quarta-feira, 11 de março de 2009

171 - Eugênio Tavares " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA"


»1202«
CAETANO DA COSTA ALEGRE
Nasceu 25 de abril de 1864, signo de touro.
Vila da Trindade, Ilha de São Tomé, São Tomé e Principe.
Pertencia a família crioula.
Faleceu 18 de abril de 1890.
CANTOePALAVRAS
Versos . . .
*
Negra gentil, carvão mimoso e lindo
Donde o diamante sai,
Filha do Sol, estrela queimada,
Pelo calor do Pai,
-
Encosta o rosto, cândido e formoso,
Aqui no peito meu,
Dorme, donzela, rola abandonada,
Porque te velo eu.
-
Não chores mais, criança enxuga o pranto,
sorri-te para mim,
Deixa-me ver as perolas brilhantes,
Os dentes de marfim,
-
No teu divino seio existe oculta
Mal sabes quanta luz
Que absorve a tua escurecida pele,
Que tanto me seduz,
-
Eu gosto de te ver negra e meiga
E acentinada cor,
Porque me lembro, ó Pomba, que és queimada
Pelas chamas do amor;
-
Que outrora foste neve e amaste um lírio,
Pálida flor do vale,
Fugiu-te o lírio: um triste amor queimou-te
O Seio virginal.
-
Não chores mais, criança, a quem eu amo,
Ó lindo querubim,
O amor é como a rosa, porque vive
No campo, ou no jardim.
-
Tu tens, o meu amor ardente, e basta
Para seres feliz,
Ama a violeta que a violeta adora-te
Esquece o flor-de lis.
*
CAETANO DE COSTA ALEGRE
"A Negra"
»1203«
EUGÉNIO TAVARES
Nasceu em 05 de novembro de 1867, signo de escorpião,
Ilha Brava, Cabo Verde, Costa da África Ocidental. . .
Faleceu 01 de julho de 1930.
*
CANTOePALAVRAS
Manijas; Fadinhos, 18996; Em Viagem, 1907;
Mal de Amor, Coroa de Espinhos, 1916; Amor que salva, 1916;
Os Cossacos, 1918; Mornas;Cantigas Crioulas, 1932. . .
*
I
¹ Hora di bai
Hora di dor
Ja'n q'ré
Pa el ca manchê!
De cada bêz
Que 'n ta lembrâ,
Ma'n q'ré
Ficâ 'n morrê.
*
¹ "Vocabulário (Crioulo), Guiné- Bissau", pág. L
*
EUGENIO TAVARES
"Hora di bai."
Mornas, Cantigas Crioulas.
*
II
Oh! mar eterno sem fundo
Sem fim
Oh! mar de túrbidas vagas
Oh, mar!
De ti e das bocas do mundo
a mim
Só me vem dores e pragas
Oh, mar!
-
Que mal te fiz. Oh mar, Oh mar.
Que ao ver-me pões-te a arfar, a arfar.
Quebrando as ondas tuas.
De encontro às rochas nuas.
-
Suspende a zanga um momento
Escuta
A voz do meu sofrimento
Na luta
Que o amor acende em meu peito
Desfeito
De tanto amar e penar
Oh mar!
-
Que até parece Oh mar, Oh mar
Um coração a arfar, a arfar
Em ondas pelas fráguas
Quebrando as suas máguas
Dá-me notícias do meu amor,
Amor
que um dia os ventos do céu
Oh dor!
Nos seus braços furiosos
Levaram
E ao meu sorriso, invejosos,
Roubaram.
-
Não mais voltou ao lar, ao lar
Não mais o vi Oh mar, Oh mar
Mar fria sepultura
Desta minha alma escura.
-
Roubas-te a luz querida
Do amor.
E me deixaste sem vida
No horror
Oh alma da tempestade
Amansa.
Não me leves a saudade
E a esperança.
-
Que esta saudade, é quem, é quem
Me ampara tão fiel, fiel
É como a doce mãe Suavíssima e cruel.
-
Mas máguas desta aflição
Que agita
Meu infeliz coração.
Bendita
Bendita seja a esperança
Que ainda
Lá me promete a bonança
Tão linda!
*
EUGÊNIO TAVARES
"Canção ao Mar"
Mornas, Cantigas Crioulas
»1204«
VIRIATO DA CRUZ
Viriato Francisco Clemente da Cruz
Nasceu a 25 de março de 1928, signo de áries,
Porto Amboim, kikuvo, Angola, África.
Envolvido com política em Angola, foi jornalista. . .
*
CANTOePALAVRAS
POemas, 1947 a 1950 . . .
*
Na noite morna, escura de breu,
Enquanto a vasta sanzala do céu,
De volta de estrelas quais fogaréus,
Os anjos escutam parábolas de santos . . .
-
Na noite de breu,
Ao quente da voz
De suas avós,
Meninos se encantam
de contos bantus . . .
-
" Era uma vez uma corça
Dona de cabra sem macho
-
. . . Matreiro, o cágado lento
Tuc . . . Tuc . . . foi entrando
Para o conselho animal . . .
( -"Tão tarde que ele chegou!")
Abriu a boca e falou -
Deu a sentença final:
"Não tenham medo da força!
se o leão o alheio retém
- Luta ao mal! Vitória ao Bem!
- tira-se ao leão, dê-se à corça"
-
Mas quando lá fora
O vento irado nas frestas chora
E ramos xuaxalha de altas mulembas
E portas bambas batem em massembas
Os meninos se apertam de olhos abertos:
-Eué
- É casumbi . . .
-
E a gente grande -
Bem perto dali
Feijão descascando para a quitanda -
Gente grande com gosto ri . . .
-
Com gosto ri, porque ela diz
Que o casumbi males só faz
A quem não tem amor, aos mais
Seres buscam, em regra noite
Essa outra voz de casumbi
Essa outra voz - Felicidade . . .
*
VIRIATO DA CRUZ
" Serão de Menino "
»1205«
FLÁVIO SILVESTRE
Fernando da Costa Andrade
Nasceu a 12 de abril de 1936, signo de áries,
em Lépi, Angola, África Ocidental. . .
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . .
*
Brancos flocos de algodão,
em fundo azul celeste;
castelos de oiro e prata,
eis daquilo que se veste
a minha etérea visão.
Sinto a aragem passar . . .
levemente, mensamente . . .
Quem me dera eternamente,
ter em mim essa miragem,
de que é rainha formosa
a tua graça de rosa,
a graça da tua imagem . . .
*
FLÁVIO SILVESTRE
" Miragem "
»1206«
PAPINIANO CARLOS
Papiniano Manuel Carlos de Vasconcelos Rodrigues
Nasceu em 1918, Maputo(Lourenço Marques), capital
de Moçambique, África Oriental.
Engenheiro pela Faculdade de Engenharia, da Universidade
do Porto, Portugal.
Colaborou com a revista "Seara" . . .
*
CANTOePALAVRAS
Esbôço, 1942; Estrada Nova, 1946; Mãe Terra, 1949;
As Florestas e os Ventos, 1952; Caminhos Serenos, 1957 . . .
*
Belo é florir os galhos
das velhas árvores.
E ver chegar as aves
que voltam do sul.
Belo é o sangue rubro
dum lanho fresco,
e o riso que nasce
das nossas palavras.
Belo é ovir da manhã
Sôbre os telhados nus
das cidades brancas.
E mais belo ainda
Que este Sol visível
enflorando, amor,
teus longos cabelos
de guizos dourados;
mais belos que os ventos
cavalgando as nuvens
e dizendo-nos: vinde!,
e que o meu gênio abrindo
suas asas nos céus:
-
Mai belo que o fluir
silente desta célula
fluindo nos cosmos:
Mais belo, amor,
que a tua própria beleza
-
é este Sol invisível,
rútilo, no fundo de nós.
*
PAPINIANO CARLOS
"Cântico"
As Florestas e os Ventos"
»1207«
FRANCISCO BORJA DA COSTA
Nasceu 14 de outubro de 1946 signo de libra.
Manatuto, Timor-Leste, Ásia.
Jornalista, compositor do "Hino Nacional Timor-Leste,
»Pátria«, 1975".
Maior parte de sua obra literárica foi escrita em
vocabulário "Tétum"¹.
No dia da invasão , pela Indonésia, foi assassinado.
Faleceu 07 de dezembro de 1975.
(¹ Vocabulário Tétum- Portugues, pág. XLVII.)
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
*
Calai
Montes
Vales e fontes
Regatos e ribeiros
Pedras dos caminhos
E ervas do chão,
Calai
-
Calai
Pássaros do ar
E ondas do mar
Ventos que sopram
Nas praias que Sobram
De terra de ninguém,
Calai
-
Calai
Canas e Bambus
àrvores e "ai-rús"
Palmeiras e capim
Na verdura sem fim
Do pequeno Timor
Calai
-
Calai
Calai-vos e calem-nos
POR UM MINUTO
É tempo de silêncio
No silêncio do Tempo.
Ao tempo de vida
Dos que perderam a vida
Pela Pátria
Pela Nação
Pelo Povo
Pela nossa
Libertação
Calai- UM MINUTO DE SILÊNCIO
*
FRANCISCO BORJA DA COSTA
"Um Minuto de Silêncio"
»1208«
JOSÉ CARLOS SCHWARZ
Nasceu 06 de dezembro de 1949, signo de sagitário.
Bissau, Guiné-Bissau, África.
Poeta músico, compositor.
Cantava em crioulo, fundou o grupo musical "Cobiana Diazz"
Morreu num desastre de avião, em Cuba. . .
Faleceu 27 de Maio 1977.
*
CANTOePALAVRAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
*
Antes de partir
Encherei meus olhos, a minha memória
Do verde(verde, verde!) do meu País
Para que quando tomado pela saudade
verde seja a esperança
Do regresso breve
Antes de partir
Encherei os meus ouvidos, a minha memória
Do palpitar que esmorece, enquanto a noite
Cresce sobre a cidade e no campo
Feito o silêncio dos homens e dos rádis . . .
*
JOSÉ CARLOS SCHWARZ
"Antes de Partir"
Antologia Poética da Guiné-Bissau
»1209«
ALMIR MARTINS
Nasceu a 21 de julho de 1952, signo de câncer,
Imbituba, Estado de Santa Catarina, Brasil .
Membro da "Academia Sul Catarinense de Letras". . .
*
CANTOePALAVRAS
Quem é Voce, 1978; Catástrofe Imbitudense, 1987;
Na Voz do Solêncio, 1988; Revelação, 1989 . . .
*
Através do Tempo
Contemplamos a faceta
Do trajeto, em linha torta.
-
Ser sangue e cor na vida
E um beijo na espera.
E um ladrão atrás da porta.
*
ALMIR MARTINS
" Sangue e Cor "
»1210«
FLAVIANO MINDELA DOS SANTOS
Nasceu 17 de abril de 1968, signo de áries.
Bissau, Guiné-Bissau, África.
Desenhista, poeta, fotografo.
Autodidacta . . .
"Community School of Hackney", Londres, Inglaterra.
Atualmente, mora em Portugal.
Homenagens: Prémio "Amilcar Cabral".
Exposições: "Institut Franco-Portugais", Lisboa, Portugal, 2002;
"Universidade Lusíadas", Lisboa, Portugal, 2003;
"Palácio Nacional da Cultura", Évora, Portugal, 2005 . . .
*
CANTOePALAVRAS
Dinheru di Abota . . .
*
No djunta
Na sabi
No djunta
Kassabi.
Na um mon
No findi
Fidida
K fidi
No tchon.
*
"Vocabulário (crioulo) Guiné-Bissau", pág. LI
*
FLAVIANO MINDELA DOS SANTOS
"Ermondali"
Dinheru di Abota

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