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»1202«
CAETANO DA COSTA ALEGRE
Nasceu 25 de abril de 1864, signo de touro.
Vila da Trindade, Ilha de São Tomé, São Tomé e Principe.
Pertencia a família crioula.
Faleceu 18 de abril de 1890.
CANTOePALAVRAS
Versos . . .
*
Negra gentil, carvão mimoso e lindo
Donde o diamante sai,
Filha do Sol, estrela queimada,
Pelo calor do Pai,
-
Encosta o rosto, cândido e formoso,
Aqui no peito meu,
Dorme, donzela, rola abandonada,
Porque te velo eu.
-
Não chores mais, criança enxuga o pranto,
sorri-te para mim,
Deixa-me ver as perolas brilhantes,
Os dentes de marfim,
-
No teu divino seio existe oculta
Mal sabes quanta luz
Que absorve a tua escurecida pele,
Que tanto me seduz,
-
Eu gosto de te ver negra e meiga
E acentinada cor,
Porque me lembro, ó Pomba, que és queimada
Pelas chamas do amor;
-
Que outrora foste neve e amaste um lírio,
Pálida flor do vale,
Fugiu-te o lírio: um triste amor queimou-te
O Seio virginal.
-
Não chores mais, criança, a quem eu amo,
Ó lindo querubim,
O amor é como a rosa, porque vive
No campo, ou no jardim.
-
Tu tens, o meu amor ardente, e basta
Para seres feliz,
Ama a violeta que a violeta adora-te
Esquece o flor-de lis.
*
CAETANO DE COSTA ALEGRE
"A Negra"
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»1203«
EUGÉNIO TAVARES
Nasceu em 05 de novembro de 1867, signo de escorpião,
EUGÉNIO TAVARES
Nasceu em 05 de novembro de 1867, signo de escorpião,
Ilha Brava, Cabo Verde, Costa da África Ocidental. . .
Faleceu 01 de julho de 1930.
*
CANTOePALAVRAS
Manijas; Fadinhos, 18996; Em Viagem, 1907;
Mal de Amor, Coroa de Espinhos, 1916; Amor que salva, 1916;
Os Cossacos, 1918; Mornas;Cantigas Crioulas, 1932. . .
*
I
¹ Hora di bai
Hora di dor
Ja'n q'ré
Pa el ca manchê!
De cada bêz
Que 'n ta lembrâ,
Ma'n q'ré
Ficâ 'n morrê.
*
*
CANTOePALAVRAS
Manijas; Fadinhos, 18996; Em Viagem, 1907;
Mal de Amor, Coroa de Espinhos, 1916; Amor que salva, 1916;
Os Cossacos, 1918; Mornas;Cantigas Crioulas, 1932. . .
*
I
¹ Hora di bai
Hora di dor
Ja'n q'ré
Pa el ca manchê!
De cada bêz
Que 'n ta lembrâ,
Ma'n q'ré
Ficâ 'n morrê.
*
¹ "Vocabulário (Crioulo), Guiné- Bissau", pág. L
*
EUGENIO TAVARES
"Hora di bai."
Mornas, Cantigas Crioulas.
*
II
Oh! mar eterno sem fundo
Sem fim
Oh! mar de túrbidas vagas
Oh, mar!
De ti e das bocas do mundo
a mim
Só me vem dores e pragas
Oh, mar!
-
Que mal te fiz. Oh mar, Oh mar.
Que ao ver-me pões-te a arfar, a arfar.
Quebrando as ondas tuas.
De encontro às rochas nuas.
-
Suspende a zanga um momento
Escuta
A voz do meu sofrimento
Na luta
Que o amor acende em meu peito
Desfeito
De tanto amar e penar
Oh mar!
-
Que até parece Oh mar, Oh mar
Um coração a arfar, a arfar
Em ondas pelas fráguas
Quebrando as suas máguas
Dá-me notícias do meu amor,
Amor
que um dia os ventos do céu
Oh dor!
Nos seus braços furiosos
Levaram
E ao meu sorriso, invejosos,
Roubaram.
-
Não mais voltou ao lar, ao lar
Não mais o vi Oh mar, Oh mar
Mar fria sepultura
Desta minha alma escura.
-
Roubas-te a luz querida
Do amor.
E me deixaste sem vida
No horror
Oh alma da tempestade
Amansa.
Não me leves a saudade
E a esperança.
-
Que esta saudade, é quem, é quem
Me ampara tão fiel, fiel
É como a doce mãe Suavíssima e cruel.
-
Mas máguas desta aflição
Que agita
Meu infeliz coração.
Bendita
Bendita seja a esperança
Que ainda
Lá me promete a bonança
Tão linda!
*
EUGÊNIO TAVARES
"Canção ao Mar"
Mornas, Cantigas Crioulas
EUGENIO TAVARES
"Hora di bai."
Mornas, Cantigas Crioulas.
*
II
Oh! mar eterno sem fundo
Sem fim
Oh! mar de túrbidas vagas
Oh, mar!
De ti e das bocas do mundo
a mim
Só me vem dores e pragas
Oh, mar!
-
Que mal te fiz. Oh mar, Oh mar.
Que ao ver-me pões-te a arfar, a arfar.
Quebrando as ondas tuas.
De encontro às rochas nuas.
-
Suspende a zanga um momento
Escuta
A voz do meu sofrimento
Na luta
Que o amor acende em meu peito
Desfeito
De tanto amar e penar
Oh mar!
-
Que até parece Oh mar, Oh mar
Um coração a arfar, a arfar
Em ondas pelas fráguas
Quebrando as suas máguas
Dá-me notícias do meu amor,
Amor
que um dia os ventos do céu
Oh dor!
Nos seus braços furiosos
Levaram
E ao meu sorriso, invejosos,
Roubaram.
-
Não mais voltou ao lar, ao lar
Não mais o vi Oh mar, Oh mar
Mar fria sepultura
Desta minha alma escura.
-
Roubas-te a luz querida
Do amor.
E me deixaste sem vida
No horror
Oh alma da tempestade
Amansa.
Não me leves a saudade
E a esperança.
-
Que esta saudade, é quem, é quem
Me ampara tão fiel, fiel
É como a doce mãe Suavíssima e cruel.
-
Mas máguas desta aflição
Que agita
Meu infeliz coração.
Bendita
Bendita seja a esperança
Que ainda
Lá me promete a bonança
Tão linda!
*
EUGÊNIO TAVARES
"Canção ao Mar"
Mornas, Cantigas Crioulas
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»1204«
VIRIATO DA CRUZ
Viriato Francisco Clemente da Cruz
Nasceu a 25 de março de 1928, signo de áries,
Porto Amboim, kikuvo, Angola, África.
Envolvido com política em Angola, foi jornalista. . .
*
CANTOePALAVRAS
POemas, 1947 a 1950 . . .
*
Na noite morna, escura de breu,
Enquanto a vasta sanzala do céu,
De volta de estrelas quais fogaréus,
Os anjos escutam parábolas de santos . . .
-
Na noite de breu,
Ao quente da voz
De suas avós,
Meninos se encantam
de contos bantus . . .
-
" Era uma vez uma corça
Dona de cabra sem macho
-
. . . Matreiro, o cágado lento
Tuc . . . Tuc . . . foi entrando
Para o conselho animal . . .
( -"Tão tarde que ele chegou!")
Abriu a boca e falou -
Deu a sentença final:
"Não tenham medo da força!
se o leão o alheio retém
- Luta ao mal! Vitória ao Bem!
- tira-se ao leão, dê-se à corça"
-
Mas quando lá fora
O vento irado nas frestas chora
E ramos xuaxalha de altas mulembas
E portas bambas batem em massembas
Os meninos se apertam de olhos abertos:
-Eué
- É casumbi . . .
-
E a gente grande -
Bem perto dali
Feijão descascando para a quitanda -
Gente grande com gosto ri . . .
-
Com gosto ri, porque ela diz
Que o casumbi males só faz
A quem não tem amor, aos mais
Seres buscam, em regra noite
Essa outra voz de casumbi
Essa outra voz - Felicidade . . .
*
VIRIATO DA CRUZ
" Serão de Menino "
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»1205«
FLÁVIO SILVESTRE
Fernando da Costa Andrade
Nasceu a 12 de abril de 1936, signo de áries,
em Lépi, Angola, África Ocidental. . .
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . .
*
Brancos flocos de algodão,
em fundo azul celeste;
castelos de oiro e prata,
eis daquilo que se veste
a minha etérea visão.
Sinto a aragem passar . . .
levemente, mensamente . . .
Quem me dera eternamente,
ter em mim essa miragem,
de que é rainha formosa
a tua graça de rosa,
a graça da tua imagem . . .
*
FLÁVIO SILVESTRE
" Miragem "
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»1206«
PAPINIANO CARLOS
Papiniano Manuel Carlos de Vasconcelos Rodrigues
Nasceu em 1918, Maputo(Lourenço Marques), capital
de Moçambique, África Oriental.
Engenheiro pela Faculdade de Engenharia, da Universidade
do Porto, Portugal.
Colaborou com a revista "Seara" . . .
*
CANTOePALAVRAS
Esbôço, 1942; Estrada Nova, 1946; Mãe Terra, 1949;
As Florestas e os Ventos, 1952; Caminhos Serenos, 1957 . . .
*
Belo é florir os galhos
das velhas árvores.
E ver chegar as aves
que voltam do sul.
Belo é o sangue rubro
dum lanho fresco,
e o riso que nasce
das nossas palavras.
Belo é ovir da manhã
Sôbre os telhados nus
das cidades brancas.
E mais belo ainda
Que este Sol visível
enflorando, amor,
teus longos cabelos
de guizos dourados;
mais belos que os ventos
cavalgando as nuvens
e dizendo-nos: vinde!,
e que o meu gênio abrindo
suas asas nos céus:
-
Mai belo que o fluir
silente desta célula
fluindo nos cosmos:
Mais belo, amor,
que a tua própria beleza
-
é este Sol invisível,
rútilo, no fundo de nós.
*
PAPINIANO CARLOS
"Cântico"
As Florestas e os Ventos"
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»1207«
FRANCISCO BORJA DA COSTA
Nasceu 14 de outubro de 1946 signo de libra.
Manatuto, Timor-Leste, Ásia.
Jornalista, compositor do "Hino Nacional Timor-Leste,
»Pátria«, 1975".
Maior parte de sua obra literárica foi escrita em
vocabulário "Tétum"¹.
No dia da invasão , pela Indonésia, foi assassinado.
Faleceu 07 de dezembro de 1975.
(¹ Vocabulário Tétum- Portugues, pág. XLVII.)
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
*
Calai
Montes
Vales e fontes
Regatos e ribeiros
Pedras dos caminhos
E ervas do chão,
Calai
-
Calai
Pássaros do ar
E ondas do mar
Ventos que sopram
Nas praias que Sobram
De terra de ninguém,
Calai
-
Calai
Canas e Bambus
àrvores e "ai-rús"
Palmeiras e capim
Na verdura sem fim
Do pequeno Timor
Calai
-
Calai
Calai-vos e calem-nos
POR UM MINUTO
É tempo de silêncio
No silêncio do Tempo.
Ao tempo de vida
Dos que perderam a vida
Pela Pátria
Pela Nação
Pelo Povo
Pela nossa
Libertação
Calai- UM MINUTO DE SILÊNCIO
*
FRANCISCO BORJA DA COSTA
"Um Minuto de Silêncio"
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»1208«
JOSÉ CARLOS SCHWARZ
Nasceu 06 de dezembro de 1949, signo de sagitário.
Bissau, Guiné-Bissau, África.
Poeta músico, compositor.
Cantava em crioulo, fundou o grupo musical "Cobiana Diazz"
Morreu num desastre de avião, em Cuba. . .
Faleceu 27 de Maio 1977.
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
*
Antes de partir
Encherei meus olhos, a minha memória
Do verde(verde, verde!) do meu País
Para que quando tomado pela saudade
verde seja a esperança
Do regresso breve
Antes de partir
Encherei os meus ouvidos, a minha memória
Do palpitar que esmorece, enquanto a noite
Cresce sobre a cidade e no campo
Feito o silêncio dos homens e dos rádis . . .
*
JOSÉ CARLOS SCHWARZ
"Antes de Partir"
Antologia Poética da Guiné-Bissau
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»1209«
ALMIR MARTINS
Nasceu a 21 de julho de 1952, signo de câncer,
Imbituba, Estado de Santa Catarina, Brasil .
Membro da "Academia Sul Catarinense de Letras". . .
*
CANTOePALAVRAS
Quem é Voce, 1978; Catástrofe Imbitudense, 1987;
Na Voz do Solêncio, 1988; Revelação, 1989 . . .
*
Através do Tempo
Contemplamos a faceta
Do trajeto, em linha torta.
-
Ser sangue e cor na vida
E um beijo na espera.
E um ladrão atrás da porta.
*
ALMIR MARTINS
" Sangue e Cor "
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»1210«
FLAVIANO MINDELA DOS SANTOS
Nasceu 17 de abril de 1968, signo de áries.
Bissau, Guiné-Bissau, África.
Desenhista, poeta, fotografo.
Autodidacta . . .
"Community School of Hackney", Londres, Inglaterra.
Atualmente, mora em Portugal.
Homenagens: Prémio "Amilcar Cabral".
Exposições: "Institut Franco-Portugais", Lisboa, Portugal, 2002;
"Universidade Lusíadas", Lisboa, Portugal, 2003;
"Palácio Nacional da Cultura", Évora, Portugal, 2005 . . .
*
CANTOePALAVRAS
Dinheru di Abota . . .
*
No djunta
Na sabi
No djunta
Kassabi.
Na um mon
No findi
Fidida
K fidi
No tchon.
*
"Vocabulário (crioulo) Guiné-Bissau", pág. LI
*
FLAVIANO MINDELA DOS SANTOS
"Ermondali"
Dinheru di Abota
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