domingo, 9 de novembro de 2008

200 - 02 "TROVAS, PROVÉRBIOS, DITADOS POPULARES PORTUGUESES "

Canjirão de faiança(barro), Aveiro, Portugal.

.-***-.
++++
Sou gaivota, sou gaivota,
E venho da beira-mar;
Trago cantigas na boca
P´ra quem não souber cantar.
*
A cantar ganhei dinheiro,
A cantar se me acabou;
Bens que traz a enxurrada,
Água os deu, água os levou.
*
Não quer o Sol que o Céu ande
Às escuras um momento;
Morre o Sol, mas deixa ao Céu
O luar em testamento.
*
(TROVAS POPULARES PORTUGUESAS)
*
N.B. "AS OBRAS FALAM E AS PALAVRAS CALAM."
*
otão. . TTuas mãos são puras neves.
Teus dedos lindas "felores",
Teus braços cadeias de oiro,
laços de prender amores.
*
Toma lá, da cá.
*
Quem não semeia não colhe.
*
Salsa da beira do rio,
alecrim da outra banda.
Hei-de vencer os teus olhos,
inda que eu corra demanda.
*
Saber não ocupa lugar.
*
Quem não pergunta, não quer saber.
*
Nunca faças nada, sem consultar.
*
Pode limpar as mãos à parede.
*
De grão a grão a galinha enche o papo.
*
Dar com os burros n'água.
*
Abelha rainha(mestra), não tem sesta, e se tem, pouca e depressa.
*
O cravo bateu na rosa,
a açucena vai jurar.
Ó que lindo juramento
a açucena tem p'ra dar!
*
Todos os caminhos levam a Roma.
*
Quem tem boca vai a Roma.
*
Trazes um cravo ao peito?
Eu nem uma rosa tenho!
Andavas p'ra me enganar. . .
Quando tu vais, eu já venho.
*
O cravo depois de seco
foi-se queixar ao jardim;
a rosa lhe respondeu;
Tudo o que nasce tem fim!
*
Daqui para a minha terra
tudo é caminho chão:
tudo são cravos e rosas
plantados por minha mão.
*
Cravos brancos são beijinhos;
eu tantos te tenho dado. . .
Hoje estou arrependido;
meu coração 'stá virado.
*
Lindo cravo, linda rosa,
linda flor do meu jardim!
As falas que dás às outras
são desgosto para mim!
*
No meio do mar 'stão rosas,
eu bem lhes vejo os botões;
eu bem vejo caras lindas;
mas não vejo corações. . .
*
Fiz a cama na varanda,
esqueceu-me o cobertor;
deu o vento na roseira,
cobriu-me toda de flor.
*
De encarnado veste a rosa,
de verde o mangericão,
de branco veste a açucena,
de preto meu coração. . .
*
De hora a hora Deus melhora.
*
Deus dá a roupa, conforme o frio.
*
Antes marido feio e laborioso, que bonito e preguiçoso.
*
Grandes árvores dão mais sombra, que fruto.
*
Aceita sem receio, Azeite de cima, Mel de fundo, Vinho de meio.
*
Não me cortes a oliveira,
nem lhe ponhas o machado,
que é o que dá azeite
p'ra alumiar ao Sagrado.
*
Azeitona miudinha
que azeite pode render?
Homen pequeno, sem barba,
que respeito pode ter?
*
Os olhos da minha amada
são duas azeitoninhas:
fechados, são dois botões,
abertos, duas rosinhas.
*
Ó ciranda, cirandinha,
Vamos nós a cirandar;
Lá no tempo da azeitona
Anda a ciranda no ar.
*
A oliveira que chora,
Decerto está magoada;
Varejaram-lhe a azeitona,
Deram-lhe basta pancada!
*
Verde foi meu nascimento,
e de luto me vesti,
para dar luz ao mundo,
mil tormentos padeci.
"Azeitona"
*
Lutos são trajos meus,
Duro é o meu coração;
Com as gotas do meu sangue
As trevas fugindo vão.
Quem sou eu?
"Azeitona"
*
A oliveira do adro,
Ramo dela tem virtude;
Passei por ela doente
E logo tive saúde.
*
Eu não sei que diz o Sol,
que não dá na minha rua:
hei-de me vestir de preto,
que, de branco, anda a Lua. . .
*
Subi ao céu e sentei-me,
duma nuvem fiz encôsto;
dei um beijo numa estrela,
cuidando que era em teu rosto.
*
Ó Luar, alumiai-me!
Ó Estrela, dai-me luz!
Eu quero ir ao serão
ao S. Tiago da Cruz.
*
Ó Luar da meia noite!
Tu és o meu inimigo:
'stou à porta de quem amo,
não posso entrar, contigo. . .
*
Estrelinha da manhã,
'spera por mim, que já vou;
'spera p'ra me aluminar,
já que o luar acabou.
*
O Sol posto, já é noite,
menina, vá-se deitar,
que eu vou fazer o mesmo,
que tenho de madrugar.
*
Vou cantar uma cantiga
agora ao nascer do Sol;
puxa lá pelo teu livro,
eu puxo pelo meu rol.
*
É noite, o Sol está posto,
menina, vamos à ceia!
São horas de recolher
quem é de foa da aldeia.
*
É noite, o Sol está posto
menina, vamos esmbora!
São horas de recolher
o canário à gaiola.
*
Não cresce mingua.
*
A pensar, morreu um burro.
*
Cavalo dado, não olham os dentes.
*
Anda direito, se queres respeito.
*
Alcança, quem não cança.
*
Adivinhar é bom, mas saber é melhor.
*
Macaco velho, não põe o pé em galho seco.
*
Gato escaldado, da água fria tem medo.
*
Quem te viu, quem te vê.
*
Antes burro vivo, que letrado morto.
*
Ofende os bons, quem poupa os maus.
*
Quem brinca com o fogo, acaba se queimando.
*
Saco vazio, não fica de pé.
*
Ainda que enterrem a Verdade, não sepultam s Virtude.
*
O Amor é como a Lua, cresce ou mingua.

*
Deitei a galinha choca
com vinte ovos ao pé;
cada ovo vinte pintos,
diga-me que conta é.
*
Essa conta manatinha,
é bem boa de somar;
serão quatrocentos pintos,
se nenhum ovo gorar.
*
Que passarinho é aquele
que canta na carvalheira?
É o galo do abade,
que fugiu da capoeira.
*
Aí vem comboio novo,
vem cheio de bandeirinhas!
Alegrai-vos, raparigas,
batei palmas e palminhas.
*
O rouxinol é vadio,
faz a cama onde quer;
é como o rapaz solteiro,
enquanto não tem mulher.
*
Uma andorinha não faz o Verão.
*
Quem pelo Alecrim passou, e um raminho não apanhou,
do seu amor não lembrou.
*
Carne de ontem, peixe de hoje.
*
Vinho de outro Verão, fazem o homem são.
*

Vindimas, Portugal.
*
Já comi e já bebi,
Já molhei minha garganta;
eu sou como o rouxinol -
quando bebe, logo canta.
*
Se maior fosse o dia, maior era a Romaria.
*
Quem quer vai, e quem não quer manda.
*
Pela manhã, se começa os bons dias.
*
Cantam os melros, calam-se os pardais.
*
Ó minha pombinha branca,
empresta-me o teu vestido!
Inda que seja de penas,
Eu em penas tambem vivo. . .
*
Papagaio, pena verde,
que canta no meu jardim;
todas as penas acabam,
só as minhas não tem fim.
*
Papagaio das tres penas,
dá-me uma pena da asa;
quero escrever ao amor,
a pena ficou-me em casa.
*
Que passarinho é aquele
que passa o rio e não bebe?
Leva o bico fechado,
por causa do ar da neve.
*
Fui branca de nação
E mais tarde mudei de cor
Fui roubada sem ser sentida
P'ra enriquecer meu senhor
"Abelha"
*
Um convento, bem fechado.
Que não tem sinos nem torres,
Com muitas freiras dentro.
E todas fazem doces.
"Abelha"
*
Ó mar largo, ó mar largo,
ó mar largo sem ter fundo!
Mais vale andar no mar largo
do que nas bocas do mundo.
*
Trovoadas nos montes, levam moinhos e pontes.
*
Quem tem casa na praça uns acham altas, outros baixas.
*
De mal a pior
*
Trazer o Rei na barriga.
*
O Sol quando nasce é para todos.
*
Quem quer a sardinha assada, chega-lhe a brasa.
*
Voz do povo, voz de Deus.
*
O segredo é a alma do negócio.
*
Água mole em pedra dura tanto dá até que fura.
*
Quem dá aos pobres, empresta a Deus.
*
Se um não quer, dois não brigam.
*
Tristezas, não pagam dividas.
*
O seguro morreu de velho.
*
Uma coisa é ver, outra é ouvir.
*
O trabalho não mata ninguém.
*
O sono é bom companheiro.
*
Teima mas não aposte.
*
Quem muito promete, pouco dá.
*
Tal pai, tal filho.
*
Sem tempo , nada se faz.
*
Quem nasceu para burro, nunca chega a cavalo.
*
Cão que ladra não morde.
*
A ociosidade, é a mãe de todos os vícios.
*
Todas as flores do ano
cativa o mês de Janeiro,
Em chegando Abril e Maio
Saem do seu cativeiro.
*
As andorinhas no Inverno
andam longe passeando,
Deixem vir a Primavera,
Que elas se virão chegando
*
Não canto por bem cantar,
Nem por bem cantar o digo;
Só canto para aliviar
Penas que trago comigo.
*
Tudo o que é verde seca
Lá no pino do Verão;
Tudo torna a renovar,
Só a Mocidade não.
*
A cada boca, uma sopa.
*
Da mão à boca, se perde a sopa.
*
Água fervida, tem mão na vida.
*
Livra-te de máu vizinho, e de excesso de vinho.
*
A laranja de manhã é ouro, ao meio dia é prata, à noite mata.
*
A Laranja quando nasce
O rouxinol a namora,
Anda de folhinha em folha,
Dá-lhe um beijo e vai-se embora.
*
Laranjeira do pé de ouro,
Deita raminhos de prata;
(O tomar amores não custa,
Deixá-los é que nos mata.
*
Não há bebida melhor
do que um copo de bom vinho,
Nem há cantiga mais linda
que nosso vira do Minho.
*
Quem canta seu mal espanta,
Quem murmura penas tem;
Vale mais andar cantando
Que murmurar de ninguém.
*
Tal filho, tal pai.
*
Devagar se vai ao longe.
*
Andar de mal, a pior.
*
Melhor prevenir, que remediar.
*
Gosto, não se descute, se lamenta.
*
A gente vê caras, mas não vê corações.
*
Vê-lo com os olhos, e comê-lo com a testa.
*
Quem é vivo, sempre aparece.
*
Promessas, não pagam dividas.
*
Devagar, que eu estou com pressa.
*
Perguntar não ofende.
*
O que é barato sai caro, e o que é bom custa dinheiro.
*
A falar é que a gente se entende.
*
Pelo cão se respeita o patrão.
*
Papagaio come o milho, periquito leva a fama.
*
Quando o Sol nasce é para todos.
*
Antes de entrar, pense na saida.
*
Deus dá o pão, mas não amassa a farinha.
*
Deus escreve direito, por linhas tortas.
*
Deus por todos, e cada um por si.
*
Olho por olho, dente por dente.
*
Pão pão, queijo queijo.
*
Tudo como dantes, no quartel de Abrantes.
*
A desgraça nunca vem só.
*
Quem escorrega também cai.
*
Uma flor não faz a Primavera.
*
Tres coisas destroem o homem:
Muito falar e poco saber,
Muito gastar o pouco ter,
Muito presumir e poco valer.
*
Saber não ocupa lugar.
*
Quem foi ao vento, perdeu o assento.
*
Quem foi ao mar, perdeu o lugar.
*
Toda pergunta tem resposta.
*
Um por todos e todos por um.
*
Quem tem pressa vai andando.
*
Quem tem cú, tem medo.
*
A corda quebra, sempre pelo lado mais fraco.
*
O mar não está para peixe.
*
Tres a conta que Deus fez.
*
Das grandes ceias estão as sepulturas cheias.
*
Quem semeia, colhe.
*
Repreensão bem dada, é palavra abençoada.
*
Todos os rios correm para o mar.
*
Quem tudo quer, tudo perde.
*
Vão-se os aneis, e fiquem os dedos.
*
Quem rouba ladrão, tem cem anos de perdão.
*
Obras falam, palavras calam.
*
Cão que ladra, cão que me guarda.
*
Cão velho que ladra, dá conselhos.
*
Queijo de ovelha, manteiga de vaca, leite de cabra.
*
De manhã, se começa o dia.
*
Cair não é tropeçar.
*
Por cima do comer nem um subscrito ler.
*
Antes homem sem dinheiro, que dinheiro sem homem.
*
Mede o passo, conforme a perna.
*
A quem trabalha, Deus madruga.
*
Ter os olhos maiores que a barriga.
*
Casa onde não tem cão nem gato, é casa de velhaco.
*
Manda quem pode, obedece quem deve.
*
Ajuda-te, que Deus ajudará.
*
Depois da tempestade, vem a bonança.
*
Mais vale um pássaro na mão, que dois a voar.
*
A quem não fala, Deus não ouve.
*
Ano mau, tem dias longos.
*
Caro é barato, e barato sai caro.
*
Duas mães com duas filhas
Vão à missa com três mantilhas.
"Avó"
*
Muita parra e pouca uva.
*
Queres ver o porvir? Olha passado.
*
Boa de mel, coração de fel.
*
Pelas obras e não pelos vestidos, são os homens conhecidos.
*
Quem vícios há, tarde os perderá.
*
Bom saber é calar até ser tempo de falar.
*
Vai subindo lentamente,
só assim serás alguém,
que quem sobe de repente
raramente sobe bem.
-
Quando os homens se convençam
que à força nada se faz,
serão f'lizes os que pensam
num mundo de amor e paz.
*
António Aleixo
"Quadras"(fragmento)


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