domingo, 18 de janeiro de 2009

185 - 11 " NEGRAS CAPAS . . . POETAS DE COIMBRA "



CRISTOVÃO DE ALBUQUERQUE

Ó vinho, licor famoso,
A ventura devo-a ti.
Quando hoje no mundo gozo!
Quando outr'ora padeci!

CRISTOVÃO DE ALBUQUERQUE
" O Bêbedo "


D. AMÉLIA JANNY

A capa dos estudantes
É como um jardim de flores
Toda cheia de remendos,
Cada um de várias côres!. . .

D. AMÉLIA JANNY
" Sem Título "


JOÃO ANTUNES
João Augusto Antunes
(Joam Antunes)
**
Tenho aqui, em Coimbra, uma fábrica,
Dirigida por lentes, reitor
Em que faço, por ano, sem falta
Bacharéis, uns noventa. . .a vapor!

JOÃO ANTUNES
"Sem título "


GREGÓRIO DE MATOS
Gregório de Matos Guerra
Nasceu a 07 de abril de 1623, signo de áries,
Salvador, capital do Estado da Bahia, Brasil.
Filho de português e baiana, irmão de
Eusébio de Matos, estudou num colégio de
Jesuitas, em Salvador. estudou na
Faculdade de Direito, na Universidade de Coimbra(1661). . .
Faleceu em 1696, Recife, Estado de Pernambuco, Brasil.

CANTOePALAVRAS
Sacra; Lírica; Graciosa. . .
*
I
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado,
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mim abundante.
-
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante.
-
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
-
On, se quisera Deus, que de repente,
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

GREGÓRIO DE MATOS
"À Cidade da Bahia" (fragmento)
*

(Mais Poemas . . ."Os Eternos Momentos de Poetas e
Pensadores da Língua Portuguesa", pág.16.
CAMILO PESSANHA
Camilo d'Almeida Pessanha
Nasceu em07 de setembro de 1867, Coimbra, Portugal.
Filho de capa negra e uma tricana.
Estudou Direito, na "Universidade de Coimbra",
Estilo Simbolista.
Faleceu em 01 de Março de 1926, Macau.
*
CANTOePALAVRAS
Clepsidra (nome de um relógio d'água), 1944;
 Moisés. . .
*
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
- Perdida voz que entre as mais se exila,
- Festões de som dissimulando a hora.
-
Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora. . .
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.
-
E a orquestra? E os beijos?Tudo a noite, fora,
-
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil. . . Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora. . .
*
CAMILO PESSANHA
"Ao Longe os Barcos de Flores"
*
(Mais Poemas . . ."Os Eternos Momentos de Poetas e
Pensadores da Lingua Portuguesa", pág.119.

ANTÓNIO DE NAVARRO
António de Albuquerque Labatt de Soutomaior
Navarro Andrade
Nasceu em 1902, Vila Sêco, Nelas, Portugal.
Faculdade de Leis da Universidade de Coimbra.
Participou da revista "Presença". . .

CANTOePALAVRAS
Poemas de Àfrica, 1941; Ave do Silêncio, 1942;
Poema do Mar, 1958;
Águia doida - Poemas de Àfrica, 1962. . .
*
I
Uma nota solta
De não sei que música
Vagueia flor em flor
Como abelha de som.
-
Não lhe sei a cor,
Não lhe sei o tom,
- Deve ser esquiva e nívea
E faltar com certeza
-
Ao compositor e poeta
Que sonhou a perfeição
E a beleza
Sem mácula, que lhe adoece
De buscar o coração.
-
Ah, se ela quisesse
Aninhar-se na minha alma!. . .
*
ANTÓNIO DE NAVARRO
"Poema XVI"
Ave do Silêncio


ANTÓNIO FERREIRA
Nasceu em 1528, Lisboa, Portugal.
Estudou Direito Canônico, na
Universidade de Coimbra,1537, onde lecionou. . .
Estilo Renascentista.

Faleceu em 1569, Lisboa, Portugal.
*
CANTOePALAVRAS
Poemas Lusitanos, 1598; Bristo e Cioso; A Tragédia em Verso; Castro. . .
*
I
Aquela nunca vista fermosura,
Aquela viva graça, e doce riso,
Humilde gravidade, alto aviso,
Mais divina, qu'humana Real brandura.
-
Aquela alma inocente, e sábia, e pura,
Qu'entre nós cá fazia um paraíso,
Ante os olhos a trago, e lá a deviso
No Céu triunfar da morte, e sepultura.
-
Pois por quem choro, triste? Por quem chamo
Sobre esta pedra dura a meus gemidos,
Que nem me pode ouvir, nem me responde?
-
Meus suspiros nos Céus sejam ouvidos;
E em quanto a clara vista se m'esconde,
Seu despojo amarei, amei, e amo.
*
ANTÓNIO FERREIRA
"Outro"
Poemas Lusitanos

(Mais Poemas . . ."Os Eternos Momentos de Poetas e
Pensadores da Língua Portuguesa", pág.13.
*
MANUEL RUI
Nasceu em 1941, Nova Lisboa, Angola, África.
Cursou Direito, na Universidade de Coimbra. . .
*
CANTOePALAVRAS
A Onda, 1973. . .
*
Uma onda
é amar-te e medo
ciúme deste mar
tan-tan do meu naufrágio
numa canoa de pétala
de acácia.
-
Ima jangada
que me tragas feita
de troncos de palmeira
ou de um barco de negreiros
afundado
e dentro de uma concha
uma notícia.
-
Amar-te é esta distância
e junto ao mar
senti-lo viajado
azul e com estrondo
-
Amar-te é uma fogueira
sobre a onda
sítio de uma lavra
de molho ou mandioca
na areia que me foge
sob a espuma.
-
Amar-te é isto
com o teu perdão
não agarrar a onda
e mastigar-lhe o sal
que apenas sei
ter já beijado
a tua praia.
-
Uma onda
que penso.
Outra em que reparo.
A mesma em que pensei
e que retorna ao mar.
-
Porque ficar a onda
- o impossível (dizem que não havia
mar
remos de Sol
nem barcos afundados).
*
MANUEL RUI
"Uma Onda e África"
A Onda

(Mais Poemas . . ."Os Eternos Momentos de Poetas e

Pensadores da Lingua Portuguesa", pág.175).

DOMINGOS CALDAS BARBOSA

Lereno Selenutino (pseudónimo)

Nasceu ou 1739, ou 1740 (?), no Rio de Janeiro,

Brasil. filho de português e mão escrava

angolana.

Estudou na Universidade de Coimbra, 1763.

Criador da "Modinha Mulato Brasileiro".

Percursor de Modinhas e Lundus( foi a base do samba).
Excelente instrumentista principalmente com a "Viola
de Arame". Patrono da "Academia Brasileira de Música".
Estilo Arcadista.
*
CANTOePALAVRAS
Viola de Lereno; Poesia Brasileira Colonial;
Almach das Musas. . .
*
Uma menina
quer que lhe eu dê
Lições de amores
Por A B C:
-
A - é amante
Não ardilosa.
B - é benigna
Não boliça.
C - é constante
Não curiosa.
Tome, menina,
Lição gostosa.
-
Uma menina
Quer que lhe eu dê
Lições de amores
Por D E F :
-
D - delicada
Não desdenhosa.
E - engraçada
Não enganosa.
F - fiel
Não furiosa.
Tome, menina,
Lição gostosa.
-
Uma menina
Quer que lhe eu dê
Lições de amores
Por G J L ;
-
G - é galante
Mas não gulosa.
J - é ser justa
Não invejosa.
L - leal,
Não lacrimosa.
Tome, menina,
Lição gostosa.
-
Uma menina
Quer que lhe eu dê
Lições de amores
Por M N O
-
M - é ser meiga
Não mentirosa.
N - andar nédia,
Não enojosa.
O - obediente,
Nunca orgulhosa.
Tome, menina,
Lição gostosa.
-
Uma menina
Quer que lhe dê
Lições de amores
Por P Q R
-
P - é prudente,
Não preguiçosa:
Q - é quieta,
Nada queixosa.
R - risonha,
Não rigorosa.
Tome, menina,
Lição gostosa.
-
Uma menina
Quer que lhe eu dê
Lições de amores
Por S T V
-
S - é sincera,
Não suspeitosa.
T - é ser terna,
Nunca teimosa.
V - verdadeira
Nada vaidosa.
tome, menina,
Lição gostosa.
-
Uma menina
Quer que lhe eu dê
Lições de amores
Por X Z
-
X - xocarreira,
Pouco xorosa.
Z - zombateira,
Pouco zelosa.
Tome, menina,
Lição gostosa.
-
Uma menina
Quer que lhe eu dê
Lições de amores
Por A B C
-
Depois das letras
Bem decorar,
Quer que lhe ensine
A soletrar?
Tome sentido,
Vá devagar;
A. M. A. R.
Soletre amar.
-
Quero ensiná-la
Tim-tim por tim-tim;
E lições dar-lhe
Até ao fim.
Olhe, menina,Bem para mim,
S, I. M.
Diga-me sim.
-
Mas se lhe fala
Um maganão,
Então é outra
Nova lição:
A mão levante,
Dê bofetão.
N. Ã. O.
diga-lhe não.
*
DOMINGOS CALDAS BARBOSA
"Modinha do A B C de amor"
Viola de Lereno


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