo Estrelado
*
V
Como te chamas pequena chuva inconstante e breve?
Como te chamas, dize, chuva simples e leve?
Tereza? Maria?
Entra, invade a casa, molha o chão,
Molha a mesa e os livros.
Sei de onde vens, sei por onde andaste.
Vens dos subúrbios distantes, dos sítios aromáticos
Onde as mangueiras florescem, onde há cajus e mangabas,
Onde os coqueiros se aprumam nos baldes dos viveiros
E em noites de lua cheia passam rondando os maruins.
Lama viva, espírito do ar noturno do mangue.
Invade a casa, molha o chão,
Muito me agrada a tua companhia,
Porque eu te quero muito bem, doce chuva,
Quer te chames Tereza ou Maria.
*
JOAQUIM CARDOZO
"Chuva de Caju"
Poemas
*
VI
Ventos, puídos ventos!
gastos no seu tecido,
Trapos que se penduram
Moles da verde palha.
Ventos, puídos ventos
Que a tarde em cinza espalha.
-
Vento sobre os coqueiros,
De agônicas lembranças,
Como passa banzeiro
Sobre as copas mais altas,
Em desleixados voos
De pássaros pernaltas.
-
Ventos, que pára-ventos
Poderiam deter-vos?
Folhagem de longínquos
Adeuses adejantes;
De marginais outonos
Noturnos caminhantes!
-
Vento sobre os coqueiros,
Tristezas do alto mar,
Murmúrio gotejante
Entre as folhas molhadas;
Vento sobre os coqueiros
Em ondas desmanchadas.
-
Essas que o vento vêm
Belas chuvas de junho!
Que saias lhes vestiram
O corpo em pele fria?
Deixando ver somente
Saudade e maresia.
-
ventos, naves de vento,
Cargueiros de amarugens;
Colhendo os sons aflitos
Desse afrontado mar
Fazeis a voz dolente
Que além ouço cantar.
-
Ventos, puídos ventos!
*
JOAQUIM CARDOZO
"Ventos , Puídos Ventos"
Signo Estrelado
▬▬
*
IV
O meu canto é de Sol...
É de verão florindo
Os jardins tropicais:
De túnicas vermelhas
Flamboyants cardeais!
-
O meu canto é de Sol...
É de manhã nascente
Em profuso verão:
- Púrpuras de jambeiros
Atirados no chão!
-
É de Sol, é de sal
Desse mar nordestino
Suas cores abrindo
Como um pavão!
-
O meu canto é de Sol!
*
JOAQUIM CARDOZO
"O meu canto é de Sol"
Signo Estrelado
*
V
Como te chamas pequena chuva inconstante e breve?
Como te chamas, dize, chuva simples e leve?
Tereza? Maria?
Entra, invade a casa, molha o chão,
Molha a mesa e os livros.
Sei de onde vens, sei por onde andaste.
Vens dos subúrbios distantes, dos sítios aromáticos
Onde as mangueiras florescem, onde há cajus e mangabas,
Onde os coqueiros se aprumam nos baldes dos viveiros
E em noites de lua cheia passam rondando os maruins.
Lama viva, espírito do ar noturno do mangue.
Invade a casa, molha o chão,
Muito me agrada a tua companhia,
Porque eu te quero muito bem, doce chuva,
Quer te chames Tereza ou Maria.
*
JOAQUIM CARDOZO
"Chuva de Caju"
Poemas
*
VI
Ventos, puídos ventos!
gastos no seu tecido,
Trapos que se penduram
Moles da verde palha.
Ventos, puídos ventos
Que a tarde em cinza espalha.
-
Vento sobre os coqueiros,
De agônicas lembranças,
Como passa banzeiro
Sobre as copas mais altas,
Em desleixados voos
De pássaros pernaltas.
-
Ventos, que pára-ventos
Poderiam deter-vos?
Folhagem de longínquos
Adeuses adejantes;
De marginais outonos
Noturnos caminhantes!
-
Vento sobre os coqueiros,
Tristezas do alto mar,
Murmúrio gotejante
Entre as folhas molhadas;
Vento sobre os coqueiros
Em ondas desmanchadas.
-
Essas que o vento vêm
Belas chuvas de junho!
Que saias lhes vestiram
O corpo em pele fria?
Deixando ver somente
Saudade e maresia.
-
ventos, naves de vento,
Cargueiros de amarugens;
Colhendo os sons aflitos
Desse afrontado mar
Fazeis a voz dolente
Que além ouço cantar.
-
Ventos, puídos ventos!
*
JOAQUIM CARDOZO
"Ventos , Puídos Ventos"
Signo Estrelado
▬▬
»1190«
FAUSTINO NASCIMENTO
António Faustino Nascimento
Nasceu a 13 de dezembro de 1901, signo de sagitário
Missão Velha, Estado de Ceará, Brasil.
Bacharel na Faculdade de Direito da Universidade
do Ceará, Brasil. . .
*
CANTOePALAVRAS
Juvenilia, 1927; As Cosmoganias(prosa), 1929;
Paisagens Sonoras, 1937; Ritmos do Novo Continente, 1939;
Elogio do Amor e da Ilusão, 1941; Cantos da Paz e da
Guerra, 1943; O Refúgio Sublime, 1945; Exortação, 1949;
O Sonho do Fauno, 1950; Cântico ao Nordeste, 1954;
Caminhos do Infinito, 1956; A Fonte de Afrodite, 1958;
O Cântico a Brasília, 1958; A Vida, o Amor e a Ilusão, 1962;
A Terra de Israel(prosa), 1967; Sinfonia do Universo, 1968 . . .
*
Vindo, talvez do espaço azul sem fim
minúsculo helicóptero encantado
penetrou nos rosais do meu jardim,
onde, entre as flores, se quedou parado,
-
Depois, vibrando as asas de setim,
num ritmo docemente acelerado,
librou-se no ar girando assim e assim
o mistério mensageiro alado.
-
Que mensagens trará do céu à terra,
tendo a escolher, de um lado, a morte e a guerra
e, do outro lado, a vida. a paz o amor?
-
Como, entre rosas, cogitar de espinhos,
quem só dedica às flores seus caminhos
e é por isso, chamado Beija-Flor?!
*
FAUSTINO NASCIMENTO
"O Beija-Flor"
Sinfonia do Universo
*
*
(Foto "Meu Jardim" LuisD.)
▬▬
»1191«
JORGE DE LIMA
Jorge Mateus de Lima
Nasceu a 23 de abril de 1893, signo de touro,
em União dos Palmares, interior do Estado de Alagoas,
Jorge Mateus de Lima
Nasceu a 23 de abril de 1893, signo de touro,
em União dos Palmares, interior do Estado de Alagoas,
Brasil. Formou-se em Medicina no Rio de Janeiro
e foi professor de "Literatura Luso-Brasileira",
na Universidade do Distrito Federal, 1937.
Poeta, romancista, ensaísta, jornalista, médico
e pintor!!!. . .
Estilo Modernista, Parnasiano ao Surreal Cristianismo.
e foi professor de "Literatura Luso-Brasileira",
na Universidade do Distrito Federal, 1937.
Poeta, romancista, ensaísta, jornalista, médico
e pintor!!!. . .
Estilo Modernista, Parnasiano ao Surreal Cristianismo.
Faleceu a 15 de novembro de 1953.
*
CANTOePALAVRAS
CANTOePALAVRAS
O Acendedor de Lampiões (soneto), 1907;
XIV Alexandrinos, 1914; O Mundo do Menino
Impossível, 1925; Poemas, 1927; Novos Poemas, 1929;
XIV Alexandrinos, 1914; O Mundo do Menino
Impossível, 1925; Poemas, 1927; Novos Poemas, 1929;
Poemas Escolhidos, 1932; Tempo e Eternidade, 1935;
A Túnica Inconsútil, 1938; Poemas Negros, 1947;
Livro de Sonetos, 1949; Obra Poética, 1950;
A Túnica Inconsútil, 1938; Poemas Negros, 1947;
Livro de Sonetos, 1949; Obra Poética, 1950;
Invenção de Orfeu, 1952;
A Comédia dos Erros, 1923;
Salomão e as Mulheres (romance), 1927;
Dois Ensaios, 1929;
O Anjo (romance), 1934; Calunga (romance), 1935;
Anchieta (ensaio), 1934;
História da Terra e da Humanidade (história), 1937;
O Anjo (romance), 1934; Calunga (romance), 1935;
Anchieta (ensaio), 1934;
História da Terra e da Humanidade (história), 1937;
A Mulher Obscura (romance), 1939;
Vida de São Francisco de Assis (biografia), 1942;
Vida de Santo António (biografia), 1947
Vida de Santo António (biografia), 1947
Guerra Dentro do Beco (romance), 1950. . .
*
*
I
Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüe dum meu avô
uma negra bonitinha
chamada negra Fulô.
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
- Vai forrar a minha cama,
Pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!
-
Essa negra Fulô!
-
Essa negrinha Fulô
ficou logo pra mucama,
para vigiar a Sinhá
pra engomar pro Sinhô!
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
-
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que estou com sono, Fulô!
-
Essa negra Fulô!
-
"Era um dia uma princesa
que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Entrou na perna dum patp
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco."
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô? Ó Fulô?
Vai botar para dormir
esses meninos, Fulô!
"Minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou."
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Fulô? Ó Fulô?
(Era a fala da Sinhá
chamando a Negra Fulô.)
Cadê meu frasco de cheiro
que teu Sinhô me mandou?
-
- Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
-
O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor
A negra tirou a roupa.
-
O Sinhô disse: Fulô!
( A vista se escureceu
que nem a negra Fulô.)
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê meu lenço de rendas
cadê meu cinto, meu broche,
cadê meu trço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou.
Ah! foi você que roubou.
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
O Sinhô foi açoitar
sózinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dele pulou
nuinha a negra Fulô.
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê, cadê teu Sinhô
que nosso Senhor me mandou?
Ah! foi você que roubou,
foi você, negra Fulô?Essa negra Fulô!
*
JORGE DE LIMA
"Essa Negra Fulô"
*
Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüe dum meu avô
uma negra bonitinha
chamada negra Fulô.
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
- Vai forrar a minha cama,
Pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!
-
Essa negra Fulô!
-
Essa negrinha Fulô
ficou logo pra mucama,
para vigiar a Sinhá
pra engomar pro Sinhô!
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
-
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que estou com sono, Fulô!
-
Essa negra Fulô!
-
"Era um dia uma princesa
que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Entrou na perna dum patp
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco."
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô? Ó Fulô?
Vai botar para dormir
esses meninos, Fulô!
"Minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou."
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Fulô? Ó Fulô?
(Era a fala da Sinhá
chamando a Negra Fulô.)
Cadê meu frasco de cheiro
que teu Sinhô me mandou?
-
- Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
-
O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor
A negra tirou a roupa.
-
O Sinhô disse: Fulô!
( A vista se escureceu
que nem a negra Fulô.)
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê meu lenço de rendas
cadê meu cinto, meu broche,
cadê meu trço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou.
Ah! foi você que roubou.
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
O Sinhô foi açoitar
sózinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dele pulou
nuinha a negra Fulô.
-
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
-
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê, cadê teu Sinhô
que nosso Senhor me mandou?
Ah! foi você que roubou,
foi você, negra Fulô?Essa negra Fulô!
*
JORGE DE LIMA
"Essa Negra Fulô"
*
II
Dentro da noite, da tempestade,
a nau misteriosa lá vai.
O tempo passa, a maré cresce,
o vento uiva.
A nau misteriosa lá vai.
Acima dela
que mão é essa maior que o mar?
Mão de piloto?
Mão de quem é?
A nau mergulha,
o mar é escuro,
o tempo passa.
Acima da nau
a mão enorme
sangrando está.
A nau lá vai.
O mar transborda,
as terras somem,
caem estrelas.
A nau lá vai.
Acima dela
a mão eterna
lá está.
*
JORGE DE LIMA
"A Mão Enorme"
Obra Poética
III
Zefa, chegou o Inverno!
Formigas-de-asas e tanajuras!
Chegou o Inverno!
Lama e mais lama,
chuva e mais chuva, Zefa!
Vai nascer tudo, Zefa!
Vai haver verde,
verde do bom,
verde nos galhos,
verde na terra,
verde em ti, Zefa,
que eu quero bem!
Formigas-de-asas e tanajuras!
O rio cheio,
barrigas cheias,
mulheres cheias, Zefa!
Águas nas locas,
pitus gostosos,
carás, cabojes,
e chuva e mais chuva!
Vai nascer tudo:
milho, feijão,
até de novo
teu coração, Zefa!
Formigas-de-asas e tanajuras!
Chegou o Inverno!
Chuva e mais chuva!
Vai casar tudo,
moça e viúva!
Chegou o Inverno!
Covas bem fundas
pra enterrar cana;
cana-caiana e flor-de -cuba!
Terra tão mole
que as enxadas
nela se afundam
com olho e tudo!
Leite e mais leite
pra requeijões!
Cargas de imbu!
Em junho o milho,
milho e canjica pra São João!
E tudo isto, Zefa. . .
E mais gostoso
que isso tudo:
noites de frio,
lá fora o escuro,
lá fora a chuva,
trovão, corisco,
terras caídas,
corgos gemendo,
os caburés gemendo,
os caburés piando, Zefa!
Os cururus cantando, Zefa!
Dentro da nossa
casa de palha:
carne-de-sol
chia nas brasas,
farinha-d'água,
café, cigarro,
cachaça, Zefa, , ,
. . .rede gemendo . . .
-
Tempo gostoso!
Vai nascer tudo!
Lá fora chuva,
chuva e mais chuva,
trovão, corisco,
terras caídas
e vento e chuva
chuva e mais chuva!
Mas tudo isso, Zefa,
vamos dizer,
só com poderes
de Jesus Cristo!
*
JORGE DE LIMA
"Inverno"
Novos Poemas
▬▬
III
Zefa, chegou o Inverno!
Formigas-de-asas e tanajuras!
Chegou o Inverno!
Lama e mais lama,
chuva e mais chuva, Zefa!
Vai nascer tudo, Zefa!
Vai haver verde,
verde do bom,
verde nos galhos,
verde na terra,
verde em ti, Zefa,
que eu quero bem!
Formigas-de-asas e tanajuras!
O rio cheio,
barrigas cheias,
mulheres cheias, Zefa!
Águas nas locas,
pitus gostosos,
carás, cabojes,
e chuva e mais chuva!
Vai nascer tudo:
milho, feijão,
até de novo
teu coração, Zefa!
Formigas-de-asas e tanajuras!
Chegou o Inverno!
Chuva e mais chuva!
Vai casar tudo,
moça e viúva!
Chegou o Inverno!
Covas bem fundas
pra enterrar cana;
cana-caiana e flor-de -cuba!
Terra tão mole
que as enxadas
nela se afundam
com olho e tudo!
Leite e mais leite
pra requeijões!
Cargas de imbu!
Em junho o milho,
milho e canjica pra São João!
E tudo isto, Zefa. . .
E mais gostoso
que isso tudo:
noites de frio,
lá fora o escuro,
lá fora a chuva,
trovão, corisco,
terras caídas,
corgos gemendo,
os caburés gemendo,
os caburés piando, Zefa!
Os cururus cantando, Zefa!
Dentro da nossa
casa de palha:
carne-de-sol
chia nas brasas,
farinha-d'água,
café, cigarro,
cachaça, Zefa, , ,
. . .rede gemendo . . .
-
Tempo gostoso!
Vai nascer tudo!
Lá fora chuva,
chuva e mais chuva,
trovão, corisco,
terras caídas
e vento e chuva
chuva e mais chuva!
Mas tudo isso, Zefa,
vamos dizer,
só com poderes
de Jesus Cristo!
*
JORGE DE LIMA
"Inverno"
Novos Poemas
▬▬
»1192«
RONALD DE CARVALHO
Nasceu a 16 de maio de 1893, signo de touro,
no Rio de Janeiro, Brasil.
Fazia parte da revista portuguesa "Orpheu".
Participou da "Semana de Arte Moderna", 22...
RONALD DE CARVALHO
Nasceu a 16 de maio de 1893, signo de touro,
no Rio de Janeiro, Brasil.
Fazia parte da revista portuguesa "Orpheu".
Participou da "Semana de Arte Moderna", 22...
Faleceu 15 de fevereiro de 1935.
*
CANTOePALAVRAS
*
CANTOePALAVRAS
Luz Gloriosa,1913; Poemas e Sonetos, 1919;
Epigramas Irônicos e Sentimentais, 1922;
O Espelho de Ariel, 1923; Jogos Pueris, 1926;
Toda América, 1926; Pequena História da Literatura Brasileira. . .
*
I
Cria o teu ritmo a cada momento.
Ritmo grave ou límpido ou melancólico;
ritmo de flauta desenhando no ar imagens claras
de bosques, de águas múrmuras, de pés ligeiros e de asas;
ritmo de harpas,
ritmo de bronzes,
ritmo de pedras,
ritmo de colunas severas ou risonhas,
ritmo de estátuas,
ritmo de montanhas,
ritmo de ondas,
ritmo de dor ou ritmo de alegria!
Não esgotes jamais a fonte da tua poesia,
enche a bilha de barro ou o cântaro de granito
com o sangue da tua carne e as vozes do teu espírito!
Cria o teu ritmo livremente,
como a natureza cria as árvores e as ervas rasteiras.
-
Cria o teu ritmo e criarás o mundo!
*
RONALD DE CARVALHO
"Teoria"
Epigramas Irônicos e Sentimentais
*
II
Para um destino incerto caminhamos,
Tontos de luz, dentro de um sonho vão;
E finalmente, a glória que alcançamos
Nem chega a ser uma desilusão!
-
Levanta-se da sombra, entre altos ramos,
Como um fumo a subir, lento, do chão,
A distância que tanto procuramos,
E os nossos braços nunca atingirão. . .
-
Mas um dia, perdidos, hesitantes,
A alma vencida e farta, as mãos tateantes,
De repente, paramos de lutar;
-
E ao nosso olhar, cansado de amargura,
As montanhas têm muito mais de altura,
O céu mais astros, e mais água o mar!
*
RONALD DE CARVALHO
"Vida"
Poemas e Sonetos
Toda América, 1926; Pequena História da Literatura Brasileira. . .
*
I
Cria o teu ritmo a cada momento.
Ritmo grave ou límpido ou melancólico;
ritmo de flauta desenhando no ar imagens claras
de bosques, de águas múrmuras, de pés ligeiros e de asas;
ritmo de harpas,
ritmo de bronzes,
ritmo de pedras,
ritmo de colunas severas ou risonhas,
ritmo de estátuas,
ritmo de montanhas,
ritmo de ondas,
ritmo de dor ou ritmo de alegria!
Não esgotes jamais a fonte da tua poesia,
enche a bilha de barro ou o cântaro de granito
com o sangue da tua carne e as vozes do teu espírito!
Cria o teu ritmo livremente,
como a natureza cria as árvores e as ervas rasteiras.
-
Cria o teu ritmo e criarás o mundo!
*
RONALD DE CARVALHO
"Teoria"
Epigramas Irônicos e Sentimentais
*
II
Para um destino incerto caminhamos,
Tontos de luz, dentro de um sonho vão;
E finalmente, a glória que alcançamos
Nem chega a ser uma desilusão!
-
Levanta-se da sombra, entre altos ramos,
Como um fumo a subir, lento, do chão,
A distância que tanto procuramos,
E os nossos braços nunca atingirão. . .
-
Mas um dia, perdidos, hesitantes,
A alma vencida e farta, as mãos tateantes,
De repente, paramos de lutar;
-
E ao nosso olhar, cansado de amargura,
As montanhas têm muito mais de altura,
O céu mais astros, e mais água o mar!
*
RONALD DE CARVALHO
"Vida"
Poemas e Sonetos
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