domingo, 23 de novembro de 2008

197 - 14 "NEGRAS CAPAS. . .POETAS DE COIMBRA




ANCHIETA
José de Anchieta
Nasceu a 19 de março de 1534, signo de peixes,
natural de Tenerife, Canárias, África.
O pai espanhol e a mãe, indígena.
Em Coimbra, estudou, vindo para o Brasil(1553).

CANTOePALAVRAS
Auto de Santa Úrsula(teatro), 1577; Na aldeia de Guarapari
(teatro),1580; Arte da Gramática da Lingua Tupi, 1595;
Poema da Virgem. . .

Se bem considero, tu, ó santa virgenzinha,
és a "ÁRVORE" da vida,
fértil de frutos eternos,
cujas raízes se escondem nas entranhas da terra,
cujas franças sublimes chegam às estrelas do céu,
Cujos braços sombreiam o nascente e o poente,
e tudo abrigam de um ao outro pólo.
Sob tuas ramagens proteges tudo o que respira:
amam tua sombra os homens,
amam-na as próprias feras.
Aos bons tu dás a sombra de tua paz
e aos maus que se achegam não negas teu frescor.
Eis que de contínuo me abrasa o fogo das paixões:
em tuas largas ramagens,
acolhe-me, ó árvore toda amenidade;
oxalá possa eu, qual celeste avezinha,
Desferir radiante nos tues ramos
trinados divinos,
quais soltam em inesgotável melodia
os que teu amor incendeia
na fornalha do coração.
São esses que tanto gostam de sondar
os abismos de tuas virtudes
medindo os passos pelos teus vestígios.

Tu és o BÁCULO,
que susténs as débeis forças
e não deixas cair no laço os pés vacilantes.
Não tema desgraça quem em ti se apóia e firma,
quem confia à tua guarda corpo e alma.
Olha como todo se esvai o meu vigor,
como os joelhos fracos me vacilam:
estende-me teu braço
para que estes pés trementes não resvalem.

Tu és COLINA,
onde fértil floresta reborbulha em fontes,
onde o cheiroso incenso, do tronco, lacrimeja.
Este odor refocila os vivos e restitui à vida
os que arrebatou a morte inexorável
Ele sarou minha alma
corroída pelos vermes infernais
e levantou meu rosto do lodaçal infecto.

És o DEPÓSITO de água viva
Donde decorrem para todo o mundo
os canais dda divina fonte.
Como de manancial inesgotável
de ti deriva o celeste e transbordante arroio,
que pelos campos estéreis se derrama.
Mergulha-me, eu te rogo, nessas águas vitais,
para que o fogo infernal não me torre as entranhas.

És a verdadeira EFÍGIE,
és o retrato da divina formosura,
cujo esplendor eterno refulge em teu semblante.
Nela como em terso espelho se refletem
a perfeição, a inteligência, as virtudes todas
do Ser onipotente.
Imprime em nosso coração, ó Imaculada,
a formosa imagem de tua vida casta!

És o FOGO celeste,
que carbonizas com chama veloz os nossos crimes
e abrasa no inferno a Lúcifer vencido.
O teu nome, ó Virgem,
desbarata, a terra e precipita no abismo
as côrtes do mal.
Teu nome, ó Maria, ao desencadear-se a guerra,
ser-me-á raio que prosta, dardo que fulmina.

És a GEMA da pérola,
que vences em fulgor os afogueados rubis
e fazes relampejar o áureo palácio de Deus.
És a jóia fulgente que não tem preço:
toda a sua beleza haurem de ti o céu e a terra.
Tu bordas de reflexos deslumbrantes
os corações que te amam
e os fazes dignos do olhar dadivoso de Deus.

Tu és a INFUSA
que derramas torrentes de óleo benéfico
e enches de substancioso licor todos os vasos.
Com ele paga o triste devedor as suas dívidas,
dele tira com que viver eternamente.
Tornas-me rijos para a luta os membros enferniços,
ungindo-os com o óleo da piedade.

Tu és o JÁCULO
que nos cravas amorosamente o peito
e nos rasgas o coração para o sarar;
rompes a muralha da nossa fronte,
abrindo largas brechas com a luz do teu olhar,
Quem tu fixares com os pequeninos olhos,
cheios de mansidão,
gemerá para logo trespassado pela espada.

Tu és o JÁCULO
que nos cravas amorosamente o peito
e nos rasgas o coração para sarar;
rompes a muralha da nossa fronte,
abrindo largas brachas com a luz do teu olhar.
Quem tu fixares com os pequeninos olhos,
cheios de mansidão,
gemerá para logo trespassado pela espada.

Tu és LUA,
cujo resplendor desconhece fases,
enchendo perpetuamente o disco fulgurante.
tu luzes para os que andam em trevas,
iluminando-os serena na escuridão da noite.
Quem medir os passos pela tua luz
estará contente ao descambar da vida.

Tu és um MAR imenso:
maior que o imenso abismo, escondes em teu seio
exércitos inumeráveis.
Vagueiam entre os peixinhos os grandes cetáceos
e todos vivem seguros sob o manto que os cobre.
Aos teus domínios os bons se acolhem, e os próprios maus
quando suplicam a misericórdia
não os repeles.

Tu és a NAU
que nenhuma vaga do oceano arrasta,
que nenhum turbilhão dos ares despedaça.
em teu convés perfaz o navegante
tranqüila derrota
e pisa com o alvoroço o litoral da pátria

Tu és OBSTÁCULO
tu cerras as portas do santuário,
para que os touros indômitos não profanem
os sagrados altares.
A ti não forçarão jamais nem as portas do inferno
nem, com deslumbramentos, o pérfido heresiarca,
Fecha-nos, ó Mãe, com robustos ferrolhos,
as entradas do coração,
Para que só a Deus fiquem patentes.

Tu és o PORTO tranqüilo,
a enseada segura dos navios,
batidos pela fúria do mar enlouquecido.
eis que a minha barquinha,
a braços com medonha tempestade,
a ti se acolhe já ao pôr do Sol,
com o remeio alquebrado.
Agora que o mármore do mar se eriça contra os ventos
estende-se tua mão, Virgem bondosa,
para que não pereça.

És a QUADRIGA de Deus,
que incitada do justo furor divino
esmagas entre as rodas as falanges inimigas.
Com o escudo da fortaleza,
com o raio da irada justiça,
sepulta os exércitos que se erguem contra mim.

Tu és a ROSA,
que entre espinhos nasceste sem um risco
no esplendor eterno da eterna primavera.
Não te machuca o inverno com seu frio de agulhas,
nem te murcha o estio com um Sol de brasas.
Tua floração perpétua,
que há de consolar nossos primeiros pais,
ornará sempre nova seus últimos descendentes.

Tu és SELO, SINAL, SOL, SETA, SALVAÇÃO
da justiça, da fé, da luz, do amor, da terra!
Imprime, ó Mãe, tua justiça;
com o sinal da fé comanda os arraiais que pelejam;
derrama as riquezas da eterna luz;
e mostra ao mundo no Templo do Senhor
o caminho da salvação!

És o TETO protetor
contra o calor do Sol causticante,
contra o gelo do inverno e o frio da neve;
o Tecido de folhas,
em que Adão esconderá sua ignomína
e nossa mãe Eva cobrirá a vergonha do seu pecado.
Em ti, minha alma e corpo esfarrapados
acharão abrigo
e se tornarão agradáveis ao Criador
também teus filhos
tu castigas com golpes compassivos
e depois os acalentas com teu materno amor.

Ó VARA piedosa,
inclina-te freqüentemente sobre meu dorso:
ser-me-á doce suportar os golpes de tua mão.
Fere, não me perdoes;
Estão a pedir castigo minhas culpas. . .
Fere, não me perdoes; tudo contente sofrerei!
Se aos teus prediletos mais feres quanto mais amas,
fere-me sem medo,
para que eu seja restrição!
Bate-me! não temo sucumbir sob esta vara:
jamais alguém recebeu a morte de tua mão.
Tu castigas curando e curas castigando:
de tuas mãos escoa a vida pelos membros mortos.
Ó vara sagrada, crecerás sem medida
até tocar os astros com a ponta intata!

ANCHIETA
'De Beata Virgine Dei Matre Maria"
****

JOSÉ BONIFÁCIO
José Bonifácio de Andrada e Silva
Nasceu em 13 de junho de 1763, signo de gemeos,
na cidade de Santos, estado de São Paulo, Brasil.
Filho de Bonifácio José de Andrada e D. Maria Bárbara da Silva
Estudou em Coimbra, 1783, na Universidade de Coimbra,
Filosofia, Direito Civil e Ciências Naturais. Participa na fundação,
da "Academia de Ciências de Lisboa" 1789 e depois integra
a "Sociedade de História Natural de Paris" 1791.
Na França fez pós-graduação em Mineralogia, Universidade
de Paris(Sorbone). Estudou na Alemanha, Dinamarca,
Suécia, Noruega. Falava o Alemão e Francês fluentemente.
Partecipou na defesa da Invasão dos franceses, inclusive
de Coimbra, (1808-1810).
No Brasil, foi laureado com a "Ordem do Cruzeiro do Sul"
Por reconhecimento de seu trabalho em prol do Brasil,
todavia não aceita.


CANTOePALAVRAS

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Entre os frios Bretões e os Celtas duros
Reinaram as Camenas.
De pó, de sangue, de ignomínia cheios
Mostra os vencidos Ossian á Pátria;
E a fronte coroando
Canta os triunfos, canta a própria glória.

Qual das aves a mágica harmonia,
Que a primavera canta,
Assim teus feitos, grandes e sublimes,
No dia da vitória, Hercúleo Fingal,
Teus Bardos celebram,
E a festa sobrançuda desfranzias.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Não mil estátuas de fundido bronze,
Nem mármores de Paros
Vencem as iras de Saturno idoso:
Arrasam-se pirâmides soberbas,
Subterram-se obeliscos,
Resta um Ilíada, e uma Eneida resta!

Qual rouca rã nos charcos, não pretendam
De mim vendidos cantos
Se a Cítara divina me emprestarem
As Filhas da Memória, altivo e ledo,
A virtude cantando,
Entre os Vates também terei assento.

JOSÉ BONIFÁCIO
" Ode à Poesia" trechos
*
DOMINGOS BORGES DE BARROS
Nasceu em 1779, no estado da Bahia, Brasil.
Estudou na Universidade de Coimbra, Filosofia

Viajou o mundo, na volta ao Brasil se envolve
com política. . .
*
CANTOePALAVRAS
Poesias oferecidas às senhoras brasileiras
*(exemplar, "Biblioteca Nacional de Portugal",Lisboa), 1825;
Internet Site www.bnportugal.pt/biblioteca
Os Túmulos, 1850 . . .
*
I
Salve ó berço onde vi a luz primeira!
Risonhos montes, deleitosos ares!
Eu te saúdo ó pátria!
-
Como no peito o coração festeja!
Todo me sinto outro; são delícias
Quanto em torno a mim vejo.
-
Tem outro ar o céu, outro estas árvores!
Por onde adeja Zéfiro embalsama!. . .
Dá que te beije ó terra!
-
Dêste que só tu dás prazer, três lustros
Privado, qual proscrito arrasto a vida
Em forçados errores.
-
Oh quanto da ventua o ledo aspeito
Das passadas desgraças a lembrança
Nos apresenta viva!
-
Não houvera prazer se a dor não fora;
Perene fácil gozo, toma assência
Da fria indiferença.
-
Aqui foi que eu nasci, devo a existência,
Devo tudo o que sou a ti ó pátria!
Eis-me: é teu quanto valho.
-
É nos trabalhos que no peito ferve
O nobre patriotismo; o braço, o sangue
Aqui te entrego, ó pátria!
*
DOMINGOS BORGES DE BARROS
"Ao chegar à Bahia"
*
II
Ah! como foges mentirosa esperança!
O doirado futuro como embaça
O hálito da morte! Vãos projetos!
já da verdade o espelho formidável,
Mostra o que são da terra os bens caducos.
Que mais aspira o pai, que mais deseja?
No futuro morreu, morrendo o filho ! . . .
Himeneu que de flores coroado
Sua dita fazia, é seu tormento;
A dor lhe dobra da consorte as dores,
Fita a querida lamentosa espôsa,
Vê do filho as feições, não vê seu filho.
*
DOMINGOS BORGES DE BARROS
" Canto I " fragmento
Os Túmulos
*
JOÃO LUCIO
João Lúcio Pousão Pereira
Nasceu, em 1880. . .
Estudou na Faculdade de Direito, na Universidade de Coimbra. . .

CANTOePALAVRAS

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Há tanta sensação que não conheço,
Tanto vibrar de nervos que não sinto;
E, contudo, parece que os pressinto,
Apesar de ver bem que os desconheço.

A sensação que tem, à noite, o ar,
Quando o orvalho o toca, beijos d'água,
É, por ventura, irmã daquela mágoa
Que sente, quando chora, meu olhar?!

Tem, por ventura, alguma semelhança
A sensação dum cravo numa trança,
Com a ânsia de quem morre afogado?

E fico-me a pensar que sentirá
Uma vidraça quando o sol lhe dá
E a rasga à mão da luz, de lado a lado. . .

JOÃO LÚCIO
"Sensações Desconhecidas"
*

JOÃO JOSÉ COCHOFEL
João José de Mello Cochofel Aires de Campos
Nasceu, a 17 de Julho de 1919, signo de câncer,
em Coimbra, Portugal.
Formou-se em Letras , na Universidade de Coimbra. . .

CANTOePALAVRAS
Instantes, 1938; Búzio, 1940;
O Sol de agosto, 1941; Os dias íntimos, 1950;
Quatro andamentos, 1966. . .

I
Que vens aqui fazer, espírito velho
de tudo o que foi perdido
e nunca mais achei?

Então. . .
ainda eu olhava o mundo
com meus olhos de manhã azuis,
e nos lábios
havia ainda a ternura dos beijos moços
como a relva dos pradis.

Foi mais tarde. . .
que a vida me entardeceu.

(Tardes enevoadas e frias,
Abandonadas,
êrmas
tristes como eu. . .)

Foi mais tarde. . .
que a tal desgraça se deu. . .

JOÃO JOSÉ COCHOFEL
"Paraíso Perdido"

Búzio
*
FERNANDA BOTELHO
Maria Fernanda Botelho de Faria e Castro
Nasceu a 01 de dezembro de 1926, signo de capricórnio,
no Porto, Portugal. Estudou em Coimbra e Lisboa. . .
Publicou trabalhos em várias revistas. . .
CANTOePALAVRAS
As Coordenadas Líricas, 1951. . .
*
Negue-se o mundo a me dizer: sim!
Negue-se o ar da serra aos meus pulmões!
Fechem-se as janelas porque vim
interromper os solheiros e os pregões!
Neguem-me o passaporte
pra o estrangeiro!
Encontre-se sem norte
e sem dinheiro
(e desprevenidamente des-emotiva!)
frente às rodas paralelas
duma qualquer locomotiva,
ou entre elas,
ou melhor: debaixo delas!
- Por tudo encolherei os ombros
que, em suma, dizem crentes e descrentes.
a vida é feita de rombos e de tombos,
doença, hostilidade e guinchos de serpentes.
*
Mas tu - (Homem! Garra!
Sucesso! ou Vento! ou Amarra!
Vício alegre! ou Labirinto!
Bebedeira de abismo
Filhos!
E Deus neles!)
- não me negues
o tom simples
e às vezes reles
da tua voz pura-impura
com que segues
a minha vil e vã desenvoltura.
*
FERNANDA BOTELHO
"Poema"
Folhas de Poesia
***

MENDES CARDOSO
António Mendes Cardoso
Nasceu em 1936, Cabo Verde, África.
Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. . .
***
CANTOePALAVRAS
***
Na espuma verde
do mar
desenhei o teu nome,
***
em cada areia
da praia
em cada pólen
da flor
em cada gota
do orvalho
o teu nome
deixei gravado.
***
No protesto calado
de cada homem ultrajado
em cada insulto
em cada folha caída
em cada boca faminta
hei-de escrever
o teu nome.
***
Nos seis férteis
das virgens
nos sorrisos perenes
das mães
nos dedos dos namorados
no embrião da semente
na luz irreal das estrelas
nos limites do tempo
hei-de uma esperança semear.
***
MENDES CARDOSO
"Poema"
****

MANUEL ALEGRE
Nasceu 12 de maio de 1936.
Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra.
Dirigiu, o jornal "BRIOSA"
**
I
Que mil flores desabrochem. Que mil flores
(outras nenhumas) onde amores fenecem
que mil flores floresçam onde só dores
florescem.
-
que mil flores desabrochem. Que mil espadas
(outras nenhumas não)
Onde mil flores com espadas são cortadas
que mil espadas floresçam em cada mão.
-
Que mil espadas floresçam
onde só penas são.
Antes que amores feneçam
que mil flores desabrochem. E outra nenhumas não.
**
MANUEL ALEGRE
"Flores para Coimbra"
Coimbra nunca vista
**
II
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
com mãos se faz a guerra - e são a paz.
-*-
com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
-*-
E cravam-se no Tempo com farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
-*-
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

MANUEL ALEGRE
"As Mãos"
JOSÉ ANASTÁCIO DA CUNHA
Nasceu a 11 de maio de 1744, signo de touro
em Lisboa, Portugal.
Foi preso por várias vezes, pela Inquisição,
por ler, Hobbes, Rousseau, Voltaire . . .
Excepcional Matemático em 1773, Marquês de Pombal
nomeou-o Lente(professor) de Geometria
da Universidadede Coimbra.
*
CANTOePALAVRAS
Principios Matemáticos, 1790; A Voz da Razão, 1826;
Composições Poéticas, 1836 . . .
*
Amantes rouxinóis, que enterneceis
Com vossas queixas meu aflito peito;
Dizei-me, triste aves, se fazeis
No coração de Márcia o mesmo efeiro, -
De Márcia, por quem vivo, a quem adoro,
Por quem são estas lágrimas que choro.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Não foram estes campos venturosos,
Que alegre já pisei com Márcia amada?. . .
Não foi aquela fonte prateada
Que via os nossos prantos amorosos?
Ah! . . . Funestas imagens, quantos ais
Com lágrimas do peito me tirais!
Guiai-me, meus cordeiros,
Vamos buscando agora outros outeiros
Onde a vida alimente
De lágrimas, de dores, de suspiros.
Fujamos desta horrível solidão,
Que tanto me atribula o coração.
*
JOSÉ ANASTÁCIO DA CUNHA
" Recordações de um Objeto Ausente " (fragmentos)
Composições Poéticas


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